segunda-feira, abril 25, 2005

O meu último post sério sobre futebol

Eventuais textos que publique sobre o autoproclamado 'desporto rei' (laugh) constituirão somente provocações aos lagartos.
Isto porque não adianta. Falar de futebol é, a meu ver, uma das mais perfeitas perdas de tempo (prefiro debater o sexo dos anjos). Visionava há momentos os programas sobre o campeonato português da 'emissora católica' - que, diga-se de passagem, são uma merda. No entanto, o fórum foi interessante para confirmar uma velha teoria, formada quando, há anos, assisti a uma discussão entre dois amigos, um lampião e um lagarto, a propósito de um Sporting-Benfica ao qual tinham assistido juntos, lado a lado, na mesma mesa do mesmo café aqui da aldeia, sendo que na troca de palavras cada um 'argumentava' que a sua equipa tinha sido prejudicada pela arbitragem - roubada, portanto. As pessoas não conseguem discutir futebol de forma minimamente parcial. Ponto. Nada mais a dizer. Pior: desculpam sucessivamente os maus resultados da sua equipa com as exibições dos árbitros. Tecnicamente, já nenhuma equipa joga mal. Os árbitros é que, a mando de 'certos e determinados' dirigentes, promovem autênticos roubos de igreja, para prejudicar algumas equipas, levando outras ao colo - parece que, na má-língua recorrente, é o Benfica o empurrado desta época.
Primeiro ponto: o árbitro é, antes de mais, um ser humano. Tão simplesmente um ser humano. Tudo bem, admito que já vi jogos no mínimo escandalosos. E que por vezes se nota alguma dualidade de critérios no momento de exibir as cartolinas coloridas. No entanto, todos os críticos de sofá e de mesa de tasca deste país se esquecem de um pormenor: no conforto dos lares, ou por entre o fumo e o cheiro a bagaço do pasquim, existem câmaras como extensão do sentido da visão (coisa à là McLuhan). Câmaras que permitem ver jogadas em câmara lenta, de trás para a frente, de ângulo invertido. Que permitem congelar a imagem e ampliar detalhes. Ora o árbitro e os fiscais de linha não dispõem destes artifícios - apenas da sua visão momentânea e evanescente. E de um julgamento pronto dessas fugazes observações. Ou seja, aquilo a que muitas vezes o povo chama de 'roubos' são somente erros por má visão de um lance mais rebuscado.
Ao fim de anos a levar com esta merda de retórica, fico cansado. E ouvi-la de forma tão brejeira como hoje no fórum da TVI tive a oportunidade de ouvir nem me fez rir. Dá que pensar. A forma intransigente, exaltada e evidentemente obcecada como as pessoas falam de futebol dá quase para pensar que os jogos interferem directamente na vida de cada um - o que, for Christ's sake, não acontece. É apenas um jogo - Uns ganham, outros perdem. O que não existe em lugar nenhum é desportivismo.
O que quer dizer que a partir de hoje só vejo a liga inglesa e que, oficialmente, torço ou pelo Chelsea ou pelo Manchester. Não sei se o futebol inglês é mais ou menos rico que o português nestes casos, e sinceramente não quero saber. Quero é estar suficientemente longe para não levar com as polémicas a toda a hora.
João Campos