quarta-feira, outubro 26, 2005

Lembrei-me há pouco:

retiro o que disse há bocado. A analogia feita neste blog, dito não oficial, entre Soares e o Super Mário, não é de todo ridícula, mas ironicamente acertada. Note-se que o célebre canalizador na Nintendo celebrizou-se no GameBoy, nas primeiras consolas Nintendo e, convém não esquecer, naquelas consolazitas de treta que se vendiam (e talvez se vendam ainda) nas feiras. Isto nos anos 80, período da revolução gráfica dos videojogos. O canalizador bonacheirão tornou-se no rosto da Nintendo, tal como anos mais tarde a Sega havia de celebrizar o ouriço azul Sonic. Mas ambos entraram em declínio à medida que os anos 90 avançaram e a caixinha cinzenta da Sony arrasou o mercado - sem nenhum rosto visível, apesar de Crash Bandicoot, Lara Croft (Tomb Raider), Jill Valentine (Resident Evil), Tiffa Lockheart e Squall (Final Fantasy) terem representado muito bem a marca japonesa. Tanto Mário como Sonic foram mais ou menos ressuscitados no final dos anos 90 com o aparecimento das consolas de 64 bits, mas o surgimento das 128 bits acabariam por assinalar o seu fim. A Sega abandonou o mercado de consolas e o ouriço ficou órfão. O Super Mário ficou perdido pela Nintendo, e é para os miúdos que agora se iniciam no mundo dos videojogos o mesmo que o célebre Pong é para mim: um mito.
A ironia é que, em termos de política activa pós-25 de Abril, Mário Soares notabilizou-se sobretudo nos anos 80, quando iniciou a sua primeira presidência. Saiu do poleiro e desapareceu. A sua passagem pela comissão europeia foi uma tentativa de ressureição a 64 bits. Esperemos que tenha sido a última. Como a do canalizador.
João Campos