terça-feira, novembro 29, 2005

Autodeterminação dos animais

Este texto de Henrique Raposo fez-me pensar. Não pela primeira vez - o João Pereira Coutinho, em várias crónicas, já tinha escrito sobre o tema, e com uma opinião semelhante.
1) Lamentavelmente, não tenho aqui um dicionário. Mas creio que para se ter direitos é necessário lutar por eles, não? E defendê-los. Adoro animais, mas não estou a ver o Eustáquio (o meu cágado) a argumentar comigo as suas refeições, ou as suas condições de hibernação. Na minha concepção, o Eustáquio não tem direitos. Eu, sim, tenho o dever de o alimentar, de lhe dar mimo, de o deixar andar à vontade por entre os espinafres e os rabanetes do canteiro da minha mãe, de lhe trocar a água e de lhe dar uns trapinhos quentinhos e fofos para ele hibernar de forma confortável.
2) Autodeterminação dos animais: poupem-me. Qualquer dia temos animal parades, não?
3) Mas mesmo que os animais tenham, efectivamente, direitos: a sua liberdade acaba onde começa a do próximo. Logo, e mesmo que uma revisão constitucional conceda igualdade de direitos aos amigos de quatro patas, os lulus das tias de Campo de Ourique não têm o direito de cagar nas calçadas, porque isso condicionará a minha liberdade de andar descansado pelo passeio. Ou será esta uma daquelas igualdades que quer mais direitos que os antigos "opressores"?
João Campos