segunda-feira, maio 09, 2005

Relativismo tolerante ou tolerância relativa?

O que vou dizer, devido à minha jovem idade e manifesta ignorância no que à política (e à economia) concerne, provavelmente será uma enormidade. Mas um ano e meio de blogosfera mostram coisas demasiado... enfim falta-me o adjectivo. Adiante. Quando digo que em questão de ideais políticos estou mais à direita que à esquerda, há quem se benza três vezes e faça o sinal da cruz a olhar para o céu. Como é possível, um jovem culto e esclarecido (as palavras não são minhas) ser fascista?
Não sei se João Miranda é de direita (apesar de suspeitar). Apenas sei que é liberal, e esse é um dos motivos pelos quais é o prosador político que mais gosto de ler na blogosfera. Gosto das ideias e da forma como são expostas. E os seus artigos, com os respectivos comentários, dão para perceber o que distingue a direita e a esquerda. Não é a oferta ou a procura, o económico ou o social. É a tolerância. Ou o julgar-se tolerante.
Escreve João Miranda, com o título O contributo dos soldados nazis para a democracia:
Não esquecer que os soldados nazis também ajudaram as democracias ocidentais ao retardarem o Exército Vermelho. Se eles não tivessem resistido na frente leste durante os meses que se seguiram ao dia D, teriam sido implantadas ditaduras comunistas de Lisboa a Vladivostok.
Prosa curta, clara, sem manifestação de ideal ou de sentimento - apenas, no meu entender, uma visão sobre um facto, sobre um acontecimento. Sem considerar ideais da época, motivações e outras pulsões conscientes ou inconscientes. E tais palavras geram, entre outros, estes mimos:
É notável a imbecilidade do cavalheiro!
Pior que imbecil!... Um autêntico idiota...Não é possível a imoralidade do post! (imoralidade? quem nunca pecou...)
(...) É uma frase de antologia, apenas digna de quem continua com o cérebro com ligação directa ao intestino grosso!...E que mais eles retardaram eles seu idiota?
É por tiradas deste género que os liberais são tratados como idiotas. (...)
Tenham juízo!
(...) Mas esse não sabe a História como o sabe o João Miranda, uma coisa assim a dar para a estupidez. (...)
(...) A sua frase é tão mais imbecil ou idiota, dado que os Nazis foram "apenas" o início de tudo! (...)
(...) Com essa cabeça conspurcada imagina-se o mau hálito que dela emana.O cavalheiro J. Miranda nem é um imbecil, já nem sequer idiota, é um ser nojento repugnante que causa repulsa a cada frase que profere, pior ainda que o seu hálito já por si, asqueroso!
(...) Uma coisa é o modo pragmático e racional de interpretar os aconteciementos, outra bem difrente é o modo imbecil e desleixado....
Simplesmente patético. (...)
Adiante, que a lista continua, e já abusei em termos de espaço. Talvez seja exagero meu colocar estes iluminados senhores à Esquerda. É uma dedução, sem consequência nem preocupação de estar certa ou errada. Não pretendo defender uma tese. Apenas exemplificar que já não se sabe discutir, no bom sentido da palavra. Para quê pensar e argumentar logicamente, quando insultar é muito mais fácil e enche o ego na hora? Nisto a esquerda é pródiga, e a blogosfera está repleta de exemplos. Pergunta: onde está a sua tão aclamada tolerância?
João Campos