domingo, setembro 18, 2005

Educação

Talvez a Maria Helena me possa ajudar nesta discussão. Surgiu a propósito de nada que lhe tivesse respeito neste post do amigo Azurara. Entre muitas ideias, falou-se da educação dos alunos.
A minha observação em muitos anos de ensino do lado dos aprendizes ensinou-me que cada vez mais os professores serem mais do que isso mesmo - professores. Na escola, eles têm de ensinar aos alunos conceitos que seriam da obrigação dos pais, e da família. Sim, porque a família é o primeiro grupo em que a criança se insere. Não a escola.
A forma como a educação parental se processa - ou não se processa - nos dias de hoje é curiosa. Há muito que os pais se demitiram da educação dos filhos. Agora compra-se essa educação. Com mil e um luxos que as crianças pedem e aos quais os pais acedem por pura conveniência. Fazem os miúdos felizes e ficam sempre com o argumento "sempre te dei tudo o que me pediste" quando as crianças se tornam em adolescentes problemáticos e compreendem que sempre tiveram tudo menos amor e compreensão.
Para quem sobra o acto de ensinar o elementar, o que se aprende antes de ir para a escola? Para os professores, que têm de ensinar às crianças valores e conceitos que os pais já deviam ter ensinado - mas que não o fizeram, porque compraram com prendas materiais o tempo que não passam com os seus filhos.
Qual é o resultado? Dê-se um passeio por zonas onde existam escolas em Lisboa e veja-se. Adolescentes mimados e fúteis, que não fazem a mais pequena ideia de que existe um mundo para além das camisas de marca e das conversas idiotas. Jovens sem formação nenhuma que se julgam donos e senhores da razão e do mundo. O pior de tudo é que neles reside o futuro.
Podem dizer que este problema acontece em todo o mundo. Verdade. Mas nem por isso deixa de ser um problema.
João Campos