quinta-feira, julho 06, 2006

Eficácia

Agora fala-se em vitória nos media, depois da derrota em campo. Mas em quais media? Nos europeus, que olham para a selecção portuguesa com desdém, acusando-os (com alguma razão, e ontem foi triste) de fiteiros e de simularem faltas? Ou quando argumentam, com alguma razão, que chegámos onde chegámos sem fazermos grandes exibições? Salve-se o Ricardo, pois claro.

Do jogo de ontem, não há muito a dizer. Não sendo intencional, o lance do Ricardo Carvalho era penalty. E a mim custa-me mais o lance ter o Ricardo Carvalho envolvido do que o golo em si, já que ele foi, muito provavelmente, o melhor jogador da selecção portuguesa a todos os níveis, e sem dúvida um dos melhores defesas do Mundial. Se um lance idêntico era ou não penalty na área gaulesa... não sei nem me interessa. Não aconteceu. Os outros, foram as fitas do costume. Porque hoje em dia os jogadores de futebol em geral e os portugueses em particular são meninas autênticas, que em vez de correrem para a bola, atiram-se para o chão ao primeiro contacto. Esquecem a bola. Definitivamente, vou converter-me ao rugby.

A França não jogou nada? Pois não. E nós, jogámos? Não. Ou seja, a França, a juntar à sorte que teve, a ganhar jogou o suficiente para não perder. Portugal a perder não jogou sequer o suficiente para empatar. Muitos portugueses diziam que lhes importava mais a eficácia do que o jogo bonito. Ironia das ironias, foram derrotados pela mesma eficácia. A vida tem um irónico sentido de humor.

Enfim. Resta o jogo dos tristes, no sábado. E resta a Itália. Não é apenas anti-francesismo. Mas uma equipa que anda a engonhar 118 minutos para nos dois últimos minutos marcar dois excelentes golos merece ser campeã.

Terminados os problemas técnicos, o país pode retomar a programação normal.

João Campos