Are you talkin' to me? (II)
(Breve introdução: O imediatismo da Internet surpreende-me a cada dia. A resposta ao meu "desafio" do artigo anterior foi lançada nos comentários - creio, no entanto, que merece o destaque de um post.)
"A ideia do Inglês no Básico não é despicienda. Contudo, para começar, importaria clarificar que se está a falar do 1º ciclo, já que nos outros níveis do básico isso já acontece. Importa, também referir que a ideia já está a ser implementada, um pouco por todo o lado, por iniciativas de agrupamentos de escolas e câmaras municipais, no exercício das suas competências em matéria de educação (a "minha" câmara é uma delas). Do lado conceptual, portanto, nada de negativo poderá advir, muito antes pelo contrário. A questão deve colocar-se num outro plano - o da concretização. Que professores? Irá terminar o regime de monodocência no 1º ciclo, talvez a razão da pequena réstia de qualidade que o 1º ciclo mantém? Vamos contratar professores que se deslocarão a várias escolas? Como? Quem paga? Haverá avaliação? Este conjunto de questões, que levantam outros tantos problemas, faz-me concluir que, na verdade, a ideia avançada não passa de "politics" para a campanha.
Mudando de assunto, quero subscrever as suas preocupações quanto à ignorância dos nossos miúdos. É confrangedor o baixíssimo nível de conhecimentos com que aparecem no 7º ano, sobretudo no que tange ao domínio do Português, o qual, como se sabe, é estruturante para futuras aprendizagens na totalidade dos domínios. E, aqui chegados, é altura de discordar da sua ideia de que "não é com exames nacionais que se vai lá". Na verdade, os exames, nos fins de ciclo, são indispensáveis. Exames com consequências. Não com a finalidade de "chumbar" os alunos, embora os que tenham negativa não devam transitar, ou devam ser encaminhados para outras vias escolares. Exames para os quais seja necessário estar preparado. Exames que obriguem os alunos a estudar, a adquirir hábitos de trabalho, a valorizar o trabalho. Exames que avaliem o trabalho dos professores, que os responsabilizem. Enfim, exames que assinalem uma momento de viragem na cultura desresponsabilizadora e facilitista que nos trouxe até este "bater no fundo".
Ainda quanto à temática dos exames, quero referir que o único ano de escolaridade em que existe uma verdadeira preocupação dos professores em cumprir os programas é o 12º; que os professores que faltam menos são os que leccionam o 12º; que o único ano em que os professores se voluntariam para leccionar aulas suplementares é o 12º. Porquê? Claro - o exame!"
"Azurara" (em http://azurara.blogspot.com)
Agradeço, desde já, a colaboração do amigo Azurara. O meu pequeno "contraditório": creio que me expressei mal. Não sou de todo contra os exames nacionais. Creio serem importantes pelos motivos que enunciou. Simplesmente acho que o sistema educativo se centra demasiado em testes - e percebo o porquê. Não creio no entanto ser sempre a melhor forma de avaliação. A tese em "cultura SMS" pode dar também uma boa reportagem um destes dias, agora que penso nisso...
João Campos
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