quinta-feira, fevereiro 10, 2005

(sem título)

(...)
"Todavia, existia algo que ensombrava todas as nações em combate. Algo que desde o longínquo ano de 1945 mantivera muitos países numa paz forçada pelo medo – a ameaça nuclear. Em 2027, data do início da guerra, uma boa parte dos Estados beligerantes era detentor de razoáveis arsenais atómicos. E, no fundo, todos ansiavam utilizá-los. No entanto, ninguém queria dar o primeiro passo, até porque ninguém sabia muito bem até que ponto os seus inimigos eram poderosos do ponto de vista nuclear. Esta débil situação durou seis longos e sangrentos anos, até que eclodiu finalmente no Outono de 2033. Não se sabe com certeza qual a data do primeiro ataque nuclear, nem qual foi o país a desencadeá-lo. Bem vistas as coisas, isso é apenas um pormenor sem grande relevância. O que importa é que os danos foram terríveis, e a resposta ainda pior. Ataques nucleares de larga escala foram desencadeados sem qualquer tipo de cuidado ou de controlo, procurando apenas duas coisas – destruir e matar. Cidades inteiras foram literalmente apagadas do mapa; lançaram-se ogivas ao mar para provocarem enormes e destrutivas ondas que arrasavam as áreas costeiras, nações sucumbiram perante bombardeamentos sucessivos, e o já instável equilíbrio do planeta entrou em colapso. Toda a Terra ficou coberta de poeira nuclear que encobriu o Sol e mergulhou todo o globo num inverno nuclear, numa noite fria e desoladora. Quando a guerra terminou, em 2034, cerca de quatro biliões de pessoas tinham morrido, por consequência directa ou indirecta do conflito. No pós-guerra, devido às novas e terríveis condições climatéricas, à falta de todo o tipo de recursos e a pragas devastadoras, pereceram cerca de dois biliões de pessoas, mais de metade da população sobrevivente. Todas as estruturas políticas estavam destruídas; os estados que resistiram à guerra desapareceram pouco tempo depois. O mundo humano, que a muito custo sobrevivia, resumia-se a pequenos aglomerados de subsistência dispersos por todo o globo. De certa forma, os anos que se seguiram à guerra foram o fim do mundo tal como ele era, e ficaram por isso conhecidos como “os anos do Apocalipse”."
(...)
Apenas um excerto de ficção científica da minha autoria. Profecia, talvez? No dia em que se torna pública a posse de armamento nuclear por parte da Coreia do Norte, é possível que a Humanidade tenha dado mais um passo em frente na direcção do abismo. Não culpo os coreanos, porém: se americanos e russos as podem ter, porque não eles? O desarmamento nuclear devia ser total, e não parcial; não vejo os Estados Unidos com moral para falar contra a Coreia do Norte. Todavia, as nuvens negras começam a cobrir o horizonte...
João Campos

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caríssimo espero que não seja mesmo profecia se bem que tens razão...no estado em que está o nosso mundo esta seria uma consequência bem provável...
O tempo o dirá...
Bela escrita como sempre...
Beijinho
WCrescent

10:59 da tarde  

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