segunda-feira, agosto 15, 2005

O pai

Saiu da água e caiu sobre os joelhos, derrotado pela rapidez ternurenta dos dois filhos, subitamente pregados às suas costas. Depois ficou a vê-los surfar a espuma, comovido e pensando que aquela garotice ainda vive dentro dele. Já venceu a morte: consegue adivinhar um pormenor seu nos meninos que brincam no mar, que disputam, numa algazarra de espuma, uma velha prancha.
Apetece-me dizer que filho de peixe sabe nadar, mas não digo. Porque eles guardam um segredo: “quando for grande vou ser como o pai!”.

Susana