sábado, janeiro 28, 2006

A Wilde, wilde world

Hum, hum, hum, hum, hum, mfmfmfmf, hum ... Isto é o Alec Scudder e o seu namorado Maurice, na 'beijo-kiss' !, lembram-se daquele 'mail' mais longo que a légua da póvoa, e que teve continuação num dos comentários onde os protagonistas começaram o beijão ?
Vai daí, tinha eu prometido que escreveria sobre Óscar Wilde e cá estou a cumprir, porque não sou política e por isso tenho de cumprir, mas não vou ser tão analítica, aliás, vou ser mais sintética do que analítica, porque isto já vai tarde e estes senhores querem-se ir deitar e está a chover e está um frio do ... 'cara..melo'.
Ora Wilde é um filme sobre o autor irlandês, que, no início do século XX, fazia a sociedade britânica rir-se de si própria com peças, cheias de facécias e trocadilhos. Representado, aqui, pelo compridíssimo actor Stephen Fry, o escritor faz lembrar uma árvore frondosa, de grandes troncos, que providenciam sombra e alimento. Do tronco principal, sai um ramo que representa o Wilde casado com a sua 'constant Constance' ( era um bom marido, tanto quanto possível ) e pai amoroso, se bem que ausente, de dois rapazes. Do outro, sai o escritor brilhante e 'dandy', 'poseur' e extravagante. Por fim, um terceiro tronco sustenta os jovens amantes, dos quais se distingue o terrível marquês de Queenbury. O marquês era um belo moço louro. Tendo, como pai, um homem brutal, que o espancava, Queenbury, lamentamos dizê-lo, explorava Wilde, como se costuma dizer, 'até ao tutano'. O irlandês fazia fortuna com o sucesso das peças, mas arruinava-se com as exigências do amante. Bem, enfim, 'to make a long story short', Óscar foi apanhado em flagrante ( como o visconde Risley, em 'Maurice') e condenado a dois anos de prisão, com trabalhos forçados. Saiu do cárcere, de saúde arruinada. Viria a morrer em Paris.
Tal como as personagens de E. M. Forster, Oscar e o seu marquês teriam que esperar cerca de cem anos para se dedicarem um ao outro, de corpo e alma. A sociedade britânica tarda, mas não falha. Incidentally, a homessexualidade (masculina, já que a feminina parece que era ignorada) foi descriminalizada em 1967.

Texto escrito no dia em que os TVnoticiários anunciaram o 'casamento' entre duas meninas, numa Conservatória de Lisboa. 'destes dias, Mr Cavaco lá terá que considerar assinar uma lei, a permitir à malta 'homo' casar mais branco. Assinará-t-il ? Cheers !