quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Menos 'prós' que 'contras'

Apesar de poder parecer que me dedico afincada e incessantemente à critica negativa, pura e simples, dos fenómenos mundanos que me rodeiam, de facto não é essa a intenção que me guia ao pensar nestes posts. Contudo não posso deixar de depositar aqui neste espaço uma ideia que me ocorreu ao ver o triste panorama do mundo televisivo luso.
Estava eu muito bem sentadinho, de perna esticada a tentar expurgar toda a densidade de cansaço que se tinha acumulado na carcaça. Segunda-feira à noite, dez e picos, começa um dos programas a que assisto quase religiosamente. “Prós e contras” é o seu nome. Reparo logo de seguida que o tema do dito programa é a evolução económica portuguesa e a sustentabilidade do sistema actual de segurança social, tema sobre o qual me tinha vindo a ocupar numa das cadeiras da licenciatura em que estou. Por esse facto e pela exigência que a própria faculdade nos obriga, sentia que “estavam a falar da minha área”. Por isso senti, ainda de forma mais gritante, a evidente falta de preparação da moderadora do programa que, acho eu, envergonha a classe jornalística como um todo. Não é aceitável que sendo um programa de suposto “serviço público”, em horário nobre e com uma audiência que desejo significativa não se exija uma preparação de nível mínimo para que o moderador desempenhe um papel que não se cinja meramente ao figurativo.
Foi num programa onde a matéria em análise é a aquela em que os meus conhecimentos são maiores, que senti tão grave falta de preparação e até mesmo ignorância activa (materializada em falacias abundantes e em observações erróneas, rapidamente corrigidas pelos convidados em estúdio) porventura isso também acontecerá em outros temas em que a minha ignorância se manifesta mais violentamente, como num qualquer futuro programa onde se discuta a importancia de cozinhar bacalhau ‘à braz’ em vez de o fazer na vertente ‘à lagareiro’. Nessa altura até pode dizer que bacalhau é um mamífero!

João Teago Figueiredo