Liberal ou não liberal?
A morte da vidente de Fátima suscitou nos territórios virtuais da blogosfera lusa um debate que evoluiu da verdade da mentira ou da mentira da verdade das aparições para o que é ser liberal, fanático e idiota, entre outros mimos.
Evidentemente que bloguistas (não confundir com bloquistas, por favor), de Direita e de Esquerda puxam cada qual a brasa à sua sardinha e inevitavelmente temos discussão. Porque a Esquerda, tradicionalmente, acha que ela é que é liberal; por seu turno, a Direita acha que não é só a Esquerda que pode ser liberal. No meio, juntam-se os ateístas e a sua inflamada prosa missionária, procurando libertar esta ocidental praia lusitana do jugo opressivo de Deus (desculpem lá o mau jeito - mas Deus já se pirou daqui há muito tempo).
Para mim, a discussão é insignificante. Não importa aquilo que a retórica da Direita ou da Esquerda digam, que o liberalismo resume-se numa frase apenas: a minha liberdade termina onde começa a liberdade do próximo.
Isto aplica-se à liberdade de se acreditar naquilo que se quiser.
Apenas um comentário a um artigo do Blogue de Esquerda: percebo o que é dito no final do artigo, e confesso que já senti o mesmo em algumas ocasiões. Mas acreditar no transcendente é mais do que isso. Não tem nada que ver com "não acreditar na sua autonomia, nas suas capacidades, na sua liberdade de pensar e de agir, mas se julga vigiada julgada a cada segundo e prefere abandonar-se a uma entidade superior, não se atrevendo a contrariá-la ou questioná-la com receio de represálias (...)". Não acredito que Deus me controle; tenho muita fé no meu livre arbítrio. Acredito, no entanto, que existe algo mais. Ponto.
João Campos
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