quarta-feira, junho 29, 2005

Podridão Lusa

Com a atenção com que costumo encarar os fenómenos sociológicos e comportacionais do nosso país, fico alucinadamente espantado com a contestação social que, neste momento, se exerce sobre o Governo. Para tentar explicitar de forma mais eloquente o meu ponto de vista sobre o que se passa na sociedade portuguesa vou recorrer a uma analogia que me parece inexoravelmente elucidativa. Pensemos num veículo automóvel, do início do século, em que os pneus estão todos furados, o motor tem o carburador entupido, as velas queimadas, já não tem bancos nem volante, o eixo da direcção e o diferencial estão partidos, o manípulo da caixa de velocidades já não existe e as lâmpadas dos faróis há muito estão fundidas. Perante todo este cenário continua a pensar-se e incessantemente perssiste a peregrina ideia de que mudando apenas o condutor o carro passará a andar. Não será isto a prova do atraso deste país? Que ainda não se consciencializou de que caminhará irreversivelmente para a podridão se não interiorizar que esse caminho tenebroso só será invertido se todos fizermos por isso, se não esperarmos paciente e ociosamente no café do bairro que um qualquer Sócrates resolva aquilo que apenas a todos nós, como povo, cabe.
João Teago Figueiredo