Ergam Hamlet.
Erguer Hamlet é, com certeza, o maior desafio para qualquer criador cénico. No caso de Um Hamlet a mais a própria dramaturgia de Shakespeare vive por si e afirma-se autónoma da sua encenação. Criando a partir desta forma de abordar o texto dramático, o encenador Ricardo Pais tinha já construído Noite de Reis, deste mesmo Shakespeare, e em 2002 Hamlet.
Tendo como suporte de criação cénica um exercício que empresta uma espantosa flexibilidade e condensação às palavras de Shakespeare feito por António M. Feijó, o encenador constrói o espaço físico onde se deixa que a tradução respire e ela própria se incorpore naturalmente na voz e nos gestos de Hamlet. Podemos, assim, confirmar os modos de construção cénica, que procuram, com liberdade narrativa, uma visão multifacetada do que se vê e ouve no palco. Faz-se aqui uso de variada tecnologia, como que vestindo a nudez do actor no espaço vazio, potenciando o imaginário de universos paralelos ao próprio texto, corporizando, também, essa construção, parte da própria encenação.
A partir da metáfora da sala de treino de esgrima, é-nos ilustrado um conjunto de situações de diversos conteúdos, entrando-nos pelos olhos dentro a lucidez demente da personagem, plenamente corporizada pelo intérprete. Para se poder partir para uma construção dramatúrgica desta dimensão é necessária a convicção plena de ter um intérprete capaz de materializar em palco o complexo universo mental de Hamlet, e tudo isso só é possível tendo o talento de um actor como João Reis ao serviço dessa mesma construção.
Toda esta sugestão que a própria encenação nos traz é sublinhada pela música sublime de Vítor Rua, a condução que os vídeos de Fábio Iaquone exercem sobre o receptor do espectáculo e a admirável interpretação dos actores Luísa Cruz, António Durães, Pedro Almendra, Nicolau Pais e Hugo Torres que são os ocupantes das quatro paredes que Hamlet constrói à sua volta.
Talvez possa ser uma avaliação parcial, por conhecer o encenador e o seu trabalho como director do Teatro Nacional de S. João, contudo julgo que este Um Hamlet a mais é a melhor criação teatral em português que alguma vez tenha visto.
Obrigado Ricardo por isso.
Tendo como suporte de criação cénica um exercício que empresta uma espantosa flexibilidade e condensação às palavras de Shakespeare feito por António M. Feijó, o encenador constrói o espaço físico onde se deixa que a tradução respire e ela própria se incorpore naturalmente na voz e nos gestos de Hamlet. Podemos, assim, confirmar os modos de construção cénica, que procuram, com liberdade narrativa, uma visão multifacetada do que se vê e ouve no palco. Faz-se aqui uso de variada tecnologia, como que vestindo a nudez do actor no espaço vazio, potenciando o imaginário de universos paralelos ao próprio texto, corporizando, também, essa construção, parte da própria encenação.
A partir da metáfora da sala de treino de esgrima, é-nos ilustrado um conjunto de situações de diversos conteúdos, entrando-nos pelos olhos dentro a lucidez demente da personagem, plenamente corporizada pelo intérprete. Para se poder partir para uma construção dramatúrgica desta dimensão é necessária a convicção plena de ter um intérprete capaz de materializar em palco o complexo universo mental de Hamlet, e tudo isso só é possível tendo o talento de um actor como João Reis ao serviço dessa mesma construção.
Toda esta sugestão que a própria encenação nos traz é sublinhada pela música sublime de Vítor Rua, a condução que os vídeos de Fábio Iaquone exercem sobre o receptor do espectáculo e a admirável interpretação dos actores Luísa Cruz, António Durães, Pedro Almendra, Nicolau Pais e Hugo Torres que são os ocupantes das quatro paredes que Hamlet constrói à sua volta.
Talvez possa ser uma avaliação parcial, por conhecer o encenador e o seu trabalho como director do Teatro Nacional de S. João, contudo julgo que este Um Hamlet a mais é a melhor criação teatral em português que alguma vez tenha visto.
Obrigado Ricardo por isso.
João Teago Figueiredo
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home