segunda-feira, junho 06, 2005

Filosofia vs. Literatura

A verdade é que creio que o melhor estudo de Filosofia se faz na solidão, e não com um professor diante ao centro da sala a debitar as suas considerações. Por isso li, há algum tempo, O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder - para ter um "índice" de filosofia que me permitisse escolher aqueles que mais me agradassem e estudá-los autonomamente. Já conhecia Hume e Kierkegaard, apenas vagamente, e ler as passagens do autor norueguês acerca dos mestres David e Soren apenas aumentou a minha curiosidade. Por Kant nem por isso. Nem por Nietchze.
E sim, Susana, dá-me mais prazer ler sobre eles do que sobre Luhmann, ou sobre qualquer outro que tenhamos estudado nestes dois anos de curso - abram-se excepções talvez a Gabriel Tarde, Ortega y Gasset, MacLuhan e pouco mais. Estranho num aluno de Comunicação? Talvez. Mas a verdade é que não sou um aluno de Comunicação. Ou, a sê-lo, apenas por acidente.
Já tive a minha fase do "bichinho" da Filosofia. Nessa época, talvez adorasse as teorias da comunicação e essas coisas todas. Mas descobri-me, e isso passou. Não sou filósofo ou teórico. Ponto. O meu mundo é a ficção. Por isso, os meus mestres serão sempre Tolkien, Vinge, Grubb, King. Os seus mundos já estão imaginados, mas permitem-me imaginar mais além.
Se estou no curso errado? Sem dúvida. No entanto, preciso de pão para a boca de forma independente.

João Campos

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

oi! Quando dizes King, refereste ao Stephen King, certo?
nockaas

4:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não se lê Luhmann porque se é um estudante de comunicação - lê-se Luhmann porque se é um ser comunicativo. Porque é a comunicação que nos liga aos outros e a nós própios. Porque, se a comunicação nem sempre resulta (se nem sempre nos entendemos, se por vezes magoamos os outros), é porque alguma coisa correu mal. Tem de haver uma explicação, e Luhmann mostra-nos isso muito bem. Há pequenos "nós" que se vão formando nas comunicações/relações que estabelecemos com os outros, cuja acumulação pode inclusive levar à ruptura. Mas há maneiras de desfazer ou mesmo de evitar esses "nós". E isso é extraordinário. Dito assim, escrito assim num livro de escola, é extraordinário. Luhmann faz-nos ver ao espelho. Luhmann e todos eles.
Mas é claro que tenho outros interesses de estudo, é claro que tenciono ler os clássicos da Filosofia. O "bichinho"está vivo e não vai morrer nunca. Tu, pelo contrário, já tiveste a tua fase do “bichinho” da Filosifia. Entretanto cresceste e “isso passou”. Sim, porque tu agora já és um homenzinho, já não tens idade para as teorias da comunicação e essas coisas todas. Estás mais virado para a ficção, que, isso sim, é coisa de gente crescida...
Quanto à necessidade ou não do professor para a apredizagem de determinadas matérias, não digo que o professor seja absolutamente indispensável. Mas, com ele, a aprendizagem é muito mais rápida e - mais importante - muito mais estimulante. Um bom professor/a (como aquela com quem aprendi Luhmann) não debita as considerações do autor - dá-te pistas para pensares sobre elas. Em certas idades, diria eu, um bom professor é mesmo indispensável. Ter de perceber Kant com 16 anos é dose, e sem a ajuda da minha professora duvido que tivesse sido capaz. Também não teria conseguido perceber Pierce se não tivesse ido às aulas (disso tenho eu a certeza). Ou talvez até conseguisse, mas ainda hoje andaria de volta dos textos a tentar ter, pelo menos, uma vaga ideia do que significa "sinsigno icónico remático". E lembraste daquele texto da Agustina que analisámos com o José Luís Garcia? Quanto a ti não sei, mas eu gostei muito, mas mesmo muito, dessa aula. Fazer a aprendizagem das matérias com pessoas conhecedoras e experientes é muito mais estimulante do que fazê-lo sozinho, acho eu. Eu, pelo menos, sempre que tiver oportunidade, vou sempre preferir a presença de alguém que me possa ajudar a perceber e estimular a prosseguir.
Se estás ou não no curso errado, não sei. Creio nunca te ter dito isso, creio nunca te ter feito essa pergunta. A mim própria já a fiz muita vezes. Mas a resposta fica só para mim.
Um beijo,
Pakalolo

7:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Há qualquer coisa de vagamente prazeroso nesse seu torcer de nariz ao Mestre Nietzsche.
Fico incontidamente feliz quando vejo a turbamulta extasiada com a puerilidade de um Ortega e outros que tais.
Ler Nietzsche implica esforços que o homem-médio não pode suportar: olhar-se ao espelho, apontar-se o dedo, falar verdade, desprezar o medíocre e o verboso.
Há desprezos que valem ouro: distinguem os homens que nascem póstumos e os outros que nascem para... morrer.

9:48 da tarde  

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