segunda-feira, dezembro 12, 2005

The explanation (eheh)

Guida, sis, era mais ou menos essa a resposta que esperava. Eram mais ou menos esses os pontos que esperava que focasses. Vou, então, partir deles para elaborar um texto que nada tem a ver contigo ou com o que dizes neste comentário, mas que apenas pretende ser uma tentativa de explicação para realidade escsiana.
Quero, antes de mais, dar a conhecer a concepção de professor de que partirei para elaborar a minha reflexão. Tal como a Guida, não creio que baste ser-se óptima pessoa, escrever muito bem e ter óptimos artigos publicados em revistas científicas quando se é professor. Não basta ter-se livros publicados e mostrar que se sabe muito. É preciso, para além disso, e acima de tudo, saber transmitir esse conhecimento, fazer o aluno perceber a matéria leccionada, ajudá-lo a tornar-se capaz de uma melhor compreensão do mundo. E tudo isto forçosamente de forma estimulante. "Debitar matéria" não chega, evidentemente que não.
Avançando, agora, para a realidade escsiana. Há, na Escola Superior de Comunicação Social, vários tipos de professores. Uns com artigos e livros publicados, outros (a maioria) não. Mas isso, como vimos, pouco importa. Importante para o aluno é a performance dos professores em aula, e, a esse nível, costumo dividi-los em duas categorias: os que já desitiram (a maioria), e os que ainda não.
Vou direita ao assunto: os professores da ESCS são maus porque os alunos da ESCS são maus. Cada vez piores (a diferença de uma geração para a outra é brutal). Os professores da ESCS limitam-se a "debitar matéria" porque os alunos da ESCS se limitam a ouvir, quando não estão a olhar pela janela (mea culpa, que não tenho feito outra coisas nas poucas aulas de Direito da Comunicação Social a que tenho ido). Porque os alunos da ESCS não questionam o que lêem nem o que lhes é dito pelo professor, e passam a aula inteira a abanar afirmativamente as cabecinhas, quando muitas das vezes não estão a perceber rigorosamente nada do que se lhes está a ser dito. Têm um problema qualquer - que eu não consigo perceber - em admitir que não compreenderam, ou melhor, em dizer ao professor que não foi suficientemente claro. Não pensam por eles próprios, não expõem as suas ideias, não respondem às perguntas que o professor lança, nem mesmo - imagine-se! - quando até sabem que a reposta que têm para dar é a correcta. Isto a mim choca-me mais do que seria natural.
Para mim é claro: os principais responsáveis pelo mau desempenho dos professores nas aulas são os alunos. E pelo bom desempenho também, como é evidente. Porque também é verdade que a profª Carla e a profª Filipa, ou mesmo a Belinha a Teoria da Comunicação, só não "debitaram matéria" porque nós não deixámos. Porque não tivemos problemas em dizer que as coisas não assim tão óbvias. Porque exigimos "pistas" em vez de as deixarmos falar. O que a maior parte dos escsianos não faz. É, certamente, mais tranquilo e confortável deixar que sejam os professores a pensar. E, graças a esta atitude, quem perde são os alunos, mas são também os professores.
Foi quando os estudantes alemães cá estiveram, a propósito do congresso da PRIME, que isto se me tornou evidente. Na conferência a que assisti (sobre ética em Relações Públicas), vi uma professora da casa ser implacavelmente "bombardeada" com perguntas às quais não conseguiu, por vezes, responder de forma satisfatória. Tudo porque não fez o "t.p.c" como deve ser. Estão habituados às mosquinhas mortas dos alunos que têm em Portugal e depois, quando apanham um bando de putos com cabeça e vontade de "picar" gente crescida, tropeçam. Falta de treino, é o que os nossos professores têm. Faltam-lhes alunos à altura, que os testem, que os ponham à prova. O que é, falando francamente, lamentável.

Susana