quarta-feira, março 29, 2006

Operação Bolonhesa

No passado ano lectivo, elaborei um dossier de imprensa sobre o Processo de Bolonha e sobre a implementação das suas directivas no sistema de Ensino Superior português. Entrevistei o Dr. Viegas Soares, um dos coordenadores do processo para a área da Comunicação, que na altura, faz agora um ano, falou acerca do atraso do ensino superior português e do risco de ficarmos para trás. E que, no final, quando os prazos apertassem, iria ser a correria do costume.
Não se enganou. Com os prazos a apertarem, tem sido uma verdadeira maratona na minha escola. Por enquanto, debatem-se os novos currículos, o sistema de mestrados (que, actualmente, o Politécnico não oferece), e as alterações que irão necessariamente ser feitas. Em cima do joelho, porque a deadline de 31 de Março, imposta pelas directivas do Governo, assim o exigem. Tem sido reunião atrás de reunião. E a coisa vai complicar ainda mais devido a um pequeno detalhe: a lei apenas permite que o antigo (actual) currículo e o currículo de Bolonha apenas coexistam durante um ano lectivo. Ou seja, fica anulada a possibilidade de uma transição normal, ou seja, implementada apenas no próximo ano lectivo para os novos alunos, sendo que os alunos de segundo e terceiro ano seguiriam o programa em vigor aquando da sua inscrição. Há que debater as equivalências, as reprovação, enfim, um sem número de detalhes com vista a cumprir, na medida do possível, uma outra alínea do decreto-lei: os alunos não devem sair prejudicados do processo. Paradoxal, e virtualmente impossível.
Tudo isto obriga-me a dispender imenso tempo, uma vez que faço parte do Conselho Pedagógico da ESCS. Ou seja, reuniões e mais reuniões. Não me tem restado muito tempo livre para escrever algumas linhas por aqui, mas vou tentar manter estas questões actualizadas na medida do possível.
João Campos