sexta-feira, abril 07, 2006

penso, logo existo

Há dias decidi misturar numa discussão os conceitos "vida" e "existência". Defendi que vida é inconsciente, dado que ela não mais é do que um conjunto de processos biológicos coordenados entre si e em interacção com o meio envolvente (peço desculpa pela ideia tosca e incompleta, mas desde o sétimo ano que abandonei o sonho de ser biólogo). A vida enquanto vivência, enquanto acumular de conhecimento, enquanto antologia de experiências, de sorrisos, de lágrimas, de frustrações, será, no meu entender, a nossa existência.

Dão-me de resposta "mas as pedras não têm vida, e existem". Verdade. E as formigas não pensam, mas vivem. Não o disse, e arrependo-me. Existência será a nossa vida consciente, colocando os nossos singulares processos mentais num patamar extra-sensorial, dado que nos permitem conceber um sem número de realidades que apenas o são para nós. E assim anda a velha máxima de Descartes esquecida por essas almas, apesar de repetida sempre que é conveniente. Mas esse é o legado dos grandes filósofos - um sem-número de ideias feitas, suficientemente simples na forma para serem apreendidas pelo mais comum dos mortais, mas também com uma ambiguidade q.b. para volta e meia exorcisar alguns pensamentos mais rebeldes em discussão.

João Campos