Contraditório
Como o meu mais recente artigo suscitou polémica, decidi deixar uma resposta em jeito de artigo.
Nockaas: o King a que me refiro não é o Stephen, mas o J. Robert, autor de vários mundos entre os quais se inclui Magic: The Gathering. Livros como The Thran, Invasion ou Apocalypse são excelentes narrativas de ficção.
Pakalolo: entendeste-me mal. Literatura não é para gente crescida. Não sou nem pretendo neste momento ser um "homemzinho", mas um adolescente contente com esse facto. Apenas com o decorrer dos anos o interesse maior pela Filosofia tornou-se secundário, e ganhei outros interesses que mais me dizem. Literatura de fantasia e ficção científica - dois géneros marginais, cuja inquestionável riqueza faz muito bom erudito torcer o nariz. Poderia ser o percurso inverso. Pode o "bichinho" ainda voltar - não sou vidente. Não sou mais adulto ou maduro por deixar de gostar de filosofia - nunca o quis afirmar. Sou, simplesmente, eu. Eu, João Campos. O texto é estritamente pessoal. Não estou a fazer qualquer crítica. Apenas a dissertar acerca de uma situação da qual te relembras. Ser um ser comunicativo não implica ter preocupações acerca do processo de comunicação - e, a tê-las, não implica forçosamente ler Luhmann. Mas, e perdoa-me o egocentrismo, o que estava em causa no artigo era eu e apenas eu.
José Carlos Ferreira: Antes de mais, obrigado pela visita e pelo comentário. Mas nada existe de prazeroso em dizer que Nietschze não está nos meus interesses. É, tão somente, a constatação de um facto. Seria equivalente a dizer que gosto de bacalhau à brás e não gosto de bacalhau com natas (estou a plagiar a comparação - RAP que me perdoe o abuso). Aliás, nem sei nada de substancial acerca do Frederico. Poderá um dia ser um mestre cá no sítio - mas, por enquanto, em Filosofia, existem prioridades. Como Hume e Kierkegaard. Acredito que ler Nietschze implique um esforço que o homem médio não esteja disposto a suportar. Mas isso aplicar-se-à a inúmeras coisas. O que está aqui em causa - e isso parece que foi esquecido - é uma opção puramente pessoal. Um gosto. Nesta fase, sinto que tenho mais a aprender acerca do mundo e de mim mesmo noutras fontes. Posso estar errado, mas será o meu erro. Serão as minhas opções para me descobrir. De que me serviria ser um "homem que nasce póstumo" se morresse sem me descobrir?
João Campos
3 Comments:
Eu não falo em "processo de comunicação" - falo em "comunicação". Assim só: comunicação. Não falo no processo através do qual o meu "olá" te chega todos os dias aos ouvidos - falo nessa outra coisa que nos une para além desse breve momento, que continua a existir mesmo depois de o momento acabar, que é a relação que existe entre nós. É disso que Luhmann trata. Necessariamente, um ser comunicativo tem preocupações acerca da comunicação - porque ele É comunicação. É na comunicação que ele se encontra, é aí que ele se encontra com os outros. Quantas vezes não pensamos que não deveríamos ter dito o que dissemos, ou que deveríamos ter dito o que queríamos dizer mas não dissemos. Quantas vezes não damos o braço a torcer, quantas vezes não alteramos a forma como estamos a pontuar a comunicação/o comportamento para que a relação subsista, ou quantas vezes não somos nós a forçar o outro a pontuar a comunicação (o seu comportamento) de maneira diferente para que as coisas resultem. Todos nós vivemos obcecados com a comunicação, com aqueles que nos habitam por dentro. Mas é claro que podemos todos passar muito bem sem ler Luhmann. Continuarei, no entanto, a sentir-me (como tantos de nós) a jóia da criação, pelo simples facto de o ter lido, de o ter aprendido com quem aprendi.
Insistes muito no facto de que o teu texto é estritamente pessoal, que não estás a fazer qualquer crítica. Mas isso é tão óbvio como eu dizer que o meu comentário é apenas isso: um comentário. Não estou a defender-me de uma eventual crítica que pudesse ter pressentido nas tuas palavras - estou simplesmente a comentá-las.
Obrigada pelas tuas palavras,
Pakalolo
Ó Susaninha, mas para isso de que falas - que concordo ser comunicação - não preciso de filosofia nenhuma, mas de bom senso, de reflexão pessoal acerca do significado sentimental que alguém tem para nós. Eu não desvalorizo o papel do professor, uma vez que o meu mestre é um antigo professor. Mas sou individualista, e quanto a isso nada a fazer. Tenho alguma aversão a que me digam o que devo fazer. Mais ainda a que me digam o que devo pensar e como pensar. Com ele não aprendi nas aulas, mas no diálogo. Podemos passar muito bem sem ler o que quer que seja, de Dostoievsky ao Destak. It's all a matter of choice.
O motivo pelo qual ressalvei que era um texto pessoal foi ter sentido - acertada ou erradamente - alguma acidez nas palavras dos comentadores. O que agrada e causa estranheza. Como a vida.
Obrigado pelas palavras.
Um beijo,
João
Sim, para isso de que falo ninguém precisa de filosofia nenhuma. É por isso que digo que podemos passar muito bem sem ler Luhmann, que é como quem diz que podemos passar muito bem sem ler o que quer que seja. Mas continuo a sentir-me a jóia da criação. E, quanto a isso, nada a fazer.
Pakalolo
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