Holy shit, they're being flamed! And guess what? Me too!
Não vejo televisão (para além de uma ou duas séries), e os meus 31,2 kbps não me permitem procurar muita informação na rede. Ainda assim, tenho acompanhado meia dúzia de histórias, factos e imagens da devastação que o furacão Katrina provocou nos Estados Unidos. E tenho andando divertidíssimo com o assunto. Não, não sou assim tão cold hearted bastard para não me comover com a desgraça humana daquela cidade. Tão pouco me faz rir o facto de a tragédia ter lugar nos Estados Unidos, ao contrário de toda a classe jornalística e esquerda política deste país tão triste que precisa de catástrofes naturais estrangeiras para se animar. O que me tem feito rir tem sido o facto de a Europa em geral e os portugueses em particular se terem revelado no seu mais profundo e cristalino humanismo: mesquinhos, arrogantes, invejosos, juízes sem moral e com palavras envenenadas. Pois é. Os americanos sofrem - bem feito! São eles os responsáveis pelo terrorismo, pela poluição, pelo efeito de estufa, pelo degelo, pela impotência, pela SIDA, pelos incêndios florestais em Portugal, por todas as maldades do mundo. A Terra seria indubitavelmente melhor sem os americanos - esses bastardos!
A inveja é uma coisa feia, meninos e meninas. Inevitável, bem o sei. Trabalhem. Esforcem-se. Batalhem. Tentem ser como eles, se os invejam tanto - e, se não conseguirem, morram a tentar. Mas não se riam das desgraças dos outros, nem olhem para a tragédia americana com ar tão sobranceiro e arrogante. Eles são humanos, como nós. E, como eles, a qualquer um de nós a desgraça pode bater à porta. Olhem que quem ri por útltimo...
Afinal, de que se ri em Portugal, nação iluminada onde o anti-americanismo é moda nos meios de comunicação social - blogs incluídos? Esperem, já sei. Os americanos estão a braços com uma crise tremenda, ao passo que, pela primeira vez em muitos anos:
a) Nem uma pinha ardeu nas florestas portuguesas neste Verão. Os bombeiros voluntários tiveram férias pagas;
b) A economia nacional cresce exponencialmente. Toda a gente já esqueceu a "tanga" e o "pântano". Os políticos merecem a máxima confiança, no alto da sua incorruptibilidade;
c) Os portugueses aprenderam mesmo a conduzir - a sinistralidade portuguesa apenas se deve a acasos do destino. Terminou, por fim, a hecatombe rodoviária;
d) Já não somos a nação da União Europeia com maior incidência de doenças de difícil tratamento;
e) Cada casal está a fazer filhos à maluca, e os velhos estão a morrer na idade certa para que a população activa deixe de ser uma espécie em extinção e os encargos da segurança social não levem o sistema social português à falência em poucos anos;
f) Nenhum cidadão português foge aos inpostos; os cofres do Estado estão tão cheios que o Alberto João Jardim já pediu "por favor" ao Governo para parar de mandar dinheiro para a Madeira, que a ilha não tem mais espaço para moedas de dois euros;
g) And so on. I think you got the point.
João Campos
1 Comments:
concordo e subscrevo. tenho pena que este seja um pais onde se as opinioes tenham mais revolucoes que as mares, em que somos arrastados por correntes de opiniao dominantes sem levantar um sobrolho. o anti-americanismo e' uma atitude de critica facil. alias e' facil e' barato e da' milhoes, eles sao tantos, e' facil criticar todos, sem excepcao. e rende... no meio jornalistico!!
o problema e' que os estados unidos sao, como o proprio nome indica, muitos estados, e o estado do louisianna e' um estado com um patrimonio cultural admiravel, onde pessoas de meios extremamente defavorecidos tiveram uma participacao sem par naquela que tera' sido uma das mais importantes revolucoes musicais do seculo XX, entre outras coisas...
mas acima desse patrimonio existe o patrimonio humano, as pessoas, que estao a sofrer, a lutar pela sua propria sobrevivencia.
a culpa nao e' de deus nem dos americanos. catastrofes naturais acontecem, 1775... lisboa... diz-lhe alguma coisa? ou mesmo 1 de janeiro de 2005 ali para os lados da asia...
aconteceu la' podia ter acontecido aqui... alias, se bem me parece, aconteceu. ardeu nao foi.
nao me parece que hajam responsabilidades politicas na raiz dos acontecimentos, se os problemas sao resolvidos da melhor forma, se o george bush podia ter respondido mais cedo, isso podemos debater noutra altura, mas enquanto as pessoas precisarem de ajuda, vamos evitar a gargalhadazita sadica.
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