Preto no Branco
E eis que de repente se levanta um alarido nacional entre aqueles que defendem o luto nacional por a morte de Álvaro Cunhal e aqueles que acham ridículo o país se enlutar por um "criminoso marxista", como por aí se anda a dizer. E é o luto pela mana Lúcia que regressa à agenda por arrasto, e afinal por que não se faz antes luto por Eugénio de Andrade?
Cá para mim esta discussão toda é irrelevante. A incoerências do género já este país me acostumou. É decretado luto nacional? Go ahead. Para mim é indiferente. Não estou de luto por Cunhal. Como não estive por Lúcia, por Amália. E como não estarei por qualquer personagem da nossa História actual. O luto é uma farsa - mas, a desempenhar tal farsa, que se desempenhe por quem for realmente querido. Não por qualquer senhor que, por grandes feitos ou ironia do destino, conste dos livros de História do décimo-segundo ano de escolaridade.
João Campos
(Quanto à ideia peregrina de se permitir que no Porto alguma rua tenha o nome de Cunhal e Vasco Gonçalves - consultar a Blasfémia para mais detalhes -, eu, humildemente, sugiro apenas que se restitua à velhinha ponte sobre o Tejo o nome do responsável pela sua construção - Salazar. Afinal, o senhor também foi uma figura histórica incontornável no século vinte português, de carácter firme e coerente nos seus ideais.)
4 Comments:
Bem dito, João.
Precisamente. Quem fala assim não é gago!
apoiado!
É lamentável que tudo isto lhe seja indiferente. Por outro lado, se assim o fosse também não meditaria sobre o assunto, certo?
Em relação à Ponte temos de compreender que a sua renomeação é uma forma de glorificação da Liberdade. Não digo que devemos esquecer Salazar (pelo contrário, acho que deve ser preservado na memória colectiva para que não se voltem a cometer os mesmos erros) apenas quero referir que a mudança para «25 de Abril» tem um motivo incontornável.
E talvez seja melhor razoar um pouco sobre o não fazer luto «por qualquer personagem da nossa História actual». O Luto é um acto simbólico de carinho (como referiu) mas também de humildade. É a despedida de alguém que se admira; A realidade amarga do pesar que se sente por alguém irrecuperável.
Apesar de tudo isto, só posso concordar consigo no que diz respeito a Eugénio de Andrade. Também ele não devia ser esquecido.
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