terça-feira, dezembro 13, 2005

"Se eu fosse jornalista, vivia para aquilo"

Mas, oh João, quando referi o Oitava Colina, foi com consciência da sua natureza extra-curricular! É um complemento que pretende ser uma espécie de estágio, um factor profissionalizante. No qual, aliás, só participa quem quer. Em primeiro lugar está, efectivamente, o nosso trabalho de final de semestre; só depois o jornal. A ordem só se inverte se tu quiseres (olha para mim!). Os alunos que, de livre vontade, assumiram o compromisso de participar no número de Janeiro, é evidente que têm de entregar os trabalhos até ao final do mês. Mas só o terão de fazer porque se disponibilizaram para fazer um trabalho que, sorte a deles!, até equivale ao trabalho de final de semestre do Atelier de Jornalismo Escrito.
Liberdade de escolha condicionada? Não percebo... É bem verdade que o professor partiu (compreensivelmente, admitamos) do princípio que todos queríamos participar, mas qualquer um de nós pode muito bem dizer que não está interessado. E receberá a nota no final do semestre de acordo com a qualidade dos trabalhos apresentados, como todos os outros. No heart feelings.
Não estou para aqui a proclamar que devessemos trabalhar obsessivamente para o 8ª Colina (longe de mim!). Acho que devemos ao jornal a dedicação que ele merece: a de um projecto extra-curricular criado propositadamente para proporcionar aos alunos experiência profissional e um espaço onde possam publicar os seus trabalhos. E acho que essa dedicação deveria ocupar um espaço nas nossas vidas, lá entre as cadeiras por fazer e as responsbilidades em casa e as actividades dentro e fora da Escola. Ainda que não sejamos jornalistas, ainda que não sejamos pagos para ser jornalistas.
Mas dizes bem: é uma questão de livre vontade. Cada um faz o que bem entende, cada um responde pelas consequências dos seus actos. O que tenho estado a tentar mostrar é que o quadro de prioridades dos alunos está "do avesso" (seja lá porque razões for; haja ou não solução a médio-longo prazo). Isto de acordo, evidentemente, com os meus valores e com aquilo que acho que está certo. Devia ser como eu defendo, ah pois devia.
Quanto aos bons alunos, se não abrem a boca, dificilmente os professores conseguirão puxar por eles. Tu mesmo o disseste. Agora os alunos que participam, sendo bons ou maus, não ficam de maneira nenhuma condicionados. Esses são, aliás, os que mais ganham, graças ao processo dialéctico que se estabelce entre eles e o professor, qualquer bom professor.

Susana

1 Comments:

Blogger Margarida said...

Mas que animada discussao que para aqui vai..quase me perdia(ontem nao consegui ca vir com a historia dos exames...).
Nao me queria alargar muito em dissertaçoes, mas a verdade é que tenho que concordar com o Joao(nao quer dizer que discorde totalmente contigo, sis). Um aluno para ser interessado tem que ser estimulado: e isso parte de casa(ou do ensino primario!Seja como for, parte do principio da tua vivencia como ser "pensante", como alguem que ja tem capacidade para perceber, para questionar - nem que seja o facto de um elefante estar pintado de cor de rosa em vez de cinzento.
E nao é no superior que isso se faz..
Sis, acredito que parte da culpa seja dos alunos, mas o que te posso dizer é que mesmo aqui so ha 2 alunos que colocam questões, na nossa turma. Mas os professores continuam a mostrar-se entusiasmados e a nao debitar matéria. Porque o que quero dizer é que em vez de te dizerem "façam uma análise de imprensa sobre o 11 de Setembro" deviam dizer-te "O 11 de Setembro aconteceu porque.." (e por amor de Deus, nao digam so "porque os EUA sao maus e querem matar os Iraquianos"!!
Porque em vez de te dizerem "O Durao Barroso, que agora ate esta na comissao europeia...", deviam dizer-te "O Barroso esta na Comissao Europeia - que é um dos tres pilares da UE e é constituido por x e y e é responsavel por A, B ou C..."
Porque deviam dizer-te "Estar actualizado é como fazer ginastica: so tens que fazer isto, isto e isto, 50min por dia" e nao "Entao voces querem ser jornalistas e nao lêm jornais??"
O que critico é a forma [errada] como nos [não] estimulam para a nossa futura actividade profissional!
Ate porque, mais do que as boas notas (convinhamos que ter boas notas, especialmente no nosso curso nao é condiçao para se ser bom jornalista..Mesmo!) prefiro perceber o que me rodeia!E isso passa por coisas tão banais como as que o Joao refere - estar com os amigos, ler, sair.. - como por uma formaçao mais construtiva do que simplesmente saber o que dizia Theodor Adorno!(nao tirando qq merito ao senhor ou as suas aulas..)
Aprender é poder vir com um professor para a faculdade depois de ele nos ter levado a Comissao Europeia e de nos explicar como podemos perceber o que nos rodeia sem nos tornarmos amorfos e apaticos para as nossas vidas quotidianas!
é ter alguem que nos diga que o Parlamento ou a Comissao ao nosso alcance ao fim de dois anos, sem termos, para isso, de deixar de viver!

Mas é so a minha opiniao..*

10:47 da manhã  

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