segunda-feira, junho 26, 2006

Bullet with butterfly wings

E eis uma notícia capaz de fazer esquecer uma eventual derrota de Portugal amanhã, contra a imprensa, perdão, contra a selecção inglesa:

It's official, The Smashing Pumpkins are currently writing songs for their upcoming album, their first since 2000. no release date has yet been set, but the band plans to begin recording this summer.


João Campos

terça-feira, junho 20, 2006

Mas a verdade, verdadinha...

... é que se a Lisboa do século XIX tivesse o mesmo encanto que as praias tropicais do Rio, provavelmente o infante D. Pedro teria ficado quieto. Mas um rapaz passa a juventude enfiado nos palacetes lisboetas, a assistir a bailes nos quais as raparigas mal mostram as bochechas, e os rapazes não falam de futebol ou do coche último modelo que adquiriram, com motor de quatro cavalos (literalmente). E não havia minis, logo, os tremoços não tinham metade da piada. É evidente que, com uma adolescência destas, e após meses de enjoo no meio do Atlântico, a terra de Vera Cruz, com os seus areais, os seus coqueiros, as caipirinhas, o samba, as raparigas bonitas, as "peladinhas" na praia, etc etc seria muito mais apelativa! Para melhor muda-se sempre.

Para além do mais, Beresford e as suas tropas andavam por cá. Ou seja, todo o Portugal da época parecia o Algarve de agora no Verão, mas fardado.

É bem verdade que o Brasil não é de todo o país que escolheria para viver. Mas a sua alegria ainda consegue tornar este triste Portugal mais deprimente. Enfim, valha-nos as minis e os tremoços. Ah, e o bacalhau (que é da Noruega, mas que os noruegueses não sabem cozinhar tão bem).

João Campos

O Mundial da Filosofia

Aqui. Monty Python, evidentemente. Quem mais para se lembrar de uma destas?

nota: provavelmente, se a selecção alemã tivesse alinhado com Marx de início, o jogo teria sido diferente...

João Campos

Correio dos leitores (estreia)

Danielle Vargas deixou o seguinte comentário a este meu texto:

É interessante, como brasileira, ler as tuas opiniões. Primeiro, porque achei absolutamente carinhoso saber que alguns portugueses torcem por nós. Aqui, no Brasil, falava-se pouco sobre a seleção portuguesa; mais sobre o Felipão, nosso ex-técnico.

Hoje, falamos da Argentina ("nuestros hermanos", sim, e eternos rivais no futebol) e dos times com bons resultados; claro que com Portugal nesta lista. Agora sei até quem é Christiano Ronaldo, apesar de não acompanhar tanto o futebol.

Ri muito ao ler sobre os gritos de brasileiros. Teve algum sambinha por aí? Não sei a tua idade, imagino uns 50, mas se experimentares um samba de Chico Buarque, vais alegrar este coração. Aliás, perdôo o puritanismo gramatical, mas não o de alma.

Beijos!!!

Cara Danielle, não são "alguns" portugueses, mas quase a nação inteira (excepto eu, ao que parece). Mas, bem vistas as coisas, até se compreende: a França invadiu-nos no século XIX, a Alemanha até o queria fazer aquando da Segunda Guerra Mundial; da Espanha nem vale a pena falar. E quanto à Inglaterra, apesar de aliada secular, também nos tramou algumas vezes (recorde-se o Ultimato de 1891). Até o nosso hino nacional, veja lá, foi escrito com marca de ódio aos ingleses (na última estrofe, o original não continha "contra os canhões, marchar, marchar", mas sim "contra os bretões, marchar, marchar". Isto o povo português adora desmoralizar-se e dizer mal de si mesmo e do seu rectângulozinho de terra à beira mar plantado, mas quando são o estrangeiros a dizer mal, sobe-lhe o patriotismo ao nariz e está a burra nas couves). E pronto, os restantes países ficam demasiado longe, ou são demasiado diferentes. Os suecos, demasiado louros. A lasanha italiana não se compara ao cozido à portuguesa. Os argentinos foram colonos espanhóis. E o Gana.... bom, mais de metade do país (bem mais de metade) não faz a mais pequena ideia onde se situa o Gana num mapa do continente africano. Do Brasil, ao menos, conhecemos quase todas as novelas da Globo. E importámos os hábitos de Carnaval (mas aqui, quando é Carnaval estamos em pleno Inverno, por isso os "sambódromos" são sempre mais molhaditos e um tudo-nada mais frios).

Mas samba não houve pelas ruas. Pelo menos, os brasileiros do meu quarteirão ficaram-se pelos gritos e pelas buzinadelas. Mas também, sempre que Portugal ganha é uma chinfrineira ainda pior. E mais irritante.

Samba não ouço, porque não gosto (também não gosto de fado ou de Tony Carreira, e sou português). Não o danço também, até porque consigo tornar qualquer passo de qualquer dança num movimento digno de um sapo dentro de uma máquina de lavar roupa em centrifugação. Chico Buarque? Não aprecio; de música mais "calma", prefiro Marisa Monte, Adriana Calcanhotto e algumas de Rita Lee. Mas do Brasil musical, ficará sempre na memória os grandes Mamonas Assassinas, que infelizmente faleceram num desastre de avião quando vinham actuar a Portugal. E, claro, a memória dos grandes Sepultura. Por agora, tenho de me ficar pelos Soulfly, que são bem bons (o Max é genial ao vivo, vi-o em Maio). E, claro, pelos lendários Ratos do Porão. O puritanismo é meramente gramatical, acredite!

Cinquenta anos? Vinte e um, apenas, e ainda quentes da festa da semana passada. Mas sei que a barba irregular e o cabelo desalinhado por vezes dão-me uma aparência um pouco mais velha. Mas, enfim, agradeço-lhe o facto de não me ter interpretado mal, até porque o texto criticava os portugueses, e não os brasileiros (assim por acaso, um jantarinho de picanha até nem ia nada mal...).

Cumprimentos e volte sempre! Beijos,

João Campos

segunda-feira, junho 19, 2006

E porque não há outro assunto para além de "bola",

há uma anedota já antiga que contava a história do rei de Espanha em visita a uma escola primária. A professora, querendo que os seus pupilos fizessem boa figura, pediu-lhes que dissessem ao rei "Espanha é um país amigo". Ora o Joãozinho (porque tem de ser sempre o Joãozinho?), ignorando o apelo da professora, insistia em dizer que Espanha era, sim, um país irmão. Quando interrogado acerca do porquê do seu entusiasmo e da sua insistência neste ponto, o Joãozinho argumenta que "os irmãos a gente pode escolher!".

No entanto, esta piada tem mais verdade do que pode à primeira vista parecer. É verdade que não escolhemos Espanha - ela está já aqui ao lado. E, como todos os bons irmãos, Portugal e Espanha passaram toda a infância, até à adolescência (leia-se 1640) às turras por terem de dividir o quarto. Já a caminhar para a idade adulta, acalmaram-se, tornaram-se amiguinhos, mas sem deixar de dar uma facadinha ocasional pelas costas (como o isolamento a que Espanha nos votou nas invasões napoleónicas, ou as ideias de Hitler para invadir Portugal, com a conivência de Franco - bendita frente de Leste!).

A termos algum país verdadeiramente irmão, esse será aqui a vizinha Espanha. Não o Brasil, como os portugueses sempre afirmam por alturas de Mundial de Futebol (ou Angola, neste ano). Aliás, a haver alguma relação de parentesco, Angola e Brasil seriam filhos de Portugal, já que foram criados e educados pelos portugueses (bem ou mal, não interessa). Nunca irmãos. O argumento da língua não cola. Muitos portugueses mal falam o português, e não creio que o idioma falado em terras de Vera Cruz seja propriamente português (é mais uma derivação). Perdoem-me o puritanismo gramatical.

Tudo isto para dizer que não dou para o ridículo peditório de torcer pelo Brasil em competições internacionais, no caso de Portugal falhar. Esse patriotismo bacoco de apoiar uma equipa apenas porque ela fala uma língua semelhante à nossa consegue ainda ser mais ridículo que as bandeiras penduradas à janela. Porque não apoiar a Inglaterra, nossa mui amada aliada desde o século XIV (facadinhas à parte)? Ou a Suécia, que não nos é nada, mas que sempre é o que se arranja mais perto da Finlândia, que queremos tanto imitar? Ou a Argentina? Também joga bem à bola. E, ao menos, não temos de aturar os gritos dos brasileiros às janelas e varandas sempre que o escrete marca um golo (ontem foi insuportável aqui no meu quarteirão).

E pronto. Volto ao trabalho de Ética. Apesar de contente por o apuramento para os oitavos de final de nuestros hermanos, não torço por eles. Como qualquer bom irmão. Consequentemente, apenas espero que a República Checa chegue à final.

João Campos

sexta-feira, junho 16, 2006

Apontamentos mundanos

Redacção do Correio da Manhã, esse pequeno oásis de lucidez verdejante:

Indivíduo 1: Ninguém me tira da cabeça que o Simão só tem quatro dedos no pé direito. Tu viste como é que ele chutou na bola naquele lance com o Ze Kalanga? Vê-se logo que falta ali a genialidade de um mindinho 1.

Indivíduo 2: Agora que falas disso, lembrei-me que ainda não temos capa para amanhã. Kalanga escreve-se com "k" ou com "Q"?

1 Bibliografia: Alves, Gabriel - A chuteira poética, 1997.

João Teago Figueiredo

sábado, junho 10, 2006

Obrigado = forçado?

A propósito do recente veto presidencial à lei da paridade, a eurodeputada Ana Gomes escreve o seguinte:

Cavaco Silva exibe tacanhez política quando considera "a inclusão" de mulheres nas listas partidárias "artificial e forçada". Se a inclusão obrigatória de mulheres em listas partidária é artificial e forçada, então o que é que é 'natural' e 'harmonioso'?

Não é que não concorde que talvez devesse haver mais mulheres na política, mas este argumento parece-me a mim muito estranho. Porque uma "inclusão obrigatória" é necessariamente "artificial e forçada". Porquê? É artificial porque não é natural (se as mulheres não estão na política, há que perceber porquê, não obrigá-las a ir). É forçada porque ganha regime de obrigatoriedade. Ou não?

João Campos

terça-feira, junho 06, 2006

Uma rua escura de Bolonha:

segunda-feira, junho 05, 2006

Hoje até eu meto a colher no futebol

E tudo pelo regresso do camarada Carlos (bem vindo de volta!). Há menos bandeiras por aí. Algumas são ainda as mesmas desde a maluqueira de há dois anos atrás, estando por isso um tudo-nada menos coloridas e mais gastas. O clima e os pombos não perdoam. E, espanto - até na minha santa terrinha, perdida nos confins ardentes do Alentejo, há bandeirinhas por toda a parte! Não que isso queira dizer que na aldeia de Sabóia a população seja muito patriótica (o mesmo se poderia dizer, aliás, do resto do país). A única coisa que as bandeirinhas querem dizer é que as modas mais ridículas chegam até aos sítios mais improváveis.

O destastre português nos sub-21 tem o seu toque de ironia. Uma equipa composta por jogadores de altíssima qualidade, cuja não-convocação para a Selecção principal gerou tanta polémica, afinal revelou uma mediocridade impressionante. Enfim. Agora, para a ironia ficar completa, apenas falta o grupo de Scolari vencer o Mundial. E, para ficar mais perto desse objectivo, o importante é ter aprendido alguma coisa no último Mundial. A menos, claro, que Figo e companhia queiram agradar a Freitas do Amaral.

Espero é que, com a febre do Mundial, a cervejaria Portugália não acabe com a "hora da loira".

João Campos