segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Constantine

Não foi ontem mas hoje: acreditem que é frustrante passarem um quarto de hora com um amigo na fila de uma bilheteira de cinema para - finalmente! - chegarem ao balcão e ouvirem a menina (que por acaso era bem gira) dizer que só tem um bilhete para a única sessão à qual ambos podem assistir. Por estes precalços - e pelo facto de Constantine ter levado imensa gente ao cinema no dia de ontem - apenas posso inaugurar a crítica cinematográfica neste blog hoje.
Constantine é a mais recente produção da parceria da Warner Brothers com a Village Roadshow Pictures (que já deu ao público "Deep Blue Sea" e "The Matrix"). Coube a Francis Lawrence recriar no grande écrã o ambiente que Jamie Delano concebeu na banda desenhada Hellblazer. Keanu Reeves ("The Matrix", "The Devil's Advocate") personifica John Constantine, o exorcista e caçador de demónios, que desde a infância vê demónios em toda a parte, e que procura, caçando esses mesmos demónios, a redenção divina por um acto suicida da adolescência. Angela Dodson (Rachel Weisz, "About a Boy" "The Mummy") é uma detective da polícia que se recusa a aceitar que a sua irmã gémea, Isabel, se tenha suicidado. Quando os caminhos de ambos se cruzam, Angie descobre que a humanidade é o prémio de uma aposta entre os céus e o inferno e que uma conspiração das trevas planeia consumir a Terra com o seu fogo...
Infelizmente não posso dizer se o filme conseguiu ou não captar a essência da banda desenhada na qual se inspirou - tal exercício deixo para quem leu Hellblazer. Constantine é uma película muito bem conseguida. Não é um filme de terror, nem creio que alguma vez tenha pretendido sê-lo. É um thriller de acção com um enredo muito interessante, com algumas nuances inteligentes e uns bons gags de humor mais sarcástico. Os desempehos estão bons (a maioria da crítica continua a desancar Keanu Reeves, a meu ver, injustamente), e os efeitos especiais encaixam perfeitamente no desenrolar da acção, sem destoar da acção. A sua qualidade fantástica prova uma vez mais que a parceria Warner Brothers/Village Roadshow Pictures não brinca quando se trata de efeitos especiais.
Dadu curioso: a sua mensagem anti-tabagista subliminar. Não a critico negativamente - na verdade, creio que é no filme transmitida de uma forma bastante boa.
Sou um pouco suspeito, por alguns motivos que não posso esclarecer aqui, para falar de Constantine. Pessoalmente, considero-o a todos os níveis, mas principalmente ao nível do enredo, um excelente filme, que vale bem o preço do bilhete. Não o recomendo a quem for à procura de um filme de terror - para esses, sugiro que aguardem "The Ring 2".
Classificação: 8/10
João Campos

sábado, fevereiro 26, 2005

Os factos da semana

Sei que neste espaço não costumo falar de mim nestes termos, mas afinal de contas isto é um blog.
Ponto alto da semana: "O Crepúsculo dos Deuses". Foi um bom começo. Mas daí não passou. Saber que passei (informação não confirmada) a Semiologia. Ter conseguido comprar isto.
Pontos baixos da semana: Versão horóscopo: Amor, Dinheiro, Saúde, Trabalho e Lazer em queda livre. Tradução: as mulheres não sabem o que querem, e enquanto não descobrem, só mentem; a minha conta bancária atinge mínimos históricos; as minhas costas estão cada vez piores; frequência de Análise Económica (nem comento); o fim da minha fantástica ligação à Net - que significa o fim da minha assiduidade na blogosfera, pelo menos enquanto não configurar a placa de rede do portátil.
Novidades: Talvez hoje inaugure aqui o espaço de crítica cinematográfica. E um destes dias o de crítica literária (dos livros que for lendo por prazer - nada de novidades da semana ou outras coisas à Marcelo).
Factos da semana: o meu desaparecimento da blogosfera desactualizou-me.
João Campos

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Never change

Em entrevista à Visão Online, "sobre o próximo primeiro-ministro, José Sócrates, Jardim afirmou que não o conhece. «Dizem que tem um feitio ríspido, agressivo e impossível de aturar. Também dizem o mesmo de mim. Vamos lá ver se faísca ou não», disse."
Definitivamente, há coisas que nunca mudam.
João Campos

Curva à esquerda

Marques Mendes e Menezes, ambos candidatos à liderança do PSD, querem "recentrar o partido no centro-esquerda"[sic]? Então e como fica o seu eleitorado de centro-direita?

Sinto o meu primeiro voto defraudado. Está tudo maluco, só pode.

Está bem, Carlos. Está visto que o mundo conspira contra mim. Eu rendo-me. Mas nunca ao Bloco e a Louçã - afinal, ele é co-autor do nosso livro de Macroeconomia. Sabes que te digo eu? Avante, camarada!

João Campos (turning red)

"Getting people to do what you want is simply a matter of telling them what they wanted to hear."

Depois da jogada de marketing político de Sócrates, ainda alguém tem dúvidas da validade deste raciocínio?
João Campos

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Estudos de mercado

Agora estou a imaginar a cena: José Sócrates, sentado numa mesa redonda com vulgares anónimos, num focus group como aquele do sensacional anúncio do detergente Xau!
Isto a propósito deste artigo do Blasfémias, a propósito desta entrevista, onde se fica a saber como Sócrates ganhou as eleições. Basicamente, as suas ideias (desconhecia que ele tinha ideias - talvez este seja o dado mais importante a retirar disto tudo!) foram testadas em focus groups para se determinar quais seriam as que dariam e não daríam votos. E descobre-se que afinal "os portugueses não querem as tão faladas reformas políticas se elas trouxerem instabilidade à sua vida".
Ou seja: os portugueses querem um sistema de segurança social como o escandinavo, um sistema nacional de saúde como o alemão, mas pagando poucos impostos e não fazendo sacrifícios.
É impressão minha, ou isto é tão tipicamente português..?
Decido ir blasfemar no debate. E descubro a alínea h) da minha viragem à esquerda: alguém no debate acusa-me, quando falo da mentalidade portuguesa, de ser maoísta. Alguém me ajude. Começo a desesperar.
João "Mao" Campos
(Colegas do curso de P.M.: fiquem de olho no marketing político. Podem fazer fortuna à custa disto.)

terça-feira, fevereiro 22, 2005

O que meia dúzia de gotas de água fazem

A nossa blogosfera vai dizendo, em jeito de brincadeira, que a chuva do dia de hoje é o primeiro milagre do PS, que já está a dar resposta às necessidades da população, tornando-se assim a chuva num bom augúrio.
A minha interpretação da coisa: se a chuva é um milagre socialista, então é um milagre muito fraquito. O meu Alentejo continua árido e sequinho como o rabiosque de um bebé com fraldas Dodot. Se, de facto, a maioria absoluta de Sócrates tem de facto controlo sobre os sistemas de baixas pressões e frentes frias, então já se sabe que o Alentejo vai continuar esquecido, a menos que faça falta mais alguma auto-estrada para o Algarve.
Caso não se aceite esta tese, mas se aceite a opinião de Margarida Rebelo Pinto ("não há coincidências"), então estamos perante um caso de Assurancetourix, o célebre bardo da irredutúvel aldeia gaulesa de Astérix, cuja voz estridente irritava Toutatis e Belenos, que desencandeavam chuva como protesto (no further explanation - you know what I mean...).
Cá para mim, choveu apenas por chover. E nem foi nada de especial, esta chuvinha.
João Campos

Laranja

No passado domingo fui votar pela primeira vez. Talvez seja o meu espírito romântico a emergir, ou a minha veia pseudo-literária, mas julgava que a coisa tinha algo de especial (primeira vez, afinal de contas). Deuses, como sou ingénuo!
Positivo: surpreendi-me com a quantidade de partidos que havia no boletim de votos. Não sabia que havia assim tantos!
Negativo: Ao olhar para os cinco principais partidos, desiludo-me. Gostava de poder olhar para um partido - fosse qual fosse - e pensar "vou votar nestes gajos porque o programa deles é bom, e porque o candidato é um tipo sério, que eu creio ser capaz de efectuar algumas reformas necessárias e de não ceder aos lobbies instituídos". Mas não. O que poderia fazer seria escolher, de entre as opções possíveis, não uma opção boa, mas aquela que seria menos má.
E nem isso eu fiz. O meu voto (apesar das inconscientes tendências de esquerda que me andam a assaltar) foi no sentido de impedir uma maioria absoluta rosa. Ainda equacionei o voto branco, mas esse seria inútil, como aliás se veio a verificar. Aqueles que votaram em branco para fazer um protesto geral desiludiram-se - na comunicação social, falou-se, e fala-se ainda, da redução da taxa de abstenção. Mas não se fala da percentagem de votos brancos. É como se fosse insignificante e irrelevante.
Não serviu de nada, o meu voto. O PS tem a maioria absoluta, o Bloco cresceu exponencialmente. A esquerda criou um novo "mapa-cor-de-rosa". Não tenho memória concreta daquilo que foram os seis anos de guterrismo - apenas uma opinião formada pela sua fase final, e por outras opiniões (o que será sempre tendencioso). Mas as expectativas, ainda assim, não são boas.
João Campos

Coisas do amor

Inspirado por Pedro Mexia, fui fazer o teste do Love Doctor.

Ponto prévio: Defino-me como pessimista, céptico, cristão-não-praticante, existencialista e de direita-que-afinal-está-um-bocadinho-à-esquerda (em suma, sou incoerente). Como tal, não acredito nestes testes que circulam pela Net a pretender darem aos cibernautas as grandes verdades da vida, ou apenas algumas mentirinhas. Da mesma forma que não acredito nas cartas da Maya ou no José Sócrates. A cena é que sou um gajo curioso (vou ser jornalista, afinal de contas). Por isso faço montes de testes destes.

O teste é simples: introduzimos o nosso nome e o nome de outra pessoa, e clicamos em . O teste diz a percentagem de compatibilidade amorosa, assim, por magia, sem perguntas indiscretas e sem cobrar nada.

Que descobri eu: que, afinal, o meu amor ao Benfica é maior do que aquilo que alguma vez imaginei.

João Campos

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Mais uma evidência de que afinal sou de esquerda:

Que deve constituir a alínea g): o rato do meu computador anda com stress de guerra. No écrã, o cursor revolta-se sem aviso e foge para o canto superior esquerdo. A sua setinha aponta para a esquerda.
Save me!
João Campos

Uma questão de bolas

Nunca pensei um dia vir a dizer uma coisa destas: Santana pode ser o mulherengo; mas afinal, Portas tem mais tomates que ele.
João Campos

Sócrates insiste . . . .

. . . . em dizer que quer colocar no mercado de trabalho mil (1000) licenciados em tecnologia e gestão.
Então e os licenciados da área das humanidades? Afinal em democracia sempre há excluídos. Na minha terra, isto é discriminação!
João Campos

A matter of timing

Ó camarada Sócrates: se agora que já ganhaste e estás no poleiro não é o momento para dizer quem vai contigo para S. Bento, quando é?
João Campos

domingo, fevereiro 20, 2005

Here we go again...

Sobre o discurso de Santana Lopes:
Não começa seu o discurso dramático, emocionado e metafórico com a já clássica expressão "portuguesas e portuguesas". Manda as suas farpas, desvaloriza os resultados dos socialistas e valoriza, de forma irrealista, as sociais-democratas, num claro eufemismo. Converte definitivamente a direita ao cristianismo, ao aludir a Deus. Mas não se demite! Apenas convoca o congresso extraordinário, para se retirar de vez, para se recandidatar ou para saltar para o poleiro de Belém (seria irónico, e talvez o payback time...). Ou seja: não diz nada.
Sobre o discurso de Sócrates:
Evidentemente que tinha de falar da "campanha negra". Agradece a confiança dos portugueses. Apregoa a queda do mito das maiorias de direita. Mas continua sem dizer nada de concreto. Típico.
À direita e à esquerda, estamos é todos tramados (Suécia, Carlos..?)
João Campos

Querem ver que afinal a Direita sempre ganhou alguma coisa..?

Paulo Portas demite-se da liderança do CDS-PP.

Foi um Paulo Portas visivelmente emocionado (faltou a lágrimazinha...) que reconhece ter falhado os seus quatro objectivos, e se demite da liderança do seu partido. Sem, no entanto, deixar de mandar a indirecta (directa) a "antigos presidentes" do CDS-PP.

E fez tudo isto com discurso sincero, e mordaz em alguns pontos.
Now we're waiting for the return of the prodigal child...

João Campos

Alien

Imaginemos que eu sou um extraterrestre vindo de um qualquer planeta distante (o que, para quem me conhece, não é difícil de imaginar). Aterro o meu disco voador numa planície do Alentejo - que o aeroporto na Ota ainda não está pronto, e a Portela não em dá permissão para aterrar. Trago informações sobre o país na minha base de dados (informatizada sem necessidade de choque tecnológico), mas apenas referente aos últimos três anos. Vou até um café e vejo na televisão - partindo do princípio que não dá futebol - debates e comentários políticos, sobre a nossa actualidade. Ouço aquilo que se tem dito.
Decerto ficaria com a sensação de que este cantinho à beira mar plantado era um paraíso até há três anos atrás, que Barroso, Lopes e Portas tornaram num inferno.
Spare me, if you don't mind. This is far from true.
Ou toda a gente já se esqueceu de Guterres? Vão dizer a este alienígena que ele foi um bom primeiro ministro, que mais não fez por não ter a maioria absoluta? E agora que o PS a tem? Pela lógica de Coelho... levamos todos!
João Campos

Migração para a Esquerda? Para a direita? Para Norte!

Sócrates falava há dias, sabendo ou não daquilo que falava (eu pessoalmente duvido), do modelo económico dos países escandinavos.
Acho que sim. Aliás, agora que Sócrates já tem o bilhete para o autocarro 49, do Rato até S. Bento, é capaz de não ser má ideia que eu veja o modelo económico escandinavo. Mas na origem, que o texto original é sempre melhor que as traduções, e esta dos socialistas parece-me daquelas da Europa-América.
Como é, Carlos? 'Bora para os fiordes do Norte? qual preferes: Suécia, Finlândia ou Noruega?
João Campos

Sorriso Pepsodent

E o prémio de indivíduo mais feliz de Portugal - quiçá da Península Ibérica - vai para . . . . Jorge Sampaio, ainda Presidente da República.
É o grande vencedor da noite.
No entanto há algo mais a ter em conta: a enorme falta de memória dos Portugueses.
Thank you, portuguese people. You've just doomed us all.
João Campos

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Ainda não foi hoje...

... que me deitei antes das quatro da manhã.
Está difícil.
João Campos

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Em dez minutos de debate

... que foram os que vi, decidi o meu sentido de voto. Vou votar no Jerónimo de Sousa. Não, não estou a brincar. Motivo? Simples: o homem não consegue falar, mas quando abre a boca, diz algo mais concreto que qualquer um dos outros (seja o esgrimista-de-dedo Portas, o gerador-de-vida Louçã, o robot Sócrates ou Santana (falta-me adjectivo para este)).
Sigo o debate no Blasfémias. É bem mais interessante e menos demagógico.
João Campos

Porque devia eu ser de Esquerda:

a) A minha banda preferida são os eternos activistas System of a Down;
b) Leio diariamente o Barnabé;
c) Sou a favor da legalização das drogas leves, apesar de habitualmente não consumir (mesmo);
d) O país que mais gostava de conhecer é a Rússia (mesmo mesmo!);
e) O resultado da minha bússola politica foi [Esquerda / Direita: -3.25 ; Autoritarismo / Libertarianismo: -3.18], o que graficamente me coloca na esfera da Esquerda Liberal.
Em suma: sou incoerente. Ou, estilisticamente falando, sou uma antítese. Ou, filosoficamente falando, um paradoxo (e daqui podem partir para o insulto).
João Campos
(Adenda: esqueci-me há bocado. Afinal, há uma alínea f: na noite de domingo para segunda, ou seja, quando se noticiou a morte da Irmã Lúcia ou quando o Cu(s)pido começou a fazer das dele, dormia a sono solto no meu bunker da Estrela e sonhava com Lenine. Deve ter a ver com o facto de, na véspera, ter estado a estudar a Revolução de Outubro. Ou talvez não.)

Liberal ou não liberal?

A morte da vidente de Fátima suscitou nos territórios virtuais da blogosfera lusa um debate que evoluiu da verdade da mentira ou da mentira da verdade das aparições para o que é ser liberal, fanático e idiota, entre outros mimos.
Evidentemente que bloguistas (não confundir com bloquistas, por favor), de Direita e de Esquerda puxam cada qual a brasa à sua sardinha e inevitavelmente temos discussão. Porque a Esquerda, tradicionalmente, acha que ela é que é liberal; por seu turno, a Direita acha que não é só a Esquerda que pode ser liberal. No meio, juntam-se os ateístas e a sua inflamada prosa missionária, procurando libertar esta ocidental praia lusitana do jugo opressivo de Deus (desculpem lá o mau jeito - mas Deus já se pirou daqui há muito tempo).
Para mim, a discussão é insignificante. Não importa aquilo que a retórica da Direita ou da Esquerda digam, que o liberalismo resume-se numa frase apenas: a minha liberdade termina onde começa a liberdade do próximo.
Isto aplica-se à liberdade de se acreditar naquilo que se quiser.
Apenas um comentário a um artigo do Blogue de Esquerda: percebo o que é dito no final do artigo, e confesso que já senti o mesmo em algumas ocasiões. Mas acreditar no transcendente é mais do que isso. Não tem nada que ver com "não acreditar na sua autonomia, nas suas capacidades, na sua liberdade de pensar e de agir, mas se julga vigiada julgada a cada segundo e prefere abandonar-se a uma entidade superior, não se atrevendo a contrariá-la ou questioná-la com receio de represálias (...)". Não acredito que Deus me controle; tenho muita fé no meu livre arbítrio. Acredito, no entanto, que existe algo mais. Ponto.
João Campos

"Segundo a Irmã Lúcia, este [Portugal] ainda é um cantinho do céu" (II)

Diz um padre entrevistado no directo da manhã da RTP1 em Coimbra.
Nem quero imaginar como será o Inferno.
João Campos

"Segundo a Irmã Lúcia, este [Portugal] ainda é um cantinho do céu" (I)

Diz um padre entrevistado no directo da manhã da RTP1 em Coimbra.
Impressionante. Até no céu somos pequeninos.
João Campos

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Lúcia

Graças a esta menina, e às suas visões, temos desde ontem a blogosfera ao rubro. Há muito que não via tantas acusações de fundamentalismo, tantas manifestações de ignorância, tanta arrogância debitada por palavra.
Pouco mais sei sobre Lúcia para além do nome, e de que alegadamente viu Fátima em criança. Não sei se é verdade ou não, e sinceramente pouco me aquece ou arrefece. Acho curiosa é a forma como o assunto é tratado por crentes, agnósticos ou ateus. Acima de tudo, o que os artigos, comentários e contraditórios da nossa blogosfera demostram é uma excessiva intolerância em todas as trincheiras. Dos católicos, que não admitem que lhes devassem a santa. Dos ateus, que não admitem que os católicos não admitam que lhe devassem a santa. Qual é a visão mais "liberal" aqui?
João Campos

S. Valentim:

Provavelmente, o segundo maior apelo ao consumismo do mundo ocicental. A seguir ao Natal, evidentemente.
E não me venham dizer que a irritação se deve ao facto de estar sozinho. Acho, simplesmente, que o dia dos namorados, assim como o dia da mãe, do pai, e mais do raio-que-parta, deve ser vivido todos os dias, um de cada vez. Os dias convencionados são uma indulgência barata. Nestes dias, temos por obrigação lembrar aquilo que nos restantes trezentos e sessenta e quatro (ou cinco), fazemos questão de nos não lembrar.
João Campos

sábado, fevereiro 12, 2005

Teorias da Conspiração I

Afinal a falsa notícia do Público acerca de posição Cavaco Silva tinha outra ideia por trás e servia outro interesse: o do próprio Santana Lopes, numa tentativa de quebrar o muro de silêncio do professor, de forma a fazê-lo manifestar o seu apoio ao PSD.
Isto não é necessariamente verdade. Apenas mais uma acha para a fogueira em que arde a política nacional. Eu há tempos falava dos autos de fé. Já que chegaram a este ponto, podiam ter-me levado à letra, não?
João Campos

Bitter irony

Isto de (sobre)viver numa residência de "estudantes" tem destas coisas. Nunca em quase dois anos houve passou um programa de televisão que eu quisesse mesmo ver (até ontem). E, quando finalmente passou, não pude ver, porque a televisão da sala comum já estava monopolizada por alguém.
Enfim. Estavam a ver wrestling. Ao menos, durante o zen moment do "cigarrinho da deita", pude relembrar o "espectáculo" que é a luta livre americana. O teatro. A encenação. E dei para mim a pensar que a nação americana não se tornou ridícula com Bush, muito menos com o blowjob de Lewinsky. Ela já o era, em muitos aspectos, há tempo considerável.
E descobri, ainda, onde Jorge Perestrelo desencantou a inspiração para fazer aqueles relatos de futebol efervescentes. Não foi propriamente o mesmo que teria sido se tivesse visto o Inimigo Público, decerto. Mas já não foi mau.
João Campos

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Extremos

Discute-se na União Europeia a proibição de símbolos associados ao nazismo (como a suástica), ou o martelo e a foice do comunismo (proposta de alguns estados de leste, como se pode ler aqui).
Pessoalmente, considero a discussão um disparate. Liberdade de expressão, meus amigos! Não é que andasse por aí de suástica ao peito, nada disso. Mas para quê proibir? Estamos em democracia, ou não?
Aliás, se pensarmos bem, Estaline não foi melhor do que Hitler. Por isso o raciocínio dos países de leste faz todo o sentido. Democracia não é permitir à esquerda e proibir à direita. Ou se permite aos dois lados, ou se proíbe uma e outra. Da mesma forma que se proibem partidos neonazis, deviam ser proibidos partidos comunistas e de extrema-esquerda.
Percebo o conceito: há que respeitar as vítimas do nazismo, etc. A retórica é mais do que conhecida. Pergunta: estarei a desrespeitar alguém, ou a tornar-me criminoso, por ler o Mein Kampf? Voltamos aos tempos do Index?
João Campos

A não perder:

À meia-noite de hoje, na SIC, o programa d' O Inimigo Público. A odisseia televisiva do jornal de sátira que Santana, Sócrates, Louçã, Portas e companhia conseguiram tornar sério.
Porque "se não aconteceu, podia ter acontecido".
João Campos

Tortura

Atenção: isto não é uma promessa solene, nem nada que se pareça. Apenas uma ingénua resolução: não volto a ir à FNAC apenas por ir. Só lá irei quando for mesmo comprar algo que sei o que é e quanto custa, arranjando dinheiro para o efeito. Entro na loja, vou directamente à secção onde se encontra o artigo que procuro, levo-o para a caixa, pago e despeço-me. Somente.
Motivo: evitar autoflagelar-me ao ver isto, isto, ou isto, e não ter dinheiro para comprar.
Enfim. Ao menos comprei bilhetes para isto. Já não foi mau de todo.
(já agora, o catálogo on-line da FNAC é uma bela merda, não é?)
João Campos

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

(sem título)

(...)
"Todavia, existia algo que ensombrava todas as nações em combate. Algo que desde o longínquo ano de 1945 mantivera muitos países numa paz forçada pelo medo – a ameaça nuclear. Em 2027, data do início da guerra, uma boa parte dos Estados beligerantes era detentor de razoáveis arsenais atómicos. E, no fundo, todos ansiavam utilizá-los. No entanto, ninguém queria dar o primeiro passo, até porque ninguém sabia muito bem até que ponto os seus inimigos eram poderosos do ponto de vista nuclear. Esta débil situação durou seis longos e sangrentos anos, até que eclodiu finalmente no Outono de 2033. Não se sabe com certeza qual a data do primeiro ataque nuclear, nem qual foi o país a desencadeá-lo. Bem vistas as coisas, isso é apenas um pormenor sem grande relevância. O que importa é que os danos foram terríveis, e a resposta ainda pior. Ataques nucleares de larga escala foram desencadeados sem qualquer tipo de cuidado ou de controlo, procurando apenas duas coisas – destruir e matar. Cidades inteiras foram literalmente apagadas do mapa; lançaram-se ogivas ao mar para provocarem enormes e destrutivas ondas que arrasavam as áreas costeiras, nações sucumbiram perante bombardeamentos sucessivos, e o já instável equilíbrio do planeta entrou em colapso. Toda a Terra ficou coberta de poeira nuclear que encobriu o Sol e mergulhou todo o globo num inverno nuclear, numa noite fria e desoladora. Quando a guerra terminou, em 2034, cerca de quatro biliões de pessoas tinham morrido, por consequência directa ou indirecta do conflito. No pós-guerra, devido às novas e terríveis condições climatéricas, à falta de todo o tipo de recursos e a pragas devastadoras, pereceram cerca de dois biliões de pessoas, mais de metade da população sobrevivente. Todas as estruturas políticas estavam destruídas; os estados que resistiram à guerra desapareceram pouco tempo depois. O mundo humano, que a muito custo sobrevivia, resumia-se a pequenos aglomerados de subsistência dispersos por todo o globo. De certa forma, os anos que se seguiram à guerra foram o fim do mundo tal como ele era, e ficaram por isso conhecidos como “os anos do Apocalipse”."
(...)
Apenas um excerto de ficção científica da minha autoria. Profecia, talvez? No dia em que se torna pública a posse de armamento nuclear por parte da Coreia do Norte, é possível que a Humanidade tenha dado mais um passo em frente na direcção do abismo. Não culpo os coreanos, porém: se americanos e russos as podem ter, porque não eles? O desarmamento nuclear devia ser total, e não parcial; não vejo os Estados Unidos com moral para falar contra a Coreia do Norte. Todavia, as nuvens negras começam a cobrir o horizonte...
João Campos

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Contraditório "strikes back"?

Disse-se, no Público, que Cavaco apostava na maioria absoluta dos socialistas. Desmentiu hoje o nosso antigo primeiro ministro. Santana não comenta. Sócrates finge que não repara. Mas no meio disto tudo, há algo importante, que pode ser muito grave: a "notícia" teve de vir de alguma parte. Mas de qual?
Se for invenção jornalística, temos um caso de invenção de notícias que podem suscitar sérias consequências nesta altura de campanha eleitoral. Para além de ser uma violação de toda a ética e deontologia dos jornalistas (que, triste sina a minha, cada dia se enterram mais neste país).
Mas pode não ser, pelo menos totalmente. Se quisermos entrar no espírito das teorias da conspiração, podemos chegar a conclusões - hipóteses - interessantes:
a) Poderia ser manobra do Partido Socialista, numa espécie de "campanha negra" dissimulada, procurando tirar o tapete debaixo dos pés de Santana (não que ele precise de ajuda para escorregar, mas pronto...);
b) Poderia ser manobra de Santana Lopes, uma nova manifestação da sua já clássica estratégia de vitimização, desta evz alegando que até os "grandes" do PSD - perdão, PPD-PSD - se passavam para o outro lado da barricada;
c) Poderá mesmo ter sido verdade, e ter sido uma fuga de informação, ou a boca de Cavaco a fugir para a verdade - o que, pessoalmente, duvido.
De qualquer maneira, aceitam-se apostas.
João Campos

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Deambulações às três da manhã

O último artigo do blog de José Sócrates e da campanha do Partido Socialista, a propósito do comício de Santarém, é curioso: no primeiro parágrafo diz que "a campanha do PS prossegue em alta-rotação a apontar para a grande vitória no dia 20", para, no parágrafo seguinte, dizer que se deve evitar "todo o tipo de triunfalismo".

É impressão minha, ou há aqui uma contradição?

(Santana é bom nas metáforas; talvez Sócrates não queira ficar atrás nos recursos estilísticos, e se esteja a especializar em antíteses)

João Campos

Paradoxos informatizados

Qual é a lógica de o MSN Messenger não se conseguir ligar à internet (por não conseguir detectar a ligação) e a sua ajuda reenviar para a página específica da Microsoft?
É a versão moderna do clássico erro de arranque do "Teclado não detectado. Prima ESC para continuar."
João Campos

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Cartaz de Cinema:

Estreias fundamentais para este semestre (as minhas, claro, não as dos esquisitos dos críticos):

- 10. Fevereiro: Blade Trinity, de David S. Glover, com Wesley Snipes, Kris Kristofferson, Dominic Purcell e Jessica Biel - aquela miúda gira cheia de estilo com uma besta que aparece no cartaz (Acção/Aventura);

- 17. Fevereiro: Million Dollar Baby, de Clint Eastwood, com Clint Eastwood, Hilary Swank, Morgan Freeman e Jay Baruchel (Drama);

- 24. Fevereiro: Constantine, de Francis Lawrence, com Keanu Reeves, Rachel Weisz, Shia LaBeouf e Djimon Hounsou (thriller/terror);

- 17. Março: Ring 2, de Hideo Nakata, com Rachel Watts, Simon Baker, David Dorfman e Emily VanCamp (terror);

- 31. Março: Assault on Precinct 13, de Jean-François Richet, com Laurence Fishburne e Ethan Hawke (thriller/policial);

- 13. Maio: Star Wars: Episode III - The Revenge of the Sith, de George Lucas, com Ewan McGregor, Haiden Christensen, Natalie Portman, Samuel L. Jackson e Christopher Lee (ficção científica).

(não encontro, ainda, a data do Alone in the Dark (terror) e do War of the Worlds (ficção científica))

Fonte: canal de cinema do batráquio.

João Campos

domingo, fevereiro 06, 2005

Análise observacional

Nas pausas do estudo de Semiologia (a contar para a frequência de amanhã), na esplanada interior do centro comercial Saldanha Residence, junto aos restaurantes take-away:
- As quatro empregadas (uma com dois dentes de ouro...) que andavam a girandar por entre as mesas, recolhendo loiça, esvaziando cinzeiros, limpando as mesas e arrumando as cadeiras eram originárias da Europa de Leste;
- A menina que se ocupava da barraquinha das guloseimas era, também ela, do Leste da Europa;
- Os dois rapazes que estavam ao balcão ao qual pedi, no decurso da tarde, três cafés, um salame de chocolate, uma gelatina de pêssego, uma fatia de pizza e uma coca-cola eram brasileiros;
- A empregada do Shoarma era também brasileira.
Pergunta: se os portugueses se queixam tanto do desemprego, porque estão estes lugares ocupados por estrangeiros?
Atenção: não estou a fazer nenhuma tese xenófoba: como tal, não quero que me interpretem mal. Acho muito bem que estes imigrantes que escolhem Portugal como destino tenham um emprego. Aliás, sei bem o que se passa: o povo de cá não quer estas vagas laborais. Um lugar comum: querem um emprego, e não um trabalho.
Por isso, e por muito mais, acho complicado o Eng. Sócrates concretizar a sua promessa (ou a sua meta, se optarmos pelo eufemismo recorrente) de dar emprego a cento e cinquenta mil desempregados. Tinha que fazer lavagens ao cérebro quase a todos os desempregados.
João Campos

Desliguei-me...

... do mundo por uns dias (não, Carlos, o motivo não foi a semiologia). Não sei o que se tem passado. Há novidades?
João Campos

sábado, fevereiro 05, 2005

Alone in the Dark

Após a frustração de Resident Evil e de Tomb Raider (safa-se Final Fantasy, uma vez que segue um rumo diferente, mais virado para a sci-fi), será que é desta que teremos um bom filme inspirado num videojogo?

A avaliar pelo trailer... sim.

João Campos

Who wants to live forever?

Sei que o cito e refiro frequentemente. Aqui fica mais uma referência , desta vez não para um texto da sua autoria, mas para um texto que descobriu e que publicou.
Considera-o João Pereira Coutinho no seu blog o texto do ano. Após lê-lo uma e outra vez, rendo-me. Concordo absolutamente. E não, não é só por partilhar da opinião de George Blecher, da primeira à última palavra.
A ler.
João Campos

Are you talkin' to me? (III)

O debate prossegue:

(...)"Já sofri na pele essa montanha-russa que é a vida dos professores. Devido à minha mãe, larguei a fardinha, o coleginho no centro de Lisboa e mudei-me para Figueira de Castelo Rodrigo (ao pé da fronteira de Vila Formoso) onde me deparei, aos 10 anos, com uma realidade bem diferente da que eu conhecia, desde colegas de 13 anos casadas e gravidas a amigos de 18 anos violados e abandonados pelos pais. No ano seguinte fiz novamente as malas e fui para Manteigas (Serra da Estrela); felizmente estou de volta às minhas coisas, à minha casa e à minha realidade. Custa mudar todos os nossos hábitos de repente, custa ver a nossa mãe a sofrer todos os dias e a rezar para que seja mais uma vez colocada (...)"

"Teresinha" (em http://naumhacoincidencias.blogspot.com)

Pois é, Teresa. Infelizmente temos uma classe profissional a viver essa "montanha russa", como tão bem defines, e a "arrastar" as famílias atrás, ou a mantê-las separadas fisicamente. Ao longo de seis anos de ensino no segundo e no terceiro ciclo o que mais conheci foram casos desses: até ao décimo ano, posso contar pelos dedos de uma mão (tendo a certeza de que sobram) os professores naturais só que fosse do meu distrito (Beja - que já de si é imenso).

João Campos

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Evolução:

Já sei que, semiologicamente falando, serei um Sinsigno Icónico Remático.
João Campos

Are you talkin' to me? (II)

(Breve introdução: O imediatismo da Internet surpreende-me a cada dia. A resposta ao meu "desafio" do artigo anterior foi lançada nos comentários - creio, no entanto, que merece o destaque de um post.)
"A ideia do Inglês no Básico não é despicienda. Contudo, para começar, importaria clarificar que se está a falar do 1º ciclo, já que nos outros níveis do básico isso já acontece. Importa, também referir que a ideia já está a ser implementada, um pouco por todo o lado, por iniciativas de agrupamentos de escolas e câmaras municipais, no exercício das suas competências em matéria de educação (a "minha" câmara é uma delas). Do lado conceptual, portanto, nada de negativo poderá advir, muito antes pelo contrário. A questão deve colocar-se num outro plano - o da concretização. Que professores? Irá terminar o regime de monodocência no 1º ciclo, talvez a razão da pequena réstia de qualidade que o 1º ciclo mantém? Vamos contratar professores que se deslocarão a várias escolas? Como? Quem paga? Haverá avaliação? Este conjunto de questões, que levantam outros tantos problemas, faz-me concluir que, na verdade, a ideia avançada não passa de "politics" para a campanha.
Mudando de assunto, quero subscrever as suas preocupações quanto à ignorância dos nossos miúdos. É confrangedor o baixíssimo nível de conhecimentos com que aparecem no 7º ano, sobretudo no que tange ao domínio do Português, o qual, como se sabe, é estruturante para futuras aprendizagens na totalidade dos domínios. E, aqui chegados, é altura de discordar da sua ideia de que "não é com exames nacionais que se vai lá". Na verdade, os exames, nos fins de ciclo, são indispensáveis. Exames com consequências. Não com a finalidade de "chumbar" os alunos, embora os que tenham negativa não devam transitar, ou devam ser encaminhados para outras vias escolares. Exames para os quais seja necessário estar preparado. Exames que obriguem os alunos a estudar, a adquirir hábitos de trabalho, a valorizar o trabalho. Exames que avaliem o trabalho dos professores, que os responsabilizem. Enfim, exames que assinalem uma momento de viragem na cultura desresponsabilizadora e facilitista que nos trouxe até este "bater no fundo".
Ainda quanto à temática dos exames, quero referir que o único ano de escolaridade em que existe uma verdadeira preocupação dos professores em cumprir os programas é o 12º; que os professores que faltam menos são os que leccionam o 12º; que o único ano em que os professores se voluntariam para leccionar aulas suplementares é o 12º. Porquê? Claro - o exame!"
Agradeço, desde já, a colaboração do amigo Azurara. O meu pequeno "contraditório": creio que me expressei mal. Não sou de todo contra os exames nacionais. Creio serem importantes pelos motivos que enunciou. Simplesmente acho que o sistema educativo se centra demasiado em testes - e percebo o porquê. Não creio no entanto ser sempre a melhor forma de avaliação. A tese em "cultura SMS" pode dar também uma boa reportagem um destes dias, agora que penso nisso...
João Campos

Are you talkin' to me?

Um dos projectos de Sócrates é implementar o ensino do Inglês na escolaridade básica. Creio que a proposta encaixa algures no "choque tecnológico" dos socialistas (corrijam-me se estiver errado). A ideia tem sentido, se tivermos em conta que uma criança aprende muito mais facilmente uma língua estrangeira do que um adulto ou até mesmo do que um adolescente (está cientificamente provado). Considerando o actual ritmo de mundialização e de globalização, que está a impor o Inglês como idioma internacional, a ideia torna-se numa premissa inteligente, de persectivas a longo prazo - coisa rara por estas paragens!
No entanto, faço a pergunta, recorrendo (mais ou menos) às palavras do próprio Sócrates: estará a sociedade preparada para algo assim?
Apesar de útil, a ideia deve ficar, para já, em segundo plano. Creio ser prioritário ensinar aos petizes, antes de mais, a própria língua. É impressionante - pela negativa - a escrita dos alunos do básico, do secundário e até do ensino superior. Desconhecem-se regras de gramática e de sintaxe elementares. Erros de ortografia são disparados em todas as direcções, ferindo de morte a língua portuguesa a cada minuto que passa. Não há coerência ou capacidade argumentativa. A escrita ou a fala (e, consequentemente, as leituras que se fazem) situam-se quase no grau zero (gosto desta expressão). E a recém-chegada e instituída "cultura SMS" (ainda hei-de fazer uma tese sobre isto) começa a obliterar as poucas estruturas que a custo subsistem.
Da mesma forma, o ensino da matemática devia ser mais exigente. Os miúdos acabam o quarto ano hoje sem saberem dividir à mão 15364 por 456 (eu mal o sei, confesso). Estou no segundo ano da universidade, e sou incapaz de resolver uma equação simples, porque no básico tive maus professores e porque no secundário, a área de Humanidades esquece os números.
Por tudo isto, e por muito mais, creio ser prioritário, antes de mais, tornar o ensino do primeiro ao terceiro ciclos mais exigente. E não é com exames nacionais que se vai lá. É com adaptação e adopção de técnicas de ensino que respondam melhor às capacidades e necessidades dos alunos. Com o fim da brincadeira generalizada. Com critérios de exigência. Com incentivo à excelência, e não à mediocridade, como actualmente se verifica. Muito importante - com o fim da gozação da colocação de professores, criando critérios regionais que não façam um professor com a vida organizada em Viana do Castelo ir parar a Odemira. E com o apoio das famílias - que os papás e mamãs passem a educar os filhos, e não relegarem essa tarefa para educadores e professores. Quanto ao ensino do Inglês, deixemo-lo estar como está para já, reformando-o juntamente com o resto das disciplinas.
(Porque sou aluno e não professor, peço a alguém da área (com experiência empírica, como diria Louçã), que colabore com o Espelho e dê o seu parecer sobre o tema. Amigo Azurara, aceita o desafio?)
João Campos

Comunicação Interna

Miguel e Carlos: da próxima vez que acederam à dashboard deste blog, por favor vão ao separador "Settings". Uma vez lá, dirijam-se ao espaço "Formating" e, na caixa "Time Zone", acertem o time clock (poderia dizer relógio interno ou, até, fuso horário, mas o inglês tem mais pinta nestas coisas, e assim até colaboro com Sócrates e a sua política de Inglês) para [UTC +00:00] Europe/Lisbon. Apenas para que os artigos que postamos aqui ficarem na ordem devida.
Cumprimentos,
O departamento de Comunicação Interna do blog Deste Lado do Espelho

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Wake up, dude.

Não há dúvida de que os tipos do PP são mesmo, para além de algo desastrados, uns santinhos. A ingenuidade e bondade deles até metem dó. Nobre Guedes apela ao levantamento popular em Coimbra, para impedir a entrada de Sócrates na cidade dos estudantes. Para além de dar um tiro no pé da Direita em geral e do seu partido em particular, dá provas de uma ingenuidade só superada pelo seu desconhecimento da História de Portugal. Os tempos de Viriato, Afonso Henriques, D. João I já lá vão: o sebastianismo arrumou a energia do povo português, substituindo-a por uma ridícula esperança profética e messiânica. Matámos um rei em 1908, derrubámos outro dois anos depois, é verdade. Mas gramámos com uma ditadura opressiva durante mais de quarenta. E quando nos revoltámos não disparámos nem uma bala, apenas umas pedrinhas às paredes do quartel do Carmo. Um levantamento popular? Sejamos sérios: aos portugueses do século XXI, levantar-se da cama já é um desafio quase ao nível de um dos trabalhos de Hércules.
João Campos

Portugal - 0 ; Inglaterra - Muitos

Camarada Carlos (pode dizer-se "camarada", não se pode? Não é sinal de "comunice", pois não..?): o que dizes aqui sobre o futebol inglês é bem verdade. É a diferença entre um desporto de gentlemans para gentlemans, ou de um desporto de cavalos para burros. Ou a diferença entre uma nação civilizada e um país maquilhado (mais borrado que maquilhado) de civilização.
A ler: os eternos Maias, do nosso Eça. Continua actual. E cheira-me que assim há-de continuar por muitos e bons anos.
João Campos

Merda, pá!

Perdi o jogo entre Santana e Sócrates na RTP1 (e na 2: também?). Apanho comentários aqui, ali e acolá. Mas não é a mesma coisa.
Vai haver um remake? Quando? Onde? E, a não haver, será que a emissora pública vai passar um resumo alargado da partida, com destaque para os golos, as jogadas perigosas e os lances polémicos (o.k., esqueçam os lances polémicos... tratando-se de Santana teríamos horas de emissão)? E será o Gabriel Alves a relatar?
João Campos

Cometa Halley

Diz João Pereira Coutinho em entrevista ao Correio da Manhã (sim, sei que a entrevista já tem a poeira virtual de uns bons dias em cima... mas sou apologista da filosofia "mais vale tarde que nunca", que , aliás, constitui neste momento a única filosofia que se deve acreditar para a salvação deste país), quando interrogado acerca da possibilidade de Saramago regressar a Portugal e de Lobo Antunes ganhar o Nobel da Literatura, que para um país como Portugal, o Nobel a Saramago é como o cometa Haley. Passou por cá em 1997, voltará a passar daqui a um século. O que é muito bom: retira das costas do escriba nacional o peso de escrever prosa ‘humanista’ ou ‘ideológica’, ao gosto da Academia. Deixemos essas vigarices para as gerações vindouras.
Soa bem. Encaixa ainda melhor. No fundo, o Nobel acaba por ser como os Óscares: parece um prémio de âmbito alargado, mas obedece a "lobbies", e exclui à partida uma imensidão dentro do universo do qual faz parte - e é nessa imensidão que, muitas vezes, se encontra o que de melhor a literatura ou o cinema têm para oferecer. Tolkien dificilmente ganharia um Nobel, mesmo tendo a sua obra sido imaginativa como muito poucas. Da mesma forma que Matrix não foi considerado pela Academia como o melhor filme de 1999, mesmo não tendo nenhum outro filme dos anos 90 tido a profundidade ou constituído a revolução que a mente dos manos Wachovsky concretizou.
Raras vezes os prémios culturais premeiam efectivamente os melhores. Não é como uma corrida de cavalos, em que o cavalo que cruza a meta primeiro é o vencedor para toda a gente: na cultura, tudo é subjectivo. Por isso, muita gente me vai dizer que o Matrix é apenas uma festa de efeitos especiais, e que Tolkien nem é nada de especial, para além de ser extremamente maçador.
Por isso (e por muitos outros aspectos, mas não desmoralizemos e centremo-nos apenas neste) eu nunca ganharei um Nobel da Literatura ou um Óscar de Melhor Argumento. Mas sonhar não custa, e ainda é livre de impostos. Ainda.
João Campos

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

"Joana, a Louca"

Recentemente, fui levado ao cinema pelo filme "Joana, a Louca". E não fiquei arrependido. O amor é o tema central. Se tiverem uma oportunidade, vejam esta peça. Poucas terão descrito tão bem os dois níveis - estático e dinâmico - da relação amorosa.

Miguel Moura Santos

Jarra sem fundo

Vi, há pouco, num notíciário da 2:, Louçã a discursar emocionado numa fábrica de vidro que acabara de "sangrar" (que é como quem diz, "apagar") o último forno. Na mão, tinha uma jarra de vidro inacabada, último artefacto produzido no dito forno (segundo o líder do Bloco).
Pergunta pertinente: quantas jarras já gerou Louçã, para falar do crime que é aquele caco de vidro ficar inacabado..?
João Campos

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Dentro e fora

Uma vez que tanto gosta o secretário-geral do PS de falar em "estabilidade", aqui fica a minha pergunta: Quem é Sócrates, que, tanto quanto sei, integrava o governo de Guterres, para vir falar em instabilidade política e em quatro governos em quatro ou cinco anos, quando o seu Primeiro-Ministro foi o primeiro a, passe a expressão, "cagar fora do penico"?
João Campos

E continuam . . . .

A ler isto, no Público de hoje.
Parece que não dão tréguas. Tudo bem, eu até concordo que seja proibido fumar em restaurantes, e não só por a questão (a falácia) da saúde pública. É desagradável estar a comer e a levar com fumo. No entanto, aplicar a proibição a todos os espaços públicos fechados, parece-me a mim exagero. Afinal de contas, se é possível admitir a necessidade de ir a um restaurante, não me parece possível admitir a necessidade de ir a um bar ou a uma discoteca.
E - desculpem-me a teimosia - continuo a considerar que o tabagismo não é um problema de saúde pública. Quem fuma, só se está a matar porque quer. Por isso, a cruzada da União Humanitária dos Doentes com Cancro parece-me a mim um tanto ou quanto fora de contexto...
João Campos

Temperature's dropping

No meu Alentejo. Pois é. Desenganem-se os lisboetas que julgam as planícies quentinhas todo o ano.
Mas, ao que parece, não são só as temperaturas que estão a baixar. É também o... o... como dizê-lo? Não queria recorrer à expressão "nível", soa muito jet-set, que mete nojo... mas pronto, seja, que é a única que me ocorre: é também o "nível" das campanhas eleitorais para 20 de Fevereiro, em queda livre, quando tudo indicava que já seria difícil descer mais baixo. Caro Santana Lopes: o seu argumento é vazio. Se vamos lá pela sua lógica dos "colos", por gostar de mulheres, etc, então que se eleja Zézé Camarinha a Primeiro-Ministro.
João Campos