terça-feira, abril 26, 2005

Reaccionário ou Conservador

A isto eu chamo de grande resposta.
João Campos

segunda-feira, abril 25, 2005

Provocação mais oportuna

Em 1970, numa entrevista ao semanário francês L´Express, Eugène Ionesco fez estas declarações: «É do mito da revolução que nos deveríamos desembaraçar.» «As revoluções servem apenas para restaurar a repressão.»

Miguel Moura Santos

O meu último post sério sobre futebol

Eventuais textos que publique sobre o autoproclamado 'desporto rei' (laugh) constituirão somente provocações aos lagartos.
Isto porque não adianta. Falar de futebol é, a meu ver, uma das mais perfeitas perdas de tempo (prefiro debater o sexo dos anjos). Visionava há momentos os programas sobre o campeonato português da 'emissora católica' - que, diga-se de passagem, são uma merda. No entanto, o fórum foi interessante para confirmar uma velha teoria, formada quando, há anos, assisti a uma discussão entre dois amigos, um lampião e um lagarto, a propósito de um Sporting-Benfica ao qual tinham assistido juntos, lado a lado, na mesma mesa do mesmo café aqui da aldeia, sendo que na troca de palavras cada um 'argumentava' que a sua equipa tinha sido prejudicada pela arbitragem - roubada, portanto. As pessoas não conseguem discutir futebol de forma minimamente parcial. Ponto. Nada mais a dizer. Pior: desculpam sucessivamente os maus resultados da sua equipa com as exibições dos árbitros. Tecnicamente, já nenhuma equipa joga mal. Os árbitros é que, a mando de 'certos e determinados' dirigentes, promovem autênticos roubos de igreja, para prejudicar algumas equipas, levando outras ao colo - parece que, na má-língua recorrente, é o Benfica o empurrado desta época.
Primeiro ponto: o árbitro é, antes de mais, um ser humano. Tão simplesmente um ser humano. Tudo bem, admito que já vi jogos no mínimo escandalosos. E que por vezes se nota alguma dualidade de critérios no momento de exibir as cartolinas coloridas. No entanto, todos os críticos de sofá e de mesa de tasca deste país se esquecem de um pormenor: no conforto dos lares, ou por entre o fumo e o cheiro a bagaço do pasquim, existem câmaras como extensão do sentido da visão (coisa à là McLuhan). Câmaras que permitem ver jogadas em câmara lenta, de trás para a frente, de ângulo invertido. Que permitem congelar a imagem e ampliar detalhes. Ora o árbitro e os fiscais de linha não dispõem destes artifícios - apenas da sua visão momentânea e evanescente. E de um julgamento pronto dessas fugazes observações. Ou seja, aquilo a que muitas vezes o povo chama de 'roubos' são somente erros por má visão de um lance mais rebuscado.
Ao fim de anos a levar com esta merda de retórica, fico cansado. E ouvi-la de forma tão brejeira como hoje no fórum da TVI tive a oportunidade de ouvir nem me fez rir. Dá que pensar. A forma intransigente, exaltada e evidentemente obcecada como as pessoas falam de futebol dá quase para pensar que os jogos interferem directamente na vida de cada um - o que, for Christ's sake, não acontece. É apenas um jogo - Uns ganham, outros perdem. O que não existe em lugar nenhum é desportivismo.
O que quer dizer que a partir de hoje só vejo a liga inglesa e que, oficialmente, torço ou pelo Chelsea ou pelo Manchester. Não sei se o futebol inglês é mais ou menos rico que o português nestes casos, e sinceramente não quero saber. Quero é estar suficientemente longe para não levar com as polémicas a toda a hora.
João Campos

domingo, abril 24, 2005

Provocação oportuna

Numa feira de coisas velhas, achei e comprei o Journal d´un curé de campagne, de George Bernanos, um senhor gaulês que proferiu esta sentença: «O esquerdismo é a manifestação suprema da imbecilidade universal.»

Miguel Moura Santos

sábado, abril 23, 2005

Ensinamento do aniversariante

Se me pedirem que discurse no dia em que fizer vinte anos, direi isto:

Ensinamento do aniversariante

Fazer anos é como fazer cócó. Não se riam. Não tem graça nenhuma. Fazer cócó não tem graça nenhuma. E fazer anos não tem graça nenhuma também.

Fazer anos é como fazer cócó. Não se riam. Não tem graça nenhuma. Fazer anos não cheira bem. E fazer cócó é sempre uma festa.

Fazer anos é como fazer cócó. Não se riam. Não tem graça nenhuma. Fazer cócó e fazer anos é quase o mesmo.

Fazer anos é bastante natural. Fazer cócó é bastante natural.

Fazer anos é estar feliz. Fazer cócó é estar feliz.

Como vêem, fazer cócó e fazer anos é quase o mesmo.
Fazer anos e fazer cócó é o mesmo.
Fazer cócó é fazer anos.

E fazer anos é fazer cócó.

Miguel Moura Santos

Mensagens de Raztinger

Na revista Visão desta semana, é abordado o pensamento de Joseph Ratinger em diversos artigos. De um, que ostenta como título Dicionário Ratzinger, saliento estas mensagens:

Clonagem: «Mais perigosa do que as armas de destruição em massa.»

Presente: «Estamos a dirigir-nos para uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como certo e que tem o seu maior objectivo no ego e nos desejos de cada um.»

Miguel Moura Santos

sexta-feira, abril 22, 2005

Crying out loud (II)

E também o comboio regional para o sul parecia uma creche. Mentira: os miúdos eram mais do estilo do ensino primário e pré-básico: vidrados no Game Boy e nos Pokémons, a ouvir Linkin Park convencidos de que são o máximo e de que o som que ouvem é pesado - por ingenuidade ou por burrice, cada um que pense aquilo que quiser (também eu ouço, e bastante, os Linkin Park, mas nem me julgo radical ou o máximo, nem considero a sua música pesada... longe, bem longe disso, na verdade).
Não se perdia nada era se fechassem a matraca por um bocado. Só depois da Funcheira é que consegui um bocadinho de silêncio naquele comboio.
João Campos (a contemplar maravilhado o silêncio do bunker alentejano)

Taxi Drivers (II)

Corrida de Sta. Isabel à estação de Entrecampos (percurso típico). 18h45 p.m, o sol ainda persiste no céu. Diálogo: nulo, excepto no acto de pagamento. Autorádio: Desligado. Assim como a ligação à central. O único ruído a registar eram as sonoras buzinadelas com que o fogareiro fuzilava os condutores mais lentos. De salientar: a ultrapassagem na 5 de Outubro, que quase me fez soltar um Pai-Nosso. E o facto de o taxista não saber ao certo onde me havia de deixar em Entrecampos.
João Campos

Volução?

Até ao ano passado, o 25 de Abril era 'Revolução'. No ano passado (talvez motivado pelo mascar de pastilha de Portas), o 25 de Abril passou a ser 'Evolução'.

E este ano, que será?

João Campos (muito curioso)

Questionário

Considerando a solicitação do senhor João Campos, darei seguimento a este questionário.

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Não sei. Talvez um livro em branco.

Já alguma vez ficaste apanhadinho por uma personagem de ficção?
Para ser franco, sim. Por Anne Frank, que nunca foi para mim senão uma ficção.

Qual foi o último livro que compraste?
Essays and Reviews, by Edgar Allan Poe. Em português, Poética (Textos Teóricos), de Edgar Allan Poe, traduzido pela professora Helena Barbas com cuidado e requinte.

Qual foi o último livro que leste?
A Paz Perpétua, de Immanuel Kant.

Que livro estás a ler?
Le Solitaire, de Eugène Ionesco, e Investigações. Novalis, de Gonçalo M. Tavares.

Que livros (cinco) levarias para uma ilha deserta?
Nenhum. Somente um caderno. Uma ilha deserta esconde inúmeras riquezas.

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
Aos três primeiros leitores destas pequenas respostas. Porquê? Porque, não sabendo quem seleccionar, selecciono pessoas incógnitas que nunca saberão que foram seleccionadas.

Miguel Moura Santos

Crying out loud

Irra, que o autocarro 58 hoje parecia uma creche! Só miúdos de goela aberta na inigualável chiadeira irritante que qualquer petiz solta pela mais insignificante das razões.
(perdoem-me as meninas a minha falta de insensibilidade...)
João Campos

Insucesso universitário

Causa do insucesso nas universidades: proliferação feminina.

Sem querer parecer misógino, não deverão as senhoras ficar em casa?

Miguel Moura Santos

quinta-feira, abril 21, 2005

Suicídio e eutanásia

Anteontem, lendo o Destak, vislumbrei esta notícia: KIT EUTANÁSIA. O "kit da eutanásia" contém vários fármacos que podem ser adquiridos por qualquer doente que pretenda cometer eutanásia na sua própria casa. O kit já está disponível nas 250 farmácias existentes na Bélgica. Quando cheguei ao final do texto, coloquei esta pergunta: Terão os termos "suicídio" e "eutanásia" um significado tão equivalente?

Miguel Moura Santos

Sobre Joseph Ratzinger

Ouço dizer que Joseph Ratzinger é demasiado conservador. Mas Joseph Ratzinger foi incumbido do ministério da doutrina da fé por Carol Woityla. Isto quer dizer, por um lado, que não foram entendidas as posições de Carol Woityla e, por outro, que não são compreendidas as atitudes de Joseph Ratzinger. Por outras palavras, Carol Woityla foi, não progressista, mas afável, assim como Joseph Ratzinger é, não conservador, mas austero. Retirarei estas afirmações, se me disserem que o que pretendem é que a Igreja renuncie aos seus dogmas. E, nesse caso, não farei qualquer comentário, porque a Igreja não pode deixar de ser a Igreja, senão nas mentes utópicas das sociedades contemporâneas. Se a Igreja divulga a mensagem bíblica, não poderá ser nunca outra coisa que não conservadora.

Miguel Moura Santos

quarta-feira, abril 20, 2005

Comentário interessante

Acerca da eleição de Ratzinger, disse ao jornal El Mundo José Saramago: "Deus me acuda com o novo Papa".

Miguel Moura Santos

Comentário pouco sério

E o novo Papa é... Der Führer Joseph Ratzinger!

Miguel Moura Santos

Comentário muito sério

Felizmente, o novo Papa é o Cardeal Ratzinger. O mundo carece de um rigor austero.

Miguel Moura Santos

terça-feira, abril 19, 2005

O papável

Ironia do destino, a um polaco sucedeu um alemão. Milhares de polacos no Vaticano e o fumo branco (do Português Suave de Policarpo?) escolhe um germano. Giro. Será o início do IV Reich?
João Campos

domingo, abril 17, 2005

O ex-líbris da tugoesfera

(interessante, o conceito de tugoesfera!)

Amigo Azurara, aceito com agrado o desafio lançado. Aqui ficam os meus reflexos sobre o tema:

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Aqui, não percebi se o "para ser queimado" fazia parte da resposta do Azurara ou da pergunta. Por isso respondo a ambas: para ser queimado, podia ser... huh, let me see... acho que qualquer um de Margarida Rebelo Pinto ou Paulo Coelho. Ou o livro de algum blog de extrema-esquerda. Fora isso, creio que "Aparição", de Vergílio Ferreira, tem tudo a ver comigo (mas nunca li o Fahrenheit 451).

Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Quer dizer, apesar de lhe achar piada, eu não sou propriamente Carroll... mas sou um eterno apaixonado por algumas personagens dos meus contos. Por fora, dou uns mirones a Moon Dawntreader, do romance The Snow Queen, de Joan D. Vinge (já agora, amigo Azurara, esqueça a Lara Croft e jogue a um joguito de combate intituado Dead or Alive. Depois conversamos sobre personagens femininas em videojogos :) ).

Qual foi o último livro que compraste?
Se banda desenhada contar, então foi a adaptação para b.d. do filme Constantine. Quanto a literatura pura, foi mesmo o já citado The Snow Queen, de Vinge. É a literatura norte -americana de ficção científica ao seu melhor.

Qual o último livro que leste?
Idem.

Que livros estás a ler?
Os Irmãos Karamazov, do grande Dostoievsky.

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Optaria, como o Azurara, pela trilogia O Senhor dos Anéis de Tolkien, juntamente com The Brother's War, de Jeff Grubb (o meu livro preferido) e Manhã Submersa, de Vergílio Ferreira. Mas se pudesse levava também uma miúda gira :)

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
Deixo aos meus parceiros de blog - Carlos, Miguel, Alexandre, esforcem-se, vá lá. Mas eles contam como um só. Deixo o desafio também à Moon Priestess (http://nomundodalua.blogdrive.com), uma vez que é a minha mais entusiástica leitora e uma das minhas mais queridas amigas; e à Teresinha (http://naumhacoincidencias.blogspot.com), porque também é uma leitora querida e porque gosto imenso do blog dela.

Nota: Obrigado pelos elogios, Azurara. Apraz-me sinceramente a consideração em que me tem. No entanto, tenho de lhe dar uma pequena 'desilusão': eu sou... benfiquista!

João Campos

Conversas cruzadas

A caminho do almoço no centro comercial das Amoreiras, apanho a seguinte discussão entre um casal que julguei namorados:
"Sou uma rapariga bastante fiel (...)"
O que é ser "bastante fiel"? É ser-se confiável durante a maior parte do tempo, mas de quando em vez dar um ou dois beijinhos por fora? Tretas. A fidelidade não se relativiza: ou se é fiel, ou não se é. Ponto. Quando os cornos estão postos, nada os tira de lá.
João Campos

sábado, abril 16, 2005

First Deadly Sin

Sloth (preguiça).
Barafusta-se aos quatro ventos pelo fim dos exames do nono ano. Porque tornam o ensino num ciclo altamente selectivo, afirma o PCP (via Mocho). Não é selectivo, meus amigos. É exigente. É para evitar que cheguem ao secundário e, até, ao ensino superior, macacos com corpo de vinte anos e idade mental de 14. Que não sabem um mínimo de uma língua estrangeira nem as regras básicas de sintaxe. Não é uma questão de elitismo, ao contrário daquilo que a sempre liberal Esquerda pensa (pensa?). É apenas o darwinismo aplicado ao ensino: à medida que se evolui no nível de escolaridade, a dificuldade tem de aumentar também. Chegam mais longe aqueles que mais bem preparados estiverem. O sistema actual não promove a excelência, mas a mediocridade. São mais bem vistos os alunos que fazem mais estragos, e não aqueles que são os melhores. Quando vai acabar isto?
O que há é preguiça. Muita. Imensa. Os alunos não querem pensar. Mas querem passar. E por isso promove-se o facilitismo, o desleixo. A mediocridade. A Esquerda, eterna defensora das grandes causas, embarca na cantiga. Não será altura de um acto de contrição?

João Campos

sexta-feira, abril 15, 2005

Futebol e semântica

Graças a Polga, o adjectivo empolgante pôde conhecer uma nova acepção.

Miguel Moura Santos

quarta-feira, abril 13, 2005

Círculo Quadrado III

Diz-se, na Quadratura do Círculo, que a Maçonaria é uma associação discreta, com influência na vida política portuguesa.
Curioso. E eu que pensava que a Maçonaria já não existia, e que a existir, seria um flagrante anacronismo. Serei eu ignorante ou a organização efectivamente discreta?
João Campos

Círculo Quadrado II

Segundo a Quadratura do Círculo, até o KGB tinha interesse nos arquivos da PIDE.
E eu que pensava que a máfia russa apenas era responsável pela emigração de Leste e pela ida do Mourinho para o Chelsea. Afinal, já cá andam há mais tempo.
João Campos

Círculo Quadrado

Fala-se na Quadratura do Círculo acerca da recente descoberta de um livro contendo listas de nomes de informadores da PIDE (a.k.a. bufos). Pacheco Pereira, pai iluminado da nossa blogosfera, considera que o livro deveria constar dos arquivos públicos (da Torre do Tombo, por exemplo), estando assim disponível para quem o quisesse consultar.
Imagine-se, agora, que a Ti Maria e o Ti Jaquim, lá dos arredores de Portalegre, até suspeitavam que o Ti Manel era bufo. E que iam consultar o livro para confirmar. E que confirmavam, e que se chateavam com ele, porque em certa e determinada circunstância o Ti Jaquim até levou um valente camaço de porrada por, após o sétimo medronhito, insultou a nobre figura de Salazar, o D. Sebastião de Santa Comba Dão. E imagine-se quantas Ti Marias, e quantos Ti Manel e Ti Jaquim não há por esse país fora.
Além do mais, e visto que já passaram trinta anos, que interessa a lista dos bufos?
João Campos

Aforismo pornográfico

Metafísica da prostituição: foder é, não um palavrão, mas uma palavrinha.

Miguel Moura Santos

terça-feira, abril 12, 2005

Sem assunto

Ando desinspirado.
É curioso. Em tempos o conteúdo deste blog era de cariz mais... digamos, políticos. Gosto de escrever sobre política. No entanto, e verdade seja dita, não percebo muito do assunto. E dá muito trabalho manter-me actualizado diariamente (sim, eu sei, sou um protótipo de jornalista desleixado). Por isso, fui progressivamente deixando de escrever sobre política e, à medida que o blog cresceu em participações, tornou-se mais dandy, mais diletante. Tem mais que ver comigo, assim.
No entanto, e agora que aqui escrevo virtualmente sobre tudo (e simultaneamente sobre coisa nenhuma), vejo-me... sem assunto!
Definitivamente, a minha vida tem um estranho sentido de humor.
João Campos

segunda-feira, abril 11, 2005

Aforismo jurídico

Violação do princípio da igualdade: foder tanto com as mulheres, quanto com as amantes.

Miguel Moura Santos

sábado, abril 09, 2005

Hoje não há bons dias.

Surgem-me, por entre o silêncio sufocado pelo ecos reverberantes do riso embriagado de coisa nenhuma, as palavras de Beckett: "o fim está no início e no entanto prosseguimos."

Prossigo, desperto, na expectativa dos bons-dias que tardam.
(E entretanto caiu a noite. Não em ti. Mas em mim.)

João Campos

Da conversa

As conversas em meu redor surpreendem-me de dia para dia. Não que as minhas sejam fabulosamente excitantes e divertidas. Mas todas estas palavras proferidas em voz alta soam ocas aos meus ouvidos, como que desprovidas de conteúdo. Fúteis. Sobre o quê? Quem importa? A frivolidade é quem manda.

Calai-vos, se não quereis cantar ao absoluto!

João Campos

sexta-feira, abril 08, 2005

Exclusão social?

Não vale a pena investir na minha auto-exclusão social. As maioria das pessoas que conheço fazem o trabalho incomparavelmente melhor que eu.
João Campos

Gonçalo M. Tavares

Se tivermos em conta que uma queda é uma simples mudança de lugar, uma alteração da posição do corpo ao longo de um percurso vertical, então a queda deixará de assustar tanto - pensava o senhor Juarroz.
Cair do alto de 100 metros e percorrer 100 metros no jardim constituem, no fundo, a mesma acção, apenas com uma diferença na direcção do movimento.
O problema da queda não é, pois - pensava o senhor Juarroz - uma questão de número de metros. Da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, tudo bem. De cima para baixo é o que se torna mais difícil.
Mas é apenas uma questão de direcção - repetia o senhor Juarroz, no momento em que, sem se aperceber, acabava de entrar, novamente, numa rua sem saída.

Miguel Moura Santos e João Campos,
embriagados e confusos.

Cesare Pavese

8 de Outubro

Geralmente, quando um homem fode, por baixo dele está uma mulher.

Cesare Pavese, in Il Mistiere di Vivere (pág. 123)

Miguel Moura Santos e João Campos,
embriagados e confusos.

quarta-feira, abril 06, 2005

Definição de amizade

"Don't walk behind me, I may not lead. Don't walk in front of me, I may not follow. Just walk beside me and be my friend."

(frase de autor desconhecido)

João Campos

terça-feira, abril 05, 2005

O tédio e o ócio

Todos dizem que o tédio é fruto do ócio. Mas esta ideia nunca me pareceu correcta e nunca quis ceder. Recentemente, achei um trecho que me deu razão.

Não é o tédio a doença do aborrecimento de nada ter que fazer, mas a doença maior de se sentir que não vale a pena fazer nada. E, sendo assim, quanto mais há que fazer, mais tédio há que sentir. Bernardo Soares, in Livro do Desassossego

Miguel Moura Santos

Novidades do mundo dos forwards

No circuito de e-mail forward surgiu agora uma mensagem acerca de Fátima Lopes e do seu gosto por peles de animais. A mensagem inclui um link para um vídeo colocado na internet, aparentemente da autoria da associação Animal, onde se mostram fotografias da estilista ao lado de recortes de imprensa, intercalados com sequências onde animais são esfolados vivos e aprisionados em condições degradantes.
Parece que a coisa está a gerar alguma revolta no mundo virtual, visto que eu, que nem por isso recebo muitos e-mails, já recebi o link mais de sete vezes (ou então é apenas passar por passar). É chocante, o vídeo (por isso não deixo aqui o link). Principalmente quando o vemos antes de jantar.
João Campos

segunda-feira, abril 04, 2005

Há prémios merecidos

Não estive atento; aliás, nem conhecia o blog. Mas não deixa de ter curiosa e interessante, a iniciativa dos Blóscares.
A Voz do Deserto ganhou o prémio de Melhor Blog. Também não conhecia. Fui espreitar. Vai já para os links.
João Campos

Pura ficção científica

Sei que este texto que publico abaixo já está no circuito de e-mail forwards há algum tempo, mas surge agora actual, a propósito da ideia da criação de uma base de dados genética da população civil em Portugal, que, não excluindo outros usos, serviria de apoio à investigação criminal (notícia aqui).
Aproveito para sugerir ao Ministério da Justiça que pensem também em algo similar a um número de identificação universal, que agregasse identidade genética, informação pessoal, médica e criminal, contas bancárias, passes de transportes urbanos e fichas para as slot machines do Casino Estoril.
Só não compreendo como é que os iluminados do Governo não se lembram de fazer uma pequena coisa que tão simples seria, e da qual todo e cada cidadão português gostaria: tornar o BI do tamanho de um cartão multibanco padrão. Aquele trambolho amarelo torrado que não cabe em carteira nenhuma já está muito fora de moda e, diga-se de passagem, não combina nada bem com o "choque tecnológico" [sic] do (engenheiro? professor? doutor?) Sócrates.
Adiante. Sem mais considerações, aqui vos conto como será, a seguir este rumo, pedir uma pizza em Portugal em alguns anos:
- Telefonista: Pizza Hot, boa noite!
- Cliente: Boa noite, quero encomendar pizzas... -
- Telefonista: Pode-me dar o seu NIDN?
- Cliente: Sim, o meu número de identifiação nacional é -6102-1993-8456-54632107.
- Telefonista: Obrigada, Sr.Lacerda. Seu endereço é Av. Paes de Barros,1988 ap. 52 B, e o número de seu telefone é -5494-2366, certo? O telefone do seu escritório da Lincoln Seguros é o 5745-2302 e o seu telemóvel é 962 662 566.
- Cliente: Como é que você conseguiu essas informações todas?
- Telefonista: Nós estamos ligados em rede ao Grande Sistema Central.
- Cliente: Ah, sim, é verdade! Eu queria encomendar duas pizzas, uma quatro queijos e outra calabresa...
- Telefonista: Talvez não seja uma boa ideia...
- Cliente: O quê?
- Telefonista: Consta na sua ficha médica que o Sr. sofre de hipertensão e tem a taxa de colesterol muito alta. Além disso, o seu seguro de vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a sua saúde.
- Cliente: É. tem razão! O que sugere?
-Telefonista: Por que é que o Sr. não experimenta a nossa pizza Superlight, com tofu e rabanetes? O Sr. vai adorar!
- Cliente: Como é que você sabe que vou adorar?
- Telefonista: O Sr. consultou o site "Recettes Gourmandes au Soja" da Biblioteca Municipal, dia 15 de janeiro, às 14:27h, onde permaneceu ligado à rede durante 39 minutos. Daí a minha sugestão...
- Cliente: OK, está bem! Mande-me duas pizzas tamanho família!
- Telefonista: É a escolha certa para o Sr., sua esposa e seus 4 filhos, pode ter certeza.
- Cliente: Quanto é?
- Telefonista: São 49,99¤.
- Cliente: Você quer o número do meu cartão de crédito?
- Telefonista: Lamento, mas o Sr. vai ter que pagar em dinheiro. O limite do seu cartão de crédito foi ultrapassado.
- Cliente: Tudo bem, eu posso ir ao Multibanco levantar dinheiro antes que chegue a pizza.
- Telefonista: Duvido que consiga, o Sr. está com o saldo negativo no banco.
- Cliente: Meta-se na sua vida! Mande-me as pizzas que eu arranjo o dinheiro. Quando é que entregam?
- Telefonista: Estamos um pouco atrasados, serão entregues em 45 minutos. Se o Sr. estiver com muita pressa pode vir buscá-las, se bem que transportar duas pizzas na moto não é aconselhável, além de ser perigoso...
- Cliente: Mas que história é essa, como é que você sabe que eu vou de moto?
- Telefonista: Peço desculpa, mas reparei aqui que o Sr. não pagou as últimas prestações do carro e ele foi penhorado. Mas a sua moto está paga, e então pensei que fosse utilizá-la.
- Cliente: @#%/§@&?#§/%#!!!!!!!!!!!!!
- Telefonista: Gostaria de pedir ao Sr. para não me insultar... Não se esqueça de que o Sr. já foi condenado em julho de 2006 por desacato em público a um Agente Regional.
- Cliente: (Silêncio)
- Telefonista: Mais alguma coisa?
- Cliente: Não, é só isso... Não, espere... Não se esqueça dos 2 litros de Coca-Cola que constam na promoção.
- Telefonista: Senhor, o regulamento da nossa promoção, conforme citado no artigo 095423/12, proíbe a venda de bebidas com açúcar a pessoas diabéticas...
- Cliente: Aaaaaaaahhhhhhhh!!!!!!!!!!! Vou-me atirar pela janela !!!!!
- Telefonista: E torcer um pé ? O Sr. mora no rés-do-chão !
Leituras recomendadas sobre o tema: entre inúmeras outras obras de sci-fi, Nineteen Eighty-Four, de George Orwell, e Minority Report, de Phillip K. Dick.
João Campos
(nota: agora é que tenho certeza que, na literatura, não consigo fazer carreira com ficção científica cá em Portugal: o Governo ultrapassou-me)

Pequenos prazeres:

Sentar-me no bar da faculdade, apenas na companhia do café curto, do Lucky Strike e da Wish You Were Here, dos imortais Pink Floyd, que a rádio emite.
João Campos

Taxi Drivers

Corrida da Estação de Entrecampos a Sta. Isabel. 20h45 p.m, o sol já desapareceu no horizonte há muito, e, com ele, o dia e o crepúsculo. Diálogo: nulo, excepto no acto de pagamento. Autorádio: na Rádio Clube Português, com Night Fever, dos BeeGees, em antena.
Único comentário: "Está pesadinho, o seu saco!"
João Campos

domingo, abril 03, 2005

"Every man dies..."

É verdade. Fará muito mais sentido falar-se de "vida digna" do que de "morte digna".
A questão da eutanásia, que o cinema dos últimos meses colocou nos olhos do mundo, é muito delicada, não menos que a da IVG. Vamos ser pragmáticos: quando é para nascermos, ninguém nos consulta, assim como ninguém nos consulta se o aborto é decidido; por que raio insistem em debitar opiniões sobre a morte? É uma escolha estritamente pessoal, egoísta, com a qual se afecta todo um mundo. No entanto, isto é defender o suicídio, e não a eutanásia.
Quem pensa na eutanásia como escape para uma "vida indigna" são aqueles a quem as circunstâncias da vida roubou as hipóteses de escolher a própria morte. Como Terry Schiavo. Ou Rámon Sampedro. Ambos os casos são diametralmente diferentes porque se Rámon pode planear tudo, Terry não. Rámon manifestou explicitamente o seu desejo de morrer. O desejo de Terry foi interpretado pelo marido, a partir de conversas passadas. Evidentemente que a verdade hoje não o é amanhã, e que é muito fácil falar no vazio. Por isso, até que ponto foi a decisão, que à primeira vista parece lógica, justa?
Terry não teve uma vida digna ao longo dos últimos quinze anos? Errado. Terry teve, ao longo destes quinze anos, uma vida. Pura e simplesmente. O coração batia, o metabolismo celular processava-se. O corpo inerte estava vivo. O que Terry não teve foi uma existência. E quando não se tem uma existência, ela não pode ser digna ou indigna.
E, antes de mais, o conceito não pode jamais ser aplicado pelos outros. "Quem nunca pecou que atire a primeira pedra", diz Jesus Cristo. Não me cabe a mim julgar a dignidade da vida de alguém. Como não caberá a ninguém julgar a minha. É algo de pessoal. Por isso, quanto a João Paulo II ter tido uma morte digna, que se pode dizer? Morreu enfermo, a lutar contra uma doença manifestamente mais forte. Morreu rodeado de fé, debaixo das orações de milhões de crentes, até de outros credos. Isto pode parecer insignificante para um ateu e até para um agnóstico; mas para quem tem fé, faz todo o sentido. E, seja-se ou não crente, a ninguém deve restar a dúvida de que a vida de João Paulo II foi, efectivamente, uma vida de entrega ao próximo, de aproximação sobre as diferenças.
A dignidade da vida, como já disse, cabe a cada um julgar. Cabe a cada um, dia após dia, fazer as escolhas que nos orientam ao longo do nosso caminho. Que nos conduzem ao nosso conceito de felicidade. Completando a frase que abre o título deste post (de William Wallace, no grande Braveheart), "Every man dies. Not every man truly lives."
Vivam, apenas.
João Campos

sábado, abril 02, 2005

Uma breve nota

De respeito para com a grande figura do século XX e do início do século XXI que foi João Paulo II. Um exemplo de um homem que foi derrotado por uma doença, mas que venceu a morte ao tornar o seu nome mais alto do que o grim reaper: morrer é esquecer, mas João Paulo II jamais será esquecido.
Que descanse em paz.
João Campos

Pedra Filosofal

Pergunta o amigo Azurara, a propósito do fórum da Antena 1 sobre a agonia de João Paulo II, "0 que será uma morte digna? E indigna?"
Noutros tempos, uma morte digna seria aquela que preservasse a honra. Ou aquela que a não comprometesse. Falo, claro, de um tempo em que os valores, passe a redundância, valiam efectivamente qualquer coisa. Em que a palavra era mais do que suficiente para selar um compromisso.
Com a morte dos valores morais e éticos, creio que, nos dias que correm, o conceito geral de "morte digna" deve ser algo do género de "morte rápida, indolor". Sem sofrimento, sem agonia. Puro non-sense. A humanidade insiste em sonhar com uma pedra filosofal, a ciência médica procura, insistentemente, desde os esquecidos tempos dos alquimistas, um passaporte para a imortalidade, um elixir para a juventude eterna. Escudados pela melhoria das condições de vida e pelo aumento da esperança média de vida, os investigadores da ciência médica procuram todas as formas de prolongar a vida ao máximo. E de anular todos os sinais da inevitável velhice. Repare-se que, antigamente, os idosos eram os anciãos, aqueles que mereciam o respeito pela sua longa vida e pela sua experiência acumulada. Hoje, os velhos são apenas um encargo - para as famílias, para os estados, para o mundo. São o sinal da decadência, do declínio da vida, que todos tentam adiar enquanto podem, esquecendo-se de que mais cedo ou mais tarde serão apanhados na corrida, e acabarão por cruzar a meta em último.
A sociedade tecnocrata ocidental reflecte tudo isto. É a saúde como nova religião. E tudo aquilo que se lhe possa opor é a blasfémia recorrente do século XXI. Pensemos no caso do tabagismo. Ou do álcool. Ou no pequeno prazer que é comer um bom naco de pão com toucinho frito, beber uma cerveja geladinha e fumar um belo de um cigarro a acompanhar o café que se segue. Isto é quase um ataque cardíaco para um cardiologista. Porque o cancro do pulmão isto, porque o fígado aquilo, porque o colesterol aqueloutro... e a qualidade de vida? Define-se por ter uma saúde "de ferro" que mais ano, menos ano acaba por ir fazer tijolo, ou por se dedicar aos pequenos prazeres que nos fazem cair mais cedo, mas que não provocam complexos de consciência nos momentos finais?
A imortalidade para mim seria um fardo. Seria, como diria um americano, the ultimate pain in the ass. Qual a utilidade? Viver para sempre, num mundo em permanente mudança? Feitos são imortais. Se me perguntarem, sim, quero ser imortal. Mas somente através da memória, pelo legado que possa deixar. Que importa se Sócrates (o filósofo, evidentemente), Santo Agostinho, Camões, Shakespeare, Poe, Dalí, Da Vinci, Picasso, Tolkien e tantos outros já morreram? O seu nome sempre será recordado pela Humanidade. A sua obra perdura, e, com ela, o seu espírito.
O meu conceito de morte digna seria um suicídio perfeito, naquele momento fatídico em que pudesse olhar para o céu e sorrir, por tudo aquilo que realmente era importante para mim estar feito. Por ter vivido. Ou apenas uma passagem calma. Ou ainda de armas na mão, a perseguir um novo ideal. Uma morte indigna seria, para mim, perceber que estava a cair para o poço e que tanto tinha ficado para trás. Como se disse no imortal "Dead Poets Society", "... e não, quando morrer / descobrir que não vivi."
João Campos

Free services are nice, but they suck

É impressão minha, ou os serviços do blogger andam a passar-se..?

João Campos

sexta-feira, abril 01, 2005

Isto ainda me arruína a carreira jornalística...

... mas que se lixe. Aqui fica o link.
Bem mais interessante que o terceiro segredo de Fátima, não vos parece (já agora, qual foi mesmo?)?
João Campos

Ganhei o Euro Milhões!

E a Angelina Jolie aceitou o meu pedido de namoro! E traz com ela a Kate Beckinsale!

João Campos

Portugal visto do espaço

Por um acaso de sorte de José Carlos Soares, jornalista português, que, por não querer ver o seu bom nome associado a tão vis personagens, optou pelo anonimato, descobriu-se que afinal, algumas das mais 'conceituadas' figuras do auto-proclamado jet-set nacional não são seres humanos, mas sim extraterrestres de um planeta do outro lado da Via Láctea, que fugiram à rígida sociedade do seu mundo natal e sujeitaram-se a vir para um mundo inferior em busca de liberdade e de prazer.
A escolha não terá sido irreflectida, apesar de assim o parecer. Os alienígenas optaram por Portugal porque, como disse Paula Bobone, uma das criaturas verde-ranho, corcudas, com antenas e três mamilos, naturais do planeta LUX-00, "os Estados Unidos estão já muito batidos pelos extra-terrestres. Em Portugal, as pessoas não pensam muito nessas coisas." Para além disso, como refere ironicamente Cinha Jardim, "as pessoas aqui são muito esquisitas, têm hábitos muito estranhos, como escarrar para o chão o catarro acumulado nos brônquios, tirar alimento do nariz para de seguida o atirar fora ou colar em algum lugar mais dissimulado, falar alto e buzinar no trânsito sem razão aparente. Assim foi mais fácil adaptarmo-nos. Ninguém nos estranha. Só é pena a comida ser tão má."
Segundo Bibá Pitta (é com dois 't' ou só com um?), o motivo principal pelo qual fugiram de LUX-00 e vieram para a Terra foi a discriminação às mulheres. "Lá, as mulheres servem apenas para levar porrada e cozinhar. Cá também, é verdade, mas ao menos podemos ter sexo com prazer. Por isso só viemos alienígenas, e não alienígenos."
E quanto a José Castelo Branco, Herman José e alguns outros? "É fantasia. Elas sentem-se melhor assim. Aqui, podem ser quem nunca poderiam ser lá no LUX. Mas não disfarçam lá muito bem, pois não?", perguntou Lili Caneças, a representante máxima dos refugiados de LUX-00 (lá era filha de um ministro), sem sorrir para não estragar a plástica, momentos antes de ir representar a raça alienígena naquele programa ridículo da emissora católica nacional.
João Campos