segunda-feira, fevereiro 27, 2006
terça-feira, fevereiro 21, 2006
Notas de imprensa
"A Manuela Moura Guedes é uma espécie de Alberto João Jardim do jornalismo."
João Teago Figueiredo
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
Notas de um breve apagão*
(*ou "as coisas que se vêem da minha janela")
João Campos
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
Deste Lado do Espelho
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
domingo, fevereiro 12, 2006
sábado, fevereiro 11, 2006
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
Libertem os cartoons
1. É aceitável que os jornais publiquem opiniões «ofensivas». Todas as opiniões são potencialmente ofensivas. E só o politicamente correcto mais doentio ou o reaccionarismo mais infecto admitem que existam outros limites que não os consagrados na lei de imprensa e no código penal. As opiniões inadmissíveis são essencialmente as que caluniem ou ofendam de forma grave pessoas concretas, sobretudo se alegarem falsidades lesivas da sua integridade moral. Já as opiniões que ataquem ideias ou convicções são todas admissíveis, porque a liberdade de crítica e sátira (mesmo a mais selvagem) faz parte integrante do núcleo inalienável da liberdade.
2. Os cartoons sobre Maomé e os muçulmanos são sensatos e pertinentes? É uma questão de opinião. Uns serão inócuos, outros perspicazes e outros patetas. Mas os cartoons em causa não ultrapassaram nenhum dos limites da liberdade de expressão. O que é lamentável nesta polémica é que haja gente no Ocidente que discute mais afincadamente a sensatez dos cartoons do que a absoluta admissibilidade dos cartoons, como se a cautela fosse mais importasse que a liberdade.
3. As opiniões racistas, xenófobas ou quaisquer outras são admissíveis, desde que não incitem directamente à violência. Uma pessoa pode atacar nos termos mais violentos os católicos, os pretos, os árabes, os comunistas, os homossexuais, os conservadores e assim por diante. Algumas dessas opiniões são detestáveis e cheiram mal à légua. Mas a liberdade de imprensa é também a liberdade de exprimir opiniões detestáveis. É também a liberdade da estupidez e do lixo. O importante é lembrarmos que opiniões são opiniões, não são actos. Quando criminalizamos as opiniões (mesmo as mais detestáveis) estamos a demolir por dentro a nossa liberdade.
4. Podemos criticar, satirizar e atacar todas as ideias e convicções, incluindo as religiosas. É isso que define a liberdade. Quem se sente ofendido protesta, responde, escreve cartas, faz petições, organiza boicotes, exprime o seu desagrado por meios pacíficos. Contesta as opiniões, não contesta a liberdade de expressão.
5. As convicções e as leis de uma comunidade religiosa só vinculam os crentes dessa religião. Eu tenho direito a representar Maomé, a comer carne de porco, a trabalhar ao sábado e o mais que me apetecer. Assim como um muçulmano ou um judeu ou um ateu têm direito a não ligar nenhuma aos meus costumes e crenças e usos católicos.
6. Numa democracia, as pessoas não têm o direito de protestar com actos de violência. E o conceito de actos de violência inclui apelos directos ao homicídio (como os que ouvimos na boca de alguns muçulmanos ingleses).
7. Não há civilizações «superiores» em abstracto. Mas há sociedades organizadas de modo globalmente mais justo e mais decente. A Dinamarca (em 2006) é uma sociedade mais justa e mais decente do que o Irão (em 2006). Não numa abstracção «civilizacional» mas no concreto dos direitos, liberdades e garantias, do nível de vida e das condições necessárias à dignidade humana. Os ocidentais que dizem o contrário disto estão em simples denegação sectária. Ninguém prefere viver no Irão do que na Dinamarca. É apenas nesse sentido que a Dinamarca é «superior» ao Irão. Mas esse sentido não é coisa de somenos.
8. No Ocidente, valem as regras do Ocidente. As regras que estão plasmadas nas nossas constituições, na nossa legislação e nos nossos costumes. Quem não aceita essas regras básicas - quem acha nomeadamente que pode apelar ao homicídio por delito de opinião - não tem lugar nas nossas comunidades. Temos o dever de tolerar opiniões intolerantes, mas não temos o direito de tolerar actos intolerantes e criminosos.
9. O conflito entre civilizações não deve ser fomentado. A abdicação também não."
Concordo com os 3143 caracteres deste post do Pedro Mexia no Estado Civil.
João Teago Figueiredo
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
Um eléctrico chamado desejo
Espero que não seja o caso de Johnny.
Cá para mim, o rapaz do Irão quer uma bomba para brincar ao 'se não fazem o que eu digo, carrego no botão. Olhem que eu carrego mesmo, kéke pensam ? Chateiem-me que logo vêem !'
O mundo fica a saber que, quando a malta quiser desenhar, deverá escolher temas 'inocentes': paisagens, animais, crianças, gajas nuas ... Quanto a homens com turbantes na cabeça, demais a mais, em forma de bomba, o melhor é pensarem duas mil vezes, hem ! se não, lá vai bomba. Que conveniente é ter um pretexto para 'animar a malta' ! (deixa-me lá calar, se não, ainda me cai algum petardo na sopa. Livra !)
Nada a fazer
João Campos
domingo, fevereiro 05, 2006
Pergunta pertinente II
João Campos
Pergunta pertinente
João Campos
quinta-feira, fevereiro 02, 2006
Lincando
João Campos
Menos 'prós' que 'contras'
Apesar de poder parecer que me dedico afincada e incessantemente à critica negativa, pura e simples, dos fenómenos mundanos que me rodeiam, de facto não é essa a intenção que me guia ao pensar nestes posts. Contudo não posso deixar de depositar aqui neste espaço uma ideia que me ocorreu ao ver o triste panorama do mundo televisivo luso.
Estava eu muito bem sentadinho, de perna esticada a tentar expurgar toda a densidade de cansaço que se tinha acumulado na carcaça. Segunda-feira à noite, dez e picos, começa um dos programas a que assisto quase religiosamente. “Prós e contras” é o seu nome. Reparo logo de seguida que o tema do dito programa é a evolução económica portuguesa e a sustentabilidade do sistema actual de segurança social, tema sobre o qual me tinha vindo a ocupar numa das cadeiras da licenciatura em que estou. Por esse facto e pela exigência que a própria faculdade nos obriga, sentia que “estavam a falar da minha área”. Por isso senti, ainda de forma mais gritante, a evidente falta de preparação da moderadora do programa que, acho eu, envergonha a classe jornalística como um todo. Não é aceitável que sendo um programa de suposto “serviço público”, em horário nobre e com uma audiência que desejo significativa não se exija uma preparação de nível mínimo para que o moderador desempenhe um papel que não se cinja meramente ao figurativo.
Foi num programa onde a matéria em análise é a aquela em que os meus conhecimentos são maiores, que senti tão grave falta de preparação e até mesmo ignorância activa (materializada em falacias abundantes e em observações erróneas, rapidamente corrigidas pelos convidados em estúdio) porventura isso também acontecerá em outros temas em que a minha ignorância se manifesta mais violentamente, como num qualquer futuro programa onde se discuta a importancia de cozinhar bacalhau ‘à braz’ em vez de o fazer na vertente ‘à lagareiro’. Nessa altura até pode dizer que bacalhau é um mamífero!
João Teago Figueiredo
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
A neve não veio de Kyoto
E essa é a questão, Maria Helena. Não é Kyoto, ou o desrespeito por ele, que são os responsáveis pelas alterações climatéricas do presente. Kyoto, na melhor das hipóteses, será uma forma de tentar abrandar um processo já de si irreversível. A questão é que o protocolo, para além de não ser reconhecido por metade da comunidade científica (que considera as suas premissas não válidas), é mais político do que ecológico. Para a França, por exemplo, seria extremamente conveniente que os Estados Unidos se comprometessem a reduzir as suas emissões de gases. Mas os Estados Unidos não são o problema. Pensemos nas potências que estão a emergir no novo contexto político e económico. Não seria mais fácil e lógico aplicar nesses países tecnologias industriais menos poluentes? Até porque a Índia e a China são os mais populosos países do mundo. Os Estados Unidos são um excelente bode expiatório, sobretudo para a mentalidade bacoca da Europa. Já vão sendo horas de se acordar para a vida. João Campos |