segunda-feira, janeiro 30, 2006
domingo, janeiro 29, 2006
sábado, janeiro 28, 2006
A Wilde, wilde world
Vai daí, tinha eu prometido que escreveria sobre Óscar Wilde e cá estou a cumprir, porque não sou política e por isso tenho de cumprir, mas não vou ser tão analítica, aliás, vou ser mais sintética do que analítica, porque isto já vai tarde e estes senhores querem-se ir deitar e está a chover e está um frio do ... 'cara..melo'.
Ora Wilde é um filme sobre o autor irlandês, que, no início do século XX, fazia a sociedade britânica rir-se de si própria com peças, cheias de facécias e trocadilhos. Representado, aqui, pelo compridíssimo actor Stephen Fry, o escritor faz lembrar uma árvore frondosa, de grandes troncos, que providenciam sombra e alimento. Do tronco principal, sai um ramo que representa o Wilde casado com a sua 'constant Constance' ( era um bom marido, tanto quanto possível ) e pai amoroso, se bem que ausente, de dois rapazes. Do outro, sai o escritor brilhante e 'dandy', 'poseur' e extravagante. Por fim, um terceiro tronco sustenta os jovens amantes, dos quais se distingue o terrível marquês de Queenbury. O marquês era um belo moço louro. Tendo, como pai, um homem brutal, que o espancava, Queenbury, lamentamos dizê-lo, explorava Wilde, como se costuma dizer, 'até ao tutano'. O irlandês fazia fortuna com o sucesso das peças, mas arruinava-se com as exigências do amante. Bem, enfim, 'to make a long story short', Óscar foi apanhado em flagrante ( como o visconde Risley, em 'Maurice') e condenado a dois anos de prisão, com trabalhos forçados. Saiu do cárcere, de saúde arruinada. Viria a morrer em Paris.
Tal como as personagens de E. M. Forster, Oscar e o seu marquês teriam que esperar cerca de cem anos para se dedicarem um ao outro, de corpo e alma. A sociedade britânica tarda, mas não falha. Incidentally, a homessexualidade (masculina, já que a feminina parece que era ignorada) foi descriminalizada em 1967.
Texto escrito no dia em que os TVnoticiários anunciaram o 'casamento' entre duas meninas, numa Conservatória de Lisboa. 'destes dias, Mr Cavaco lá terá que considerar assinar uma lei, a permitir à malta 'homo' casar mais branco. Assinará-t-il ? Cheers !
Até já, o ca*****
João Campos
quinta-feira, janeiro 26, 2006
A Mafaldinha morreu
Susana
quarta-feira, janeiro 25, 2006
Deste Lado do Espelho
(Habitante do Cabaquistão, ainda entusiasmado ...)
terça-feira, janeiro 24, 2006
Deste Lado do Espelho
Já disse aos colegas que participem no blogue do Johnny. Porém:
o Jorginho anda a tratar da mudança da B5 para a B3 ( É verdade, ex-Secodemiristas ! A escola está a sofrer mudanças, no seu espaço físico );
o Armandinho, sempre afogado em papéis;
o Fernandito, sempre a 'apagar fogos' ( ele é a Net que não liga, ou a extensão que falta, ou o documento que não há ...);
o Orlandito, sempre esquecido.
Porém, concordo com Johnny. Seria interessante a colaboração destes profes incorrigíveis ( como Johnny escreveu: 'Once a teacher, always a teacher', se:
1. a natalidade começar a crescer ( malta, toca a dispensar a camisa e a pílula :D);
2. houver, consequentemente, mais alunos ( :/ muito seriamente falando, há profes com experiência e saber, k terão de concorrer, se quiserem ter horas no próximo ano lectivo !)
3. o Ministério abrir cursos atraentes e necessários para fixar a moçada no Concelho ( tarefa difícil, havendo, como há, a presença da Escola Profissional. Quanto a saídas profissionais aqui, estamos conversados. Talvez, quando o xô Belmiro de Azevedo construir o seu projecto de hotéis, moradias e outras mordomias ... Às tantas, é também agora que se concretiza a ameaça, pendente há anos, de um complexo turístico, nos Eivados/ Malhão :( ) E aí, haverá empregos galore.
3. o Ministério for, um pouco menos desmotivante para os profes ( sim, qu'a gente também se desmotiva, kéke pensam !);
Deste Lado do Espelho
Sei quem ele é, ele é bom rapaz
Um pouco tímido até.
Vivia no sonho de encontrar o amor,
Pois seu coração pediá maaaaaais, mais caloooooor !
Ela apareceu e a b'leza dela desde logo o prendeu.
Gostam um do outro e agora ele diz
Qu'alcançou na vida o maior beeeeeeem,
É feliiiiiiiiz !
Só pensa nela a toda a hora
Sonha com ela p'la noite fora.
Chora por ela, se ela não vem !
Só fala dela, cada momento
Vive com ela, no pensamento
Ele sem ela, não é ninguééééém !
Their marriage was made in Heaven !
segunda-feira, janeiro 23, 2006
E porque ne tudo são presidenciais - a nossa quota de música portuguesa:
e ele foi atrás
ela despiu
e ela o satisfaz
passa a noite
passa o tempo devagar
já é dia
já é hora de voltar
aqui ao luar
ao pé de ti
ao pé do mar
só o sonho fica
só ele pode ficar
(e agora aqui fica a discussão: esta música, cantada pelo Tim, é dos Xutos ou dos Resistência? E já sei que a minha playlist estava errada, e que o título da cantiga é, afinal, "A Noite", e não "Aqui ao Luar", como toda a gente costuma dizer)
João Campos
Vidas...
E, já agora, pão com chouriço às duas da manhã é de dar graças aos céus. Sobretudo no Bairro Alto.
João Campos
Ocorreu nesse ano eu ter reprovado à cadeira de Análise Económica (e tornei a reprovar no segundo ano). Seria, portanto, lógico e, até, quase inevitável que fugisse do candidado economicista como o diabo foge da cruz. Aliás, se o meu gosto pelas letras fosse tido em consideração, o meu voto teria ido direitinho para Alegre: rebelde e dissidente, como eu; com gosto pela escrita, como eu; e, ainda por cima, sei que gosta do meu Alentejo (e eu nem por isso aprecio o Algarve). Não sucedeu assim, todavia, que poemas e trovas não enchem a barriga, nem resolvem os muitos problemas que este nosso país atravessa.
De todos os males, o menor, creio eu. O tempo o dirá. Para já, congratulo-me por a coisa ter sido resolvida na noite de ontem, sem necessidade de uma desgastante segunda volta. E, evidentemente, pela derrotazinha da Esquerda. Pena foi que Louçã não tenha ficado abaixo dos cinco por cento. Não se pode ter tudo, não é verdade?
João Campos
domingo, janeiro 22, 2006
Deste Lado do Espelho
Deste Lado do Espelho
Deste Lado do Espelho
A haver segunda volta...
João Campos
E tudo por uma cruzinha
João Campos
sábado, janeiro 21, 2006
Miss Presidente
sexta-feira, janeiro 20, 2006
Ensaio sobre a coerência
Se tentarmos analisar antropologicamente o país chegamos facilmente à conclusão que em muitos de nós a rejeição do ideal monárquico prende-se com o facto de acharmos, consciente ou inconscientemente, que a figura do possível sucessor ao ‘trono’, Duarte Pio, transmite uma imagem generalizadamente tida como ridícula porque se exprime de uma maneira peculiar, tem fracos dotes oratórios e de retórica, tem uma grave falha na dicção e até porque a sua aparência física em nada ajuda ao compor do quadro.
Ora o pensamento que me anda a fervilhar na cabeça nos últimos dias é que, confiando nas sondagens até agora feitas, este país preparar-se-á para eleger um Presidente da República EXACTAMENTE com as mesmas características, sem tirar nem pôr, até mesmo possuindo três intrigantes e pomposas verrugas no rosto. Para além disso, a maioria dos cidadãos eleitores acha, legítima e convictamente, que essa é a melhor escolha para representar uma Pátria com oitocentos e sessenta e seis anos de História – que não é exactamente a mesma coisa que saber minuciosamente o comportamento do modelo económico AS-AD na economia portuguesa, europeia ou mundial.
Se porventura esta fosse uma nação onde um dos valores nacionais mais valorizados fosse a coerência (que não é definitivamente o caso) todos poderíamos ser convictamente monárquicos já que ficaríamos impossibilitados de usar o argumento de o sucessor ser quem é. É curioso!
João Teago Figueiredo
quarta-feira, janeiro 18, 2006
terça-feira, janeiro 17, 2006
p.s.
And the Oscar goes to: Laura Linney.
(Ah não ganhou? Ah nem sequer foi nomeada? Ah. Merda, então).
Susana
sábado, janeiro 14, 2006
'The unspeakable vice of the Greeks'
Quis o destino, o subsídio de Natal, a Amazon, e, já agora, quis também eu, que viessem parar aos meus écrãs dois filmes sobre ser-se homossexual, na Grã-Bretanha do início do século XX. Um intitula-se 'Maurice', o outro 'Wilde'. Este último, é sobre Oscar Wilde. O primeiro é uma adaptação do romance com o mesmo nome, da autoria de E.M. Forster. Comecemos, então, por aqui.
A acção de 'Maurice' passa-se, no reinado de Eduardo VII, no período que antecede a Primeira Grande Guerra. Tudo muito 'upper-middle class', com um pé na 'gentry' (pequena nobreza rural) e outro na 'working class. A produção de Ivory/Merchant é meticulosa e dá um retrato muito convincente da época. Cenários de luxo, senhoras muito bem vestidas, very good-looking gentlemen, uma iluminação preciosa e até um mordomo de ar cínico, que 'sabe de tudo', mas que se mantém, convenientemente, calado. Coisa feita the British way, portanto.
Sendo este romance a história de um homem, 'Maurice' conta, ao fim e ao cabo, o percurso de quatro homens: Maurice, lui-même, Clive Durham, o visconde Risley e Alec Scudder. Os três primeiros são 'upper-middle class', o último é o guarda-caça da propriedade de Clive Durham, o esquire. Os quatro têm, em comum, a sua orientação homossexual.
Exceptuando a Grécia antiga (como é que será na moderna ?), a homossexualidade sempre foi olhada com incómodo ( e, deixemo-nos de coisas. Apesar da onda de legalizações que vai por esse mundo, ainda vai passar muito tempo, até que seja aceite 'como natural'). Na Inglaterra dos anos 10, era considerada mais do que um estigma social. Era uma vergonha, um crime ! Quem fosse apanhado fornicating another fellow, arriscava pena de prisão, com chicotadas ou trabalhos forçados. Foi o que aconteceu ao 'snob' visconde de Risley, surpreendido, pela Polícia uma noite, à saída de um bar, numa esquina, aos beijos a um soldado. Risley tinha sido colega de Maurice e de Clive, em Oxford. Sendo de uma classe social superior, é acusado, pelo juíz de subjugar e de se aproveitar da fraqueza de um 'seu inferior social'. O visconde tenta socorrer-se de Clive, que saira da universidade formado em Direito. Mas, Clive não se atreve a enfrentar a ignomínia de se ver associado a um companheiro caído em desgraça, e, é encolhido atrás do chapéu que vê o outro ser condenado a seis meses. Dos quatro, Clive Durham será o que não vai assumir a sua condição, preferindo o casamento, como fachada. A atitude cobarde ( ou prudente ? ou realista ? ) que toma, esmaga-o e deprime-o, porém. Durante o jantar, que lhe é oferecido em casa de Maurice, e enquanto as senhoras riem de copo erguido, o pobre recém-advogado desmaia. O amigo socorre-o e prepara-se para cuidar dele ( ajuda-o a deitar-se, põe-lhe a botija de água quente, despeja-lhe o bacio ... ). O médico, entretanto chamado, trata de apontar a Maurice a porta do quarto, perguntando-lhe com um olhar desconfiado, 'se não quer também desmamar o bébé' ( !!! )
Cumpre dizer, aqui, que Clive e Maurice se tinham apaixonado, em Oxford. Porém, enquanto o segundo ( ainda sem ter bem consciência do que lhe sucedia ) se quer dedicar, de alma e coração ... e corpo ao amigo, este recusa-lhe as carícias, preferindo que as coisas fiquem pelo campo do amor platónico. Após Oxford, Clive dedicará a Maurice uma amizade possessiva, convidando-o, constantemente, para a sua propriedade. Para Maurice, é um autêntico suplício de Tântalo, ter tão perto o seu amado e não poder tocar-lhe, acariciá-lo ... mas, lá vai passar grandes temporadas em Pendersleigh, onde o espera uma grande surpresa, chamada Alec Scudder.
sexta-feira, janeiro 13, 2006
As imagens dizem o que quisermos
Não conheço a imagem (desvantagens de não ver televisão), mas não creio que seja uma fotografia. Não parece. O que parece ridículo - sim, admitamos, Cavaco está francamente desfavorecido (eufemisticamente falando) - tem, na verdade uma explicação muito simples. Experimentem a gravar um telejornal em vídeo. Depois, vejam a gravação, interrompendo a imagem aleatoriamente enquanto os pivots falam. Verão as mais absurdas expressões faciais - coisa que, numa imagem fluida, jamais se conseguiria perceber. O audiovisual tem destas coisas.
João Campos
quinta-feira, janeiro 12, 2006
"E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto, o que vos interesse para viver"
É possível, porque tudo é possível, que ele seja
aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,
onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém
de nada haver que não seja simples e natural.
Um mundo em que tudo seja permitido,
conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,
o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.
E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto
o que vos interesse para viver. Tudo é possível,
ainda quando lutemos, como devemos lutar,
por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,
ou mais que qualquer delas uma fiel
dedicação à honra de estar vivo.
Um dia sabereis que mais que a humanidade
não tem conta o número dos que pensaram assim,
amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,
de insólito, de livre, de diferente,
e foram sacrificados, torturados, espancados,
e entregues hipocritamente â secular justiça,
para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»
Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,
a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas
à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,
foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,
e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,
ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.
Às vezes, por serem de uma raça, outras
por serem de urna classe, expiaram todos
os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência
de haver cometido. Mas também aconteceu
e acontece que não foram mortos.
Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,
aniquilando mansamente, delicadamente,
por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.
Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,
foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha
há mais de um século e que por violenta e injusta
ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,
que tinha um coração muito grande, cheio de fúria
e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.
Apenas um episódio, um episódio breve,
nesta cadela de que sois um elo (ou não sereis)
de ferro e de suor e sangue e algum sémen
a caminho do mundo que vos sonho.
Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém
vale mais que uma vida ou a alegria de té-1a.
É isto o que mais importa - essa alegria.
Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
não é senão essa alegria que vem
de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém
está menos vivo ou sofre ou morre
para que um só de vós resista um pouco mais
à morte que é de todos e virá.
Que tudo isto sabereis serenamente,
sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,
e sobretudo sem desapego ou indiferença,
ardentemente espero. Tanto sangue,
tanta dor, tanta angústia, um dia
- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -
não hão-de ser em vão. Confesso que
multas vezes, pensando no horror de tantos séculos
de opressão e crueldade, hesito por momentos
e uma amargura me submerge inconsolável.
Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,
quem ressuscita esses milhões, quem restitui
não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?
Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes
aquele instante que não viveram, aquele objecto
que não fruíram, aquele gesto
de amor, que fariam «amanhã».
E, por isso, o mesmo mundo que criemos
nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa
que não é nossa, que nos é cedida
para a guardarmos respeitosamente
em memória do sangue que nos corre nas veias,
da nossa carne que foi outra, do amor que
outros não amaram porque lho roubaram.
Jorge de Sena, Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya
quarta-feira, janeiro 11, 2006
Sobre o meu post anterior:
O que não acontece. Concordo que quem não fume não tem de ser prejudicado por quem fuma - e, por isso, apoio a proibição em espaços públicos. No entanto, se um posto de correios, uma repartição de finanças, um ministério, uma esquadra de polícia são, efectivamente, espaços públicos, a mesma restrição não poderá ser aplicada de forma leviana a bares e restaurantes, uma vez que não são de todo espaços públicos. Serão, sim, espaços onde só irá quem quer. Por isso, aos donos dos estabelecimentos caberá decidir se o espaço será fumador ou não-fumador. Paralelamente, ao cliente caberá escolher se frequentará ou não aquele espaço.
Com o que não poderei concordar será com campanhas anti-tabagistas que promovem a intolerância e a marginalização daqueles que, note-se, pagam essas mesmas campanhas. Sim, porque os 20 cigarros que um maço contém não valem 2,50 euros. Muito mais de metade é imposto. Um imposto que, creio (mas posso estar errado), também financia, pelo menos em parte, o ridículo serviço nacional de saúde. Tudo bem; até se aceita. O que não se pode aceitar é uma restrição ao emprego por se ser fumador (já acontece). Ou uma proibição que chegue à esfera mais privada da vida pessoal. O que está em causa não é a saúde pública; essa é a mentirinha demagógica dos paladinos da vida eterna. O que está em causa é uma gravíssima violação dos direitos do indivíduo. Do livre arbítrio. Ninguém escolhe viver. Se alguém quer fazer uma escolha que o pode matar, tem o direito de a fazer, desde que essa escolha seja consciente e responsável.
Mas para aqueles que adoram estas campanhas, descansem: também sobrará para vós. Quando a humanidade estiver toda de pulmões branquinhos como se tivessem sido lavados com Tide, e os fumadores - os novos leprosos do século XXI - estiverem todos de quarentena numa qualquer ilha remota, a cruzada da saúde pública incidirá sobre o café. Depois, sobre o álcool. Depois, sobre a má alimentação da actualidade, e da defesa de uma dieta vegetariana (ou algo que o valha). And so on. Até que, por fim, a humanidade será pura, imaculada e perfeita. Mas sem qualquer vestígio de humanidade. Ou de sanidade.
E então terá lugar a suprema ironia: essa nova "humanidade" perceberá que a carne apodrece, e que continua a morrer. Que não é imortal. Que não é, afinal, perfeita. E, nesse dia glorioso, o meu cadáver (consumido por uma vida de depravação) dará uma sonora gargalhada.
João Campos
Cada vez mais me convenço disto
Susana
terça-feira, janeiro 10, 2006
Isto deve ser do ano novo, só pode
(...) O antitabagismo é a cruzada do século XXI. O fumador paga quase dois euros ao Estado por cada maço de tabaco que compra, é atirado para cantinhos imundos dos aeroportos, é comparado a um qualquer alarve sem educação em campanhas pagas com o seu próprio dinheiro e ainda tem de pedir desculpa. Começa a ser altura dos fumadores exigirem alguns direitos. Os mais básicos de todos: o direito ao respeito pela sua liberdade, pela sua saúde, pela sua carteira e pela sua inteligência (...).
Nem mais.
João Campos
Deste Lado do Espelho
Ó diabo ! Estou a repetir-me. Como é que foi isto ? Será virus ou arterioesclerose ?
Deste Lado do Espelho: Happy birthday to us!
Tenho andado perdida, desde o fim do ano, a espreitar 'maus caminhos' ... :P É por isso que ainda não passei ao Mendes o recado que o Johnny me pediu.
Volto à casa confortável que é este espaço e descubro que 'já passou um ano'. Creio, se a memória não me falha, que sou a 'benjamim' da família DLADE. ENTÃO, 'HERE'S TO YOU' e 'MANY HAPPY RETURNS, DESTE LADO DO ESPELHO'! É para mim uma honra partilhar um local bem frequentado, com boas ideias. Não nos deixemos vencer pelo pessimismo, porém. O futuro só pode ser melhor ! ( Bem, esperemos que não nos metam numa guerra ... e que a crosta terrestre se mantenha o mais quietinha possível ... e que as aves vão espirrar para bem longe ... e ...)
Deste Lado do Espelho: Happy birthday to us!
Tenho andado perdida, desde o fim do ano, a espreitar 'maus caminhos' ... :P É por isso que ainda não passei ao Mendes o recado que o Johnny me pediu.
Volto à casa confortável que é este espaço e descubro que 'já passou um ano'. Creio, se a memória não me falha, que sou a 'benjamim' da família DLADE. ENTÃO, 'HERE'S TO YOU' e 'MANY HAPPY RETURNS, DESTE LADO DO ESPELHO'! É para mim uma honra partilhar um local bem frequentado, com boas ideias. Não nos deixemos vencer pelo pessimismo, porém. O futuro só pode ser melhor ! ( Bem, esperemos que não nos metam numa guerra ... e que a crosta terrestre se mantenha o mais quietinha possível ... e que as aves vão espirrar para bem longe ... e ...)
Deste Lado do Espelho: Happy birthday to us!
Tenho andado perdida, desde o fim do ano, a espreitar 'maus caminhos' ... :P É por isso que ainda não passei ao Mendes o recado que o Johnny me pediu.
Volto à casa confortável que é este espaço e descubro que 'já passou um ano'. Creio, se a memória não me falha, que sou a 'benjamim' da família DLADE. ENTÃO, 'HERE'S TO YOU' e 'MANY HAPPY RETURNS, DESTE LADO DO ESPELHO'! É para mim uma honra partilhar um local bem frequentado, com boas ideias. Não nos deixemos vencer pelo pessimismo, porém. O futuro só pode ser melhor ! ( Bem, esperemos que não nos metam numa guerra ... e que a crosta terrestre se mantenha o mais quietinha possível ... e que as aves vão espirrar para bem longe ... e ...)
Deste Lado do Espelho: Happy birthday to us!
Tenho andado perdida, desde o fim do ano, a espreitar 'maus caminhos' ... :P É por isso que ainda não passei ao Mendes o recado que o Johnny me pediu.
Volto à casa confortável que é este espaço e descubro que 'já passou um ano'. Creio, se a memória não me falha, que sou a 'benjamim' da família DLADE. ENTÃO, 'HERE'S TO YOU' e 'MANY HAPPY RETURNS, DESTE LADO DO ESPELHO'! É para mim uma honra partilhar um local bem frequentado, com boas ideias. Não nos deixemos vencer pelo pessimismo, porém. O futuro só pode ser melhor ! ( Bem, esperemos que não nos metam numa guerra ... e que a crosta terrestre se mantenha o mais quietinha possível ... e que as aves vão espirrar para bem longe ...e ...)
domingo, janeiro 08, 2006
Farewell
João Campos
Um ano
João Campos
Não li Kant. Não sei nada do que ele disse ou pensa. Falha minha, bem sei, mas preferi estudar as teorias de Freud no 12º ano. Mas esquece o debate público. É só demagogia. As coisas não precisam de estar correctas - basta serem bem recebidas pelo público.
Todos os tipos de família são válidos. Quase todos, sim, são desprezados pela Igreja. É verdade. Mas que esperavas? A Igreja é uma instituição religiosa fundada sobre dogmas sólidos há dois mil anos. Não se muda de um dia para o outro. Sobretudo se pensares que nos séculos XIX e XX o mundo mudou a uma velocidade espantosa. Sei que disse acima que a Igreja precisa de revisão há mais de quinhentos anos. É muito tempo. Desde essa altura, muitas coisas foram revistas. Ainda há um longo caminho a percorrer.
Mas o papel da Igreja em Portugal nos dias que correm é, a bem dizer, irrelevante. Fala sobre isto ou aquilo, e volta e meia serve para a Esquerda fazer campanha (como a história dos crucifixos). As disciplinas religiosas são facultativas, como devem ser. Em breve pagará impostos, se não os pagar já. Acredita que nada na nossa triste sociedade mudará para pior por obra e graça de algum espírito santo.
João Campos
Efeméride
Então e a Filosofia? (ou Se me permites um pequeno esclarecimento em meia dúzia de pontos:)
A intenção não era descrever a doutrina cristã. Até porque se fosse, teria de enumerar mais uma série de pontos ridículos.
Não especifico porque não senti necessidade de especificar. Do que queria falar (e falo) era do Cristianismo (daí o título!).
Acredito na paz, no amor e na fraternidade e nunca tive aulas de Moral e Religião. Aliás, prefiro chamar-lhe "Ética". Antes de terem inventado Cristo, já Sócrates (que "negou os deuses da pátria") tinha preferido morrer por aquilo a que chamas "ideais cristãos". Só que Sócrates (Platão) ninguém leu e pela Igreja já morreram milhares!
Os pontos que refiro são, também, os mais surpreendentes! Era, talvez, nesses que devia ser mais flexível! (Even if I don´t give a damn). Volta e meia despontam no debate público e está-se uns dias a "mandar postas" sobre o assunto. Give me a break! (Antes (re)ler Kant e a sua Fundamentação Metafísica dos Costumes, if you know what I mean).
À tua lista de "tipos de família" (todos inaceitáveis aos olhos da Igreja), teríamos de acrescentar também, nos dias que correm, o young playboy que vive com o cão, a old lady que vive com os 7 gatos, casais de lésbicas, de gays... get it? A família tradicional que o Cristianismo idealiza desapareceu. Má notícia? Talvez. Mas, nos dias que correm, não passa, realmente, de um mito.
Acho que o Cristianismo (e era isso que pretendia sugerir aqui) já levava uma readaptaçãozinha. Façam descer à terra um santo qualquer com uma lista de alterações escrita por Cristo, sei lá! (Damn, que ideia estúpida!).
Susana
E se me permites uma pequena desconstrução:
A família não é um mito. A família é uma realidade, a primeira instância da socialização (da socialização primária). Que seja maior ou mais pequena, monoparental ou composta por avós e netos, ela existe. Nem que ela seja, apenas, os teus amigos - certamente que terás amigos para com os quais terás laços afectivos muito maiores do que para com familiares teus (biológicos).
Cuidado com o feminismo. Ser feminista é diferente de ser emancipada. O feminismo é, para mim, um embuste nos dias que correm. Aquela história de queimar soutiens por serem, alegadamente, objectos opressores, é ridícula. A importância do feminismo foi, apenas, mostrar o outro extremo. Agora temos um happy medium in between. O mundo está melhor? Pois está. Mas não entremos em extremos. Todos sabemos que não nos levam a lugar nenhum.
João Campos
Cristianismo
Susana
sábado, janeiro 07, 2006
Silogismo
Quanto mais queijo, mais buracos.
Cada buraco ocupa o lugar em que haveria queijo.
Assim, quanto mais buracos, menos queijo.
Quanto mais queijos mais buracos, e quanto mais buracos, menos queijo.
Logo, quanto mais queijo, menos queijo.
João Campos
(Maria Helena, se não se importar, faça este post chegar ao Jorge Mendes e depois conte-me o que ele achou:) )
Dá-me música
João Campos
Saiu-lhe o Euromilhões
Primeiro que tudo queria desejar mais um ano cheio de excelentes posts aos meus companheiros de blogue, que tão bem têm contribuído para um esforço de oposição à tendência social gritante para desvalorizar quem tem opiniões próprias e quem valoriza e enaltece a língua portuguesa. Bom ano!
Se bem me lembro essa mesma figura paladina da contenção e do rigor apresentava como uma das suas “mais valias” o seu pretenso suprapartidarismo. Ora esse tipo de atitude sugere-me alguns comentários que me parecem bastante sensatos para um cidadão minimanente atento e curioso.
Que não queira aparecer em cartazes onde esteja o Santana Lopes, percebo ainda melhor.
Agora quando se vem para uma campanha eleitoral falar de candidaturas suprapartidárias que conseguem as 7500 assinaturas necessárias num ápice, fazem acções de campanha em todo o país com uma logística equivalente à partida do Lisboa-Dakar e têm um orçamento de 3 milhões de euros para jantares e sacos plásticos, eu pergunto:
quarta-feira, janeiro 04, 2006
Happy birthday to us!
Agora a sério: dia 8 festeja-se, aqui, o primeiro aniversário do Deste Lado do Espelho - até à data, o mais longo e interessante projecto blogosférico em que me envolvi. Interessante graças aos outros residentes: Carlos, Susana, João, Alexandre, Maria Helena. Abraço ao Miguel, que já não está na casa, mas cujos belos posts podem ser lidos e relidos nos arquivos. Dia 8 conversamos (e bebemos!)
João Campos
P.S.: mas desta vez, que ninguém se atire para a fonte do Rossio, sff.