segunda-feira, outubro 31, 2005
sábado, outubro 29, 2005
Naval 1-Benfica 0, aos 70 minutos, mais ou menos
quinta-feira, outubro 27, 2005
Paciência
Apanho o autocarro 58 da Carris em Benfica, junto à universidade, com o intuito de regressar ao meu bunker. Vejo-o chegar, a expectativa e o desejo de me ir embora desvanece-se no ar como o fumo cinzento do seu escape à medida que o vejo aproximar-se do apeadeiro. Deixo de ver um autocarro; passo a ver uma lata de sardinhas amarela, gigante, com rodas. Suspiro e entro (Eufemismo: senti-me apertado). Dou graças a Deus pelos meus 185 centímetros de altura, que afastam o meu nariz da axila infecta de alguém. A cada paragem sai uma pessoa, entram quatro. Quando não mais ("look at them... like flies to cow pies..." é o pensamento triste que me atravessa a mente). A situação toca os limites do absurdo. Toda a gente a reclamar, a barafustar. Pára o autocarro, mais uma manada desenfreada que invade aquele espaço aos empurrões. O espaço desaparece, deixei de precisar de me segurar onde quer que fosse, uma vez que não havia para onde cair. Uma senhora, muito dona de si, num claro grito de ordem como se ali tivesse algum poder, querendo à força entrar num espaço que já ultrapassara a lotação esgotada havia muito, brada aos céus "Furem! Furem!". Resposta categórica de outra senhora, evidentemente não menos iluminada: "Ó minha senhora! Quem fura é o Black & Decker!". Gargalhada geral, resmungos irados entredentes, que a frontalidade há muito se perdeu. Olho a custo pela janela, ainda tanto caminho pela frente. Shakespeare podia ter alguma razão ao afirmar que "a paciência é a mais nobre das virtudes". Mas Shakespeare nunca viajou com a Carris.
(reedição de um artigo escrito por mim no antigo blog "Miradouro", no qual colaborava com o nosso saudoso camarada Miguel)
João Campos
Ora bolas!
quarta-feira, outubro 26, 2005
Lembrei-me há pouco:
(muito) breves considerações sobre as presidenciais
sábado, outubro 22, 2005
sexta-feira, outubro 21, 2005
quinta-feira, outubro 20, 2005
Shagging ( Palavra obscena à brava ! Não repetir !
aquilo que realmente interessa(va)
quarta-feira, outubro 19, 2005
Sódaaaad, sódaaaaad !
Ai, Xô Sócrates, bem haja ! Nós já tínhamos tantas saudades da co-incineração !
Breaking News
terça-feira, outubro 18, 2005
Comprar casa? Mudar de carro? É já a seguir!
as bestas do apocalipse
domingo, outubro 16, 2005
«não quero já missão nenhuma»
«Por mim, não quero já missão nenhuma,/ senão tal jogo de onda e mais onda,/ a surpresa da espuma e a profunda/ tentação de morrer em cada onda!» David Mourão-Ferreira
Susana
sexta-feira, outubro 14, 2005
Pandemia de ignorância
Um dos quadros em que esse facto toma traços pitorescos é o caso da fuga e evasão fiscais. Se atentarmos a uma conversação entre dois cidadãos típicos que verse sobre fuga ao fisco, percebemos de imediato que para essas duas pessoas os dois únicos contribuintes sérios e pagadores são exactamente eles os dois. E que os restantes nove milhões novecentos e noventa e oito são os aldrabões que não pagam e é por causa deles que este país não vai para a frente.
Aos políticos profissionais (porque políticos amadores somos todos nós), chamam-se todos os nomes que se conseguem imaginar e até mesmo aqueles em que nunca pensamos possíveis de chamar a alguém, e rotulam-se, os políticos, com adjectivos que em muitos casos se aplicam milimetricamente aos qualificadores. Quando ouço alguém ‘varrer’ a classe política do adjectivo corrupta, numa espécie de generalização abstrata e impresisa, fico logo a pensar que essa mesma pessoa potencialmente será corrupto genética e inconscientemente. Não sei se por uma questão de pontaria minha se por qualquer outra razão que desconheço, isso se confirma na realidade. Maioritariamente verifico que em Portugal quem acusa alguém de forma vaga de algo é, normalmente, portador desse ‘algo’. Essa acusação de corrupção geral e instalada que é maximizada com a existência de jornais como o ‘Correio da Manhã’ ou o ’24 Horas’, é leviana e injusta, na medida em que, estatisticamente a probabilidade de exitirem cidadãos corruptos é a mesma em todas áeras. É uma razão de lógica matemática que o determina, e contra isso nada se poderá fazer. Para além disso verifico que as mesmas pessoas que negoceiam valores irreais nos imóveis para pagarem menos valor do antigo imposto de SISA (agora IMI) são exactamente os mesmos seres que no café com os amigos e no meio de uma golada na ‘mini’ dizem : ”O Sócrates?!? Esse é igual aos outros...mete o dinheiro ao bolso...”.
Um reflexo virtual da globalização
João Campos
Uma "curte" europeia
terça-feira, outubro 11, 2005
C'est la vie ...
segunda-feira, outubro 10, 2005
Coisas que não se percebem
Devaneio à Groucho II
- A faltar às aulas, Susana? Que é lá isso?
- É outro dos efeitos que você tem em mim, Outono: vontade de não sair de casa.
- Está outra vez a ser desagradável.
- Olha quem fala!
- Mas, ó Susana, não está assim tanto frio.
- Não é nada disso. Você é feio, pronto.
- Mas se ainda ontem dizia que me achava bonito!
- Com o devido respeito, Outono, você já se viu ao espelho hoje?
- O mesmo lhe pergunto eu a si.
- E eu respondo-lhe que sim. Se estou com cara de sapo é porque, na verdade, dormi de mais.
- Está a ver? Devia era ter acordado às seis da manhã e ter ido às aulas, como estava previsto.
- Às seis da manhã ainda é de noite, Outono. Ainda sou mas é assaltada, se me ponho a andar na rua a essa hora.
- Tem de começar a habituar-se. Olhe que já tem idade para se acostumar a essa rotina.
- Oh oh oh. Ironia para cima de mim não!
- Não estava a ser irónico.
- Olhe, Outono, o que eu acho é que a gente não se entende. Se me der licença, eu vou ali à mercearia.
- Mas não tinha dito que não sairia de casa nem para ir às aulas?
- Apetece-me um chocolate.
- Ah, bom!
domingo, outubro 09, 2005
Devaneio à Groucho*
- Olá, eu sou o Outono.
- Olá, Outono.
- ...
- ...
- Então, surpreendida?
- De maneira nenhuma, Outono. Já me tinham dito que chegava hoje.
- Então que história foi aquela de andar a dizer a toda a gente que não ia chover até ao final do ano? Sabe, Susana, os seus amigos não vão gostar nada de saber que lhes andou a mentir.
- Não tenho culpa, ouvi na Rádio.
- Qual Rádio?
- Numa qualquer.
- Já leu o que o seu colega e amigo Carlos escreveu aí em baixo? As aulas começam amanhã.
- Já li, já.
- E então?
- Olhe, Outono, isto agora não vai poder ser. É que eu tenho de ir votar.
- Então e vai votar em quem?
- Que lhe interessa isso?
- Nada, na verdade. Estava só a tentar fazer conversa.
- Pois, mas eu agora tenho mesmo de sair.
- Ainda tem o dia todo, Susana. Porque não fica mais um pouco?
- Não vai mesmo poder ser, Outono. Tenho coisas para fazer mais tarde. Para além do mais, você deprime-me.
- !
- Não é que não seja bonito, nada disso - bem sabemos como bastam coisas destas para me deixar bem-disposta. Mas isto de já ser noite às sete e meia da tarde... E não vê que já não posso andar na rua de chinelos por sua causa?
- ...
- Pois é. Bom, deixe-me lá calçar os sapatos para ir ali à escola.
- Bate leve, levemente, como quem chama por mim...
- Que diz?
- Será chuva, será gente...
- ?
- Gente não é certamente...
- Oh homem, ganhe juízo!
- E a chuva não bate assim.
* Mas sem metade da piada, evidentemente.
sábado, outubro 08, 2005
Tipologia do aluno
"Trazem sempre os cadernos imaculados, com argolinhas nas folhas que teimam em cair. O seu estojo é um sarcófago de canetas multicolor e borrachas que nunca se gastam. Não escrevem nos manuais para não "estragar". Sublinham os sumários com cores diferentes consoante a disciplina ou o dia da semana. Perdem tempo, no fundo, com uma multiplicidade de tarefas desnecessárias que servem para encobrir o facto de nada terem para dizer ou acrescentar ao que é dito na aula. Fazem os exercícios a medo, e quando são chamados a responder lá vem a vozinha sumida, entre a quebra de tensão e o enjoo, e a medo respondem qualquer coisa."
Nest post, Gold descreveu os alunos de CE da ESCS e nem se apercebeu!
Erro irreversível
Alguém que, de uma vez por todas, explique aos responsáveis pela RTP1 que Irreverssible não é um bom filme para se passar na televisão pública, s.f.f.
Obrigada.
quinta-feira, outubro 06, 2005
Precisando (ou Enquanto eles praxam)
Ao longo desta semana, prestes a terminar, tem decorrido na Escola Superior de Comunicação Social a chamada Semana de Praxes. O facto de lá ter estado hoje a assistir ao ritual e a leitura que acabo de fazer de um artigo publicado no nº 1 do Oitava Colina leva-me a proceder a uma (simples, clara, óbvia) precisão (tão simples, clara e óbvia que chega a ser inútil).
Afirma-se, no referido artigo, que na ESCS “[...] há uma hierarquia mais ou menos clara entre os estudantes. O vértice superior da pirâmide é ocupado por quem frequenta a escola há mais tempo, a base pelos alunos do 1º ano, os caloiros” (p. 20). “Uma coisa que é preciso perceber é que há uma hierarquia” (p. 20), terá dito a douta-veterna (é assim que se escreve?) Cláudia Soeiro às jornalistas responsáveis pela peça. Ora, isto pode muito bem ser verdade em contexto de Praxes (às quais, felizmente, só adere quem quer). O que não pode é ser confundido com o estatuto oficial de estudante do chamado “caloiro”.
A verdade é que, dentro do universo do Ensino dito Superior, não há nada que distinga um aluno que tem duas ou mais matrículas de um aluno que se matricula pela primeira vez. Perante a Escola ou a Faculdade, perante os órgãos de gestão e órgãos científico-pedagógicos, perante os serviços e gabinetes, perante os professores, seguranças e funcionários responsáveis pelas salas e pelo material, a diferença entre um “caloiro” e um “douto-veterano” é nenhuma. Se os senhores douto-veteranos pagaram as propinas, parabéns – os caloiros também as terão pago, com certeza. O que faz deles alunos da escola exactamente na mesma medida que os alunos que se vestem de capa e batina (com direito a usar elevador e tudo). Em termos de direitos e de deveres institucionais, “caloiro” e “veterano” são exactamente iguais. Ou seja, têm o mesmo estatuto.
É por isso que não se pode falar numa “hierarquia entre os estudantes”, quando essa hierarquia não passa de uma ficção criada pela Comissão de Praxes (CP) para “apavorar” os novatos. Na verdade, nada os distingue. Não há cá vértice nem base de pirâmide nenhuma. Se lhes dá jeito falar em “hierarquia”, que tenham ao menos o cuidado de aplicá-la apenas à CP, em vez de estendê-la à escola inteira.
Nota: Não tenho nada contra a CP. Aliás, até acho que eles ficam muito sexys dentro do traje, e elas muito elegantes (o que se torna muito agradável à vista, sentido que deveras prezo). E até me consegui divertir razoavelmente à custa dos pequenos eventos que foram organizando ao longo do dia. Mais: até sei que não lhes estou a dar novidade nenhuma, que eles bem sabem que, fora do contexto de Praxes, nada os distingue dos chamados “caloiros” (o que, aliás, é bem demostrado ao longo do ano lectivo). O que se pede é um bocadinho mais de precisão nas cabeças e nas palavras. (“Tu e o raio da precisão”, dirão alguns. Tenho esta mania, que querem?).
quarta-feira, outubro 05, 2005
'Ó xôr Primeiministro, não dê ideias à 'balta' !
Povo ! O 'inginheiro' Sócrates disse hoje 'que até achava que os portugueses não estavam a protestar com muita força, que, em democracia é normal protestar, e mais não sei quê. Ah, sim ?! O ké isto ? O homem quererá greve geral ? Sendo assim, que tal engrevidarmos todos ! O texto 'A Geração' está mesmo quase. Brevemente, num simpático blogue perto de si. Cheers !
Com bacon, cogumelos, pepperoni e azeitonas, s.f.f.
Wow!
E eu que me achava uma valentona (como dizem os brasileiros) por ter entrado em Carcavelos este fim-de-semana! João Pedro George sim, é corajoso e valente! Eis o resultado. Bravo!
segunda-feira, outubro 03, 2005
Os miseráveis
Recentemente li, algures, uma interessante referência ao romance de Victor Hugo e meti na cabeça (ingénua mas decididamente) que havia de o ler ainda antes de começarem as aulas. Esta manhã fui à Biblioteca Municipal e peguei, pela primeira vez, num exemplar. E toquei de perto o assombro. E deixei-o ficar.
Apagão
Not right
Das duas uma: ou as pessoas ainda não se aperceberam de que a norma está errada e, por isso, a aceitam com a serenidade com que nos cabe aceitar o que está certo, ou então sempre o souberam e já se conformaram. E embora consiga, com algum esforço, perceber a primeira, não há maneira de conseguir perceber a segunda.
* Não sou grande fã, verdade seja dita. Lost in Lisbon engana-se: não é a única.
domingo, outubro 02, 2005
A enfermeira
M. sentia-se, subitamente, tranquilo. Via-a sorrir com (aparente) gosto e supôs que lhe dizia a verdade. É tão fácil enganar uma criança.