sexta-feira, setembro 30, 2005

Acho que estou apaixonada


Frank Sinatra

O que, tendo em conta o factor espaço-tempo, é uma chatice.
Susana

quinta-feira, setembro 29, 2005

Espécie em vias de extinção

À passagem pela escola onde estudei, identifico estereótipos: freaks, dreads, betos, góticos, metaleiros, surfistas, rappers, motards, punks, hippies. Em minoria contam-se os inclassificáveis, com as suas calças de ganga, a sua t-shirt monocolor, os seus ténis discretos. No estilo, no carácter, na conduta, a simplicidade é suprema virtude.
Susana

quarta-feira, setembro 28, 2005

Informação interna: operei pequenas mudanças no nosso sistema de comentários. Quanto a vocês não sei, mas eu já estou farto do spam. A ver se a word verification resulta.

João Campos (aqui a armar-me em relações públicas)
Apenas para fazer notar que os blogs A Causa Foi Modificada, Frangos Para Fora, Desesperada Esperança, A Origem das Espécies e Estado Civil foram adicionados aos links. Já agora, passem pelo primeiro e leiam o brilhante texto que o maradona (com minúscula) escreve sobre o ambiente e os ambientalistas (link não disponível).

João Campos

Um paradoxo de desenvolvimento

A ligar a minha aldeia à vila de Odemira - sede de concelho, e onde existe a escola secundária e os serviços - existem dois autocarros. Um tem um percurso longo que demora um pouco mais de uma hora, por uma estrada razoavelmente pavimentada mas vertiginosamente aos "ésses". O outro tem um percurso de apenas 31 kms, que, contabilizando o máximo de paragens, se faz em 45 minutos, numa estrada digna de qualquer circuito de ralis.
Breve história desta via municipal*: foi contruída há alguns anos, mas com graves erros de concepção. Não tem qualquer sinalização, traço, berma ou protecção lateral. As cheias de 1997 causaram danos que ainda hoje são bem visíveis. Um pequeno trecho, um quilómetro após a saída da aldeia, abateu - literalmente, tendo a Câmara, ao invés de reparar convenietemente a enorme vala, feito com alcatrão uma rampa para entrar no buraco e outra para sair. Os inúmeros buracos da estrada são (muito) periodicamente tapados, mas sem recurso ao cilindro. Ou seja, deixa de haver buracos para passar a haver lombas. Até o alcatrão sair por acção das chuvas, dos camiões ou do que quer que seja. Nestas condições, surpreende que tenha havido tão poucos acidentes naquela via ao longo dos anos. Mas a estrada mantém-se assim, e de quatro em quatro anos é promessa eleitoral.
Adiante. Falava eu dos autocarros. Já vi os percursos; vamos agora aos horários. O do percurso mais longo sai de Sabóia às oito e meia da manhã e apenas parte de odemira às seis e meia da tarde. O outro regressa de Odemira para Sabóia (pelo percurso mais longo) à uma e meia da tarde, distribui os alunos da Escola C+S de Sabóia pelas povoações locais, e regressa - fora de serviço, imagine-se! - a Odemira, pelo percurso menos longo. Uma vez em Odemira, vai até à aldeia de Sta. Clara a Velha (a cinco quilómetros de distância).
O que quero com isto dizer é que uma família que eventualmente quisesse ir trabalhar para Odemira nunca poderia escolher a minha aldeia para morar, a menos que se dispusesse a andar de carro todos os dias - o que os acessos desaconselham. Não existe flexibilidade de horários. Aliás, Sabóia e Santa Clara têm uma estação de comboios, mas não há autocarros para transbordo. A justificação da empresa de transportes é simples: não é rentável, não há pessoas suficientes. E irá porventura haver, se as condições não mudarem?
Dei a minha aldeia como exemplo, mas poderia citar centenas de aldeias do interior do país. Lugares semi-esquecidos onde nada se faz porque os números da população local tal não justificam. No entanto, isto não impede o poder político de ficar preocupado com o êxodo rural. É irónico, quase tão irónico como este paradoxo de desenvolvimento.
João Campos
*consta que a estrada está agora a ser reparada (quando são as eleições autárquicas mesmo?). Mas apenas metade do percurso, desde Sabóia à aldeia da Portela da Fonte Santa. Parece que não é uma estrada, mas duas. Enfim. Duvido seriamente da qualidade das reparações - e creio que, independentemente de quem ganhar as eleições, o poder local só se vai lembrar da outra metade da estrada daqui a quatro anos.

terça-feira, setembro 27, 2005

Tatatataratata

'A Geração', texto. Brevemente, num blogue perto de si. (O Ministério, com esta mania de nos fazer estar todo o dia na Escola, não nos deixa tempo, nem para escrever. Chiça ! )

segunda-feira, setembro 26, 2005

Understanding the ununderstandable

Foi através da Patrícia que comecei a fazer surf. E da SurfPortugal nº 100 (edição especial),o primeiro exemplar da revista a que tive acesso, que por acaso foi ela que me deu a ler. Uma belíssima edição, com fotografias magníficas e textos profundos sobre o acto de fazer ondas. Lembro-me (só a memória me resta; o exemplar que comprei para mim emprestei a um membro da tribo e nunca mais os voltei a ver a ambos) de que o artigo de capa consistia num conjunto de textos entitulados pelos vários significados possíveis que se pode atribuir ao acto de desafiar os oceanos em cima de uma prancha. E lembro-me também, como é evidente, dos textos de que mais gostei: um tinha como título “Diversão”, o outro “Aventura” . Uma fotografia da Patrícia a executar uma batida vertical, tirada pelo australiano Joli (um dos mais conceituados fotógrafos de surf da actualidade) numa qualquer praia da Austrália, ilustrava o texto que falava do surf como “Competição”.
A Patrícia foi minha professora de educação física durante 2 anos, no secundário (bom, na prática terão sido 3, porque, apesar de ter mudado de turma no último ano, à força de ter optado – como mais meia dúzia de colegas apenas – pela renegada da Filosofia, o jeito para a bola garantia-me sempre um lugarzinho entre a rapaziada da turma de Artes, à qual a Patrícia dava aulas à mesma hora). Pratica surf há mais de vinte anos (desde os dezoito), é campeã nacional da modalidade há mais de dez. Também corre o circuito mundial (ou corria, na altura; não sei se entretanto parou), e por isso, quando chegava Dezembro, já todos sabíamos que íamos ser dispensados das aulas de educação física por duas semanas. A Patrícia chegava e dizia: “Não vou poder dar aula nas próximas semanas porque vou estar em competição. Parto amanhã para o Hawai”. A maioria da turma (sobretudo raparigas) recebia a notícia com alegria. Eu, nem por isso. Sempre gostei de desporto e, acima de tudo, agradava-me a sua presença bem-disposta e animada.
Patrícia ter-se-á iniciado no surf em meados da década de oitenta pela mão do irmão mais velho, Gonçalo Lopes, quando o surf em Portugal ainda era uma raridade. Melhor, quando o surf em Portugal ainda era visto como uma perda de tempo, os surfistas como rebeldes, desafiadores da sociedade, uma cambada de inadaptados, de insubordinados que se recusavam a corresponder às expectativas dos pais, como concentrar todas as energias num curso superior, por exemplo. Mulheres no mar, nessa altura, só a Teresa Ayala em Peniche e a Teresa Abraços na linha. A elas juntou-se a Patrícia na luta pela conquista de espaço numa área (mais uma) dominada maioritariamente, arrogantemente, pelo género masculino.
Fui dar com ela na praia este fim-de-semana, a dar uma aula de surf a um rapaz de 15/16 anos. Já não via a Patrícia em Carcavelos desde o dia em que houve campeonato lá na praia, a contar para o ranking nacional (terá sido quando? Outubro de 2002?). Nesse dia, tenho a certeza de ter assistido a um verdadeiro espectáculo da Natureza, de demonstração da coragem humana, nomeadamente feminina. Lembro-me de que o mar estava enorme (aliás, nunca mais voltei a ver Carcavelos tão grande), a fazer buraco (típico...) e com uma rapidez impressionante (é, afinal, de uma das ondas mais rápidas e cavadas do país que vos falo). Falhar o drop ou a manobra equivalia a apanhar uma valente “coça”, a ser arrastado/a até à areia, debaixo de àgua, aos trambolhões, sem poder respirar durante tempo suficiente para fazer qualquer pessoa passar um mau bocado e ponderar devidamente a sua entrada. Patrícia não pensou duas vezes: vestiu o fato e entrou. Dentro de água, só pude contar os prós em competição e mais meia dúzia de destemidos. E a Patrícia, claro.
Vi-a este fim-de-semana na praia, dizia eu, a dar uma aula de surf. Estava pequeno: meio-metro (talvez nem isso). Patrícia ficou no inside a dar a aula enquanto eu boiava lá fora, à espera de uma ondinha que valesse a pena. A dada altura, virou-se para nós (eu estava com o L.) e disse, fazendo sinal para a esquerda: “Para ali! Remem para ali!”. Assim fizemos. “Mais, Susana, rema para fora!”. Assim fiz. E bastou o tempo que levei a posicionar-me no line-up para entrar o set. Ondas boas (melhores), grandes em comparação com o que tinha estado a entrar ao longo da tarde. Com três braçadas enfiei-me na primeira do set, drop rápido, sem esforço, cortei a onda até à areia. No final, um sorriso do tamanho do mundo. Valeu-me a sorte de ter apanhado a onda do dia. E a dica da Patrícia, claro.
Tudo isto só para dizer que não há quem eu respeite mais do que quem percebe o incompreensível. E é por isso que respeito os surfistas (os que o são verdadeiramente) acima de quaisquer outras pessoas. Porque de Teorias da Comunicação e do Jornalismo até eu consigo perceber, com algum estudo. De física quântica também, suponho, com estudo árduo. Agora o mar... Sobre ele nada vem escrito nos livros.
Susana

sábado, setembro 24, 2005

Quere-me parecer...

... que já todos conhecemos o teu voto, João!

Susana

Guess what?

He's back.

Via: A Cooperativa.

Susana

quinta-feira, setembro 22, 2005

Educação II

O meu caso, Maria Helena, é diferente. Repare que, na prática, eu sou um "moço de aldeia". Vivi até aos dezoito anos lá na santa terrinha, e, verdade seja dita, pouco mundo conheci (ou conheço). Há diferenças entre cidade e o campo - o conto infantil dos dois ratinhos esconde mais metáforas do que muitos adultos pensam. E uma delas passa precisamente pela relação entre pais e filhos. Num meio pequeno, onde as crianças vão a pé (ou, quanto muito, na carrinha da junta de freguesia) para a escola e os pais a pé para o trabalho, o contacto entre ambas as partes é forçosamente maior. Para além do mais, são meios onde toda a gente se conhece - para o bem e para o mal. O que falta em privacidade, se quisermos, é compensado por afecto, reconhecimento, confiança. Nascer e viver no mundo rural, ainda que não se esteja ligado a qualquer actividade agrícola - o meu caso - molda as relações humanas de forma diferente. Estereotipando o problema - as pessoas, por muitos defeito que tenham (e têm mesmo), são mais humildes, mais generosas, mais preocupadas. Dizem mal, mas ajudam quando é necessário. Estão lá.
O próprio ritmo de vida é diametralmente distinto. Não há a correria desenfreada aos transportes, aos centros comerciais, aos empregos. Nas cidades é diferente. As actividades são diferentes. Repare-se que na minha aldeia, em termos de comércio, existem sete cafés, três mercearias, uma loja de pronto-a-vestir, uma papelaria/tabacaria, duas lojas de electrodomésticos, uma cabeleireira, um barbeiro e uma oficina de motorizadas. Só isto é incoparavelmente menos do que o centro comercial Colombo. Aliás, juntos, todos os espaços que mencionei teriam uma área menor do que o Continente que está no c.c. Colombo. Pelo mesmo centro comercial, entre o meio-dia e as duas da tarde, passam mais pessoas do que a população efectiva da minha frequesia. Face a estas assimetrias, é evidente que as diferenças têm de emergir.
Voltando à questão, que acabei por divagar: nada disto do que disse invalida a minha ideia de que os pais de hoje compram a educação aos filhos. Pense-se no tempo efectivo que passam com os filhos. É pouco. E pense-se em todos os luxos - roupas de marca, consolas, videojogos, telemóveis, etc. - que os miúdos de hoje em dia têm. A televisão, nesse aspecto, contribuiu decisivamente tanto para o arrefecimento de relações como para a sua "mercantilização". Entretém (com qualidade duvidosa, mas não é esse o ponto) as crianças, deixando-as mais sossegadas, ao mesmo tempo que lhe impõe as "modas", os gostos. Fornece uma educação paralela, cuja agulha aponta sempre para o consumo. Porque se queres ser como a não-sei-quantas da novela das sete tens de te vestir assim e comer assado, and so on. É a "ama-electrónica". E convém a ambas as partes.
Não defendo que um pai bata num filho como castigo por algum acto, como se o miúdo fosse o cachorro do Pavlov a espumar da boca ao ouvir a sineta. No entanto, o afastamento dos pais e a aproximação dos meios digitais sem controlo é incomparavelmente mais perigosa do que um par de bofetadas por teimar em não comer a sopa.
João Campos

quarta-feira, setembro 21, 2005

'Aaaaaiiii, kórror !'

No blogue anterior, desculpem lá o 'acerca sobre'. Foi descuido, rats ! Cheers !

A propósito do texto 'Educação' ( eu bem disse que voltaria à carga, porque o assunto dá pano para muuuuuuuuitas mangas ) gostaria de perguntar aos meus combloguistas que opinião têm acerca sobre a geração dos V. pais, aquela que nasceu na segunda metade da década de 50 e que tinha entre quinze e vinte anos, em 1974. Generalizou-se a ideia de que 'há muitos pais que se demitiram da educação dos filhos'. Não devia acontecer, mas, então, porque é que acontece ? Com a devida permissão, venham as V. opiniões ! Cheers !

terça-feira, setembro 20, 2005

D. Sebastião

Numa espécie de comprovativo da ignorância colectiva, a sociedade lusa volta a exercitar todas as características maléficas que em si mais abundam e que a revelam como algo de determinantemente confuso, conflituoso e conceptualmente medíocre. Refiro-me à confusão que reina na cabeça de muitos eleitores e que os faz acreditar utópicamente num mito ‘sebastianista’ decalcado no panorama político e materializado nas próximas eleições presidenciais. Para que esta insustentável confusão se dissipe sugiro, humildemente, a leitura paciente e atenta de um livrinho de poucas páginas mas que, por certo, eliminará as confusões conceptuais que pairam sobre Portugal de que o Presidente da República, seja ele qual for, tome funções executivas e, por exemplo, faça diminuir o desemprego.
Esse livro chama-se Constituição da República Portuguesa.

João Teago Figueiredo

P.S.: Aproveito esta oportunidade para pedir desculpa por há muito não escrever neste espaço e, de igual modo, saudar a entrada de mais dois companheiros de escrita não só mas também pelo facto de agora podermos contar com a opinião feminina neste espaço.

Pérolas da Emissora Católica*

"nós fazemos amor com o pénis" - diz uma senhora (segundo a minha colega de casa, é sexóloga ou algo equivalente) enquanto aponta para uma imagem de anamotia genital masculina e explica a largos gestos o bê-à-bá da fornicação.
Já agora, Susana, sabes que a TVI quer juntar Carmona Rodrigues e Carrilho em mais um debate televisivo? Até parece que o Raistaparta, neste comentário, adivinhava..! Como dizia o Garfield numa banda desenhada que tenho lá em casa, "the rating wars escalate".
João Campos
*para quem não se lembra, há muito, muito tempo, antes de Manuela Moura Guedes, Big Brothers e claras em castelo, a TVI era conhecida por Emissora Católica. Ainda passa a Eucaristia Dominical ao domingo de manhã. E o Fiel ou Infiel nas noites de sexta.

segunda-feira, setembro 19, 2005

"Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo"*


Foz do Lizandro, Ericeira.
* Ricardo Reis

Susana

domingo, setembro 18, 2005

To Sir with love

O desafio que me é lançado por Mr Campos dá pano para muuuuuuuitas mangas. Segue resposta, em breve.

Ainda sobre o duelo Carmona vs Carrilho

E a legitimidade da emissora para transmitir imagens captadas fora do âmbito do programa (tem-se falado em “imagens de bastidores”), já depois de ter sido anunciado a ambos os candidatos o fim do debate (único contexto, suponho, em que concordaram ser filmados) – ninguém questiona?
Susana

Educação

Talvez a Maria Helena me possa ajudar nesta discussão. Surgiu a propósito de nada que lhe tivesse respeito neste post do amigo Azurara. Entre muitas ideias, falou-se da educação dos alunos.
A minha observação em muitos anos de ensino do lado dos aprendizes ensinou-me que cada vez mais os professores serem mais do que isso mesmo - professores. Na escola, eles têm de ensinar aos alunos conceitos que seriam da obrigação dos pais, e da família. Sim, porque a família é o primeiro grupo em que a criança se insere. Não a escola.
A forma como a educação parental se processa - ou não se processa - nos dias de hoje é curiosa. Há muito que os pais se demitiram da educação dos filhos. Agora compra-se essa educação. Com mil e um luxos que as crianças pedem e aos quais os pais acedem por pura conveniência. Fazem os miúdos felizes e ficam sempre com o argumento "sempre te dei tudo o que me pediste" quando as crianças se tornam em adolescentes problemáticos e compreendem que sempre tiveram tudo menos amor e compreensão.
Para quem sobra o acto de ensinar o elementar, o que se aprende antes de ir para a escola? Para os professores, que têm de ensinar às crianças valores e conceitos que os pais já deviam ter ensinado - mas que não o fizeram, porque compraram com prendas materiais o tempo que não passam com os seus filhos.
Qual é o resultado? Dê-se um passeio por zonas onde existam escolas em Lisboa e veja-se. Adolescentes mimados e fúteis, que não fazem a mais pequena ideia de que existe um mundo para além das camisas de marca e das conversas idiotas. Jovens sem formação nenhuma que se julgam donos e senhores da razão e do mundo. O pior de tudo é que neles reside o futuro.
Podem dizer que este problema acontece em todo o mundo. Verdade. Mas nem por isso deixa de ser um problema.
João Campos

sábado, setembro 17, 2005

Ó tempo, volta para trás...

O nosso tempo, com todas as tretas e mariquices que lhe estão associadas, por vezes torna-se deveras enfadonho. As pessoas hoje em dia já não têm noção do emocionante, do divertido, do justo. Por exemplo, se o célebre debate televisivo entre Carmona Rodrigues e Carrilho (perdi, lamentavelmente... alguém gravou?) ocorresse no início do século XX, hoje teriam ido bater à porta do actual presidente da Câmara de Lisboa António Guterres e Eduardo Prado Coelho - padrinhos do caluniado, Carrilho - para acertar os detalhes do duelo à pistola que deveria decorrer no Chiado (em frente à Brasileira, para ser chic), por volta das 16 horas da tarde de Domingo, banhada pelo ameno sol lisboeta. Amanhã à tarde, após alguns tirinhos, e com sangue rosa ou laranja a chegar já à FNAC, a coisa estaria resolvida e, com alguma sorte, uns bons milhares de portugueses voltavam a sonhar abertamente com Bárbara. A coisa enchia as manchetes dos tabóides e das revistas cor-de-rosa nos próximos tempos e todos ficavam felizes.
Definitivamente, o nosso tempo é uma seca.
João Campos

5 possíveis coisas que passam pela cabeça das pessoas que, todos os dias, se posicionam à beira-mar, hirtas, de braços cruzados, a ver-me skimar

(Post Especulativo)
1. O que é que leva esta gente a lançar-se sobre uma pequena prancha de madeira contra as ondas, sobretudo quando elas estão como estão hoje (grandes, a quebrar violentamente sobre a areia), e quando as probabilidades de falharem a manobra e de caírem e de se esfolarem na areia e de serem enrolados durante largos segundos (sem poderem respirar) são consideráveis? Torna-se evidente: a juventude está perdida. (Jovens, o Norte fica p'rá'li!).
2. Ela é mesmo loira, ou é dos quilos de areia molhada que traz na cabeça (já para não falar no resto do corpo)?
3. A parte de cima do bikini já se desviou uma vez. Pode ser que se desvie outra. Ficamos para ver (e para gozar depois).
4. O que farei logo à noite p’ró jantar: bife grelhado ou peixe frito?
5. Apesar de tudo é Verão.

To be or not to be continued.


Susana

sexta-feira, setembro 16, 2005

«Como a poesia ou o amor»

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Alexandre O’neill


A interpretação de Mariza é magnífica.


Susana

Figuras de Estilo I

"Não há 35000 professores no desemprego. Há, sim, 35000 candidatos a professores que não conseguiram lugar nas últimas listas de colocação".
Assim dizia há pouco no Telejornal um senhor que José Alberto Carvalho entrevistava - creio que era do Ministério da Educação, mas não me recordo de quem era ao certo.
Nesta frase não há dúvidas. Temos eufemismo.
João Campos

Vivam também, já agora, os políticos portugueses!

António Carmona Rodrigues e Manuel Maria Carrilho no momento da despedida, após o (tenso) debate que foi transmitido em directo esta noite na Sic Notícias:
MMC: Tenha vergonha! Tenha vergonha!
ACR: Blá blá blá (qualquer coisa que Carrilho não deixa perceber).
MMC: Tenha vergonha! Tenha vergonha!
ACR (esticando a mão para se despedir de Carrilho): Bom, doutor!...
MMC (sorrindo apenas e seguindo em frente): ...
ACR (para o jornalista que conduziu o debate, manifestamente admirado): Então, ele nem me cumprimenta!...
MMC (sorrindo e seguindo em frente, em frente!): ...
ACR: ORDINÁRIO!

Cheguei a julgar, por momentos, que se tratava de um sketch do Gato Fedorento. Com personagens extraordinariamente próximas do real, claro!
Susana

quarta-feira, setembro 14, 2005

Vivó Benfica ! Viva Eusébio ! Viva a Selecção de 66 !

'Benfica, eu sou do coração/Benfica, até debaixo d'água/ Quem fala mal do clube campeão/ Ou é d'inveja, ou é de mágoa/
Benfica, Benfica, ó Glória sem par/ Se perdes, Benfica/ Nem quero jantar !/ Benfica do meu coração !/ Porque o Benfica é que é o clube campeão ! Tum ! Tum !'

( antigo hino do Gloriosíssimo. Mesmo que perca, mesmo que jogue mal, mesmo que ande de borda debaixo de água, Benfica é sempre Benfica ! )

terça-feira, setembro 13, 2005

The Holy Grail

"O Lord, bless this thy hand grenade that with it thou mayest blow thine enemies to tiny bits, in thy mercy!

And the Lord spake, saying, "First shalt thou take out the Holy Pin. Then shalt thou count to three, no more, no less. Three shalt be the number thou shalt count and the number of the counting shalt be three. Four shalt thou not count, neither count to two except that thou then proceed to three. Five is right out."

Once the number three, being the third number be reached, then lobbest thou thy Holy Hand Grenade of Antioch towards thy foe, who, being naughty in my sight, shall snuff it."

"Amen.""

in Monty Python and the Holy Grail (provavelmente, a melhor comédia do mundo)
João Campos

Ámen

Charlie: quando se diz que o Benfica é uma religião, não se está a brincar (com os outros ou consigo mesmo). Religião digna desse nome prega a paz, o amor, a virtude, a castidade. Pois bem, eis o que o nosso Glorioso tem andado a fazer nas últimas três jornadas. E diz lá que nisso não têm sido impecáveis? Mais pacíficos e amorosos que eles é complicado - os atacantes adversários que o digam. Aquela defesa parece manteiga numa frigideira quente*. A virtude, pois claro. Perdemos, mas não é qualquer um que tira a virgindade à nossa baliza. E, claro, a castidade. O golo contra o Sporting foi ejaculação precoce. Lá está, a carne é fraca.
João Campos
* metáfora alusiva ao facto de andar a aprender a cozinhar - que é como quem diz, a fabricar carvão num fogão a gás.

yeah, right, you tell me about it...

"Não há necessidade de insistir no assunto [estudar economia, porquê?]. Esperamos que o leitor venha a descobrir que, além de útil, a economia é, com todo o mérito, um terreno fascinante. Gerações de estudantes, quase sempre com surpresa, têm descoberto como a economia pode ser tão fascinante."

Samuelson e Nordhaus, Economia

Sure thing. Isto explica porque é a... nem vou dizer a vez que vou a exame disto. Obrigado, Samuelson e Nordhaus! Finalmente, já compreendi!

João Campos

segunda-feira, setembro 12, 2005

Eu hoje surfei assim...










Rochelle Ballard

(Nem só a Charlotte tem dias destes!)

Susana

Efeito borboleta

Começou por pôr em dúvida um pequeno gesto, acabou a pôr em dúvida a vida inteira.
Susana

O coitado do bom-senso

Um touro (mais um) foi hoje abatido ilegalmente na vila de Monsaraz. Os responsáveis justificam-se com a tradição: "É uma prática que já tem 200 anos", dizem orgulhosos. Mais uma vez, a tradição impõe-se ao bom-senso.
Eu já não me espanto. Se não é a tradição é a religião, se não é a religião é a burocracia, se não é a burocracia é simplesmente a ignorância. É tudo a intrometer-se no caminho do bom-senso, tudo a deitar-se ao comprido na estrada para que ele tropece, coitado!
Susana

quinta-feira, setembro 08, 2005

Joãooooooooo,

boa sorte para amanhã! :)

Susana

quarta-feira, setembro 07, 2005

Santa Maria versão aérea

"Viagem para São Paulo. Aeroporto cheio, é verão por aqui. Vou passando malas, vazias, que voltarão cheias (espero, obrigado, Antonio Carlos Secchin, "Guia dos Sebos", Editora Nova Fronteira, 126 págs.). No detector de metais, algo apita. Talvez seja a minha chapa, uma chapa de metal de dez centímetros que tenho na cabeça, ferimento de guerra, história longa e, claro, inventada. Não é. A minha gilete de barba não pode embarcar. Entendo. Posso sacar a gilete no meio da viagem e ameaçar os passageiros com um ataque capilar.
"Ou desviam o avião para Cuba, ou eu barbeio todo o mundo!"
Deixo ficar a gilete. Já dentro do avião, com uma comidinha vagabunda à minha frente, verifico que a TAP continua a servir os seus repastos com facas de metal. A loucura é uma questão de perspectiva."
por João Pereira Coutinho, na Folha Online (o que explica o português brasileiro)
Definam: antítese, oxímoro ou paradoxo?
João Campos

terça-feira, setembro 06, 2005

Jovem,

Small is beautiful

«Quando o mar for pó
também os deuses terão morrido
»
Susana Alves

Acordo com um telefonema do L., saiu da cama num salto. Diz-me que “o Guincho está a bombar metro e meio”, esfrego as mãos de contente. Ligo-me no beachcam.pt, procuro pelas condições do mar em Carcavelos. Contemplo as imagens captadas pela câmara, experimento o sabor amargo da desilusão: flat, sem condições para o surf.
Não é preciso recuar muito no tempo para nos lembrarmos da Praia de Carcavelos com ondas de (pelo menos) meio-metro em dias de metro e meio no Guincho. Hoje, o cenário é outro bem diferente: mar grande no Guincho*, flatada desesperante em Carcavelos, com muita barriguinha de emigrante retornado ao léu.
Tento perceber as razões, o L. arrisca uma explicação: a areia que foi acrescentada à praia, no âmbito do projecto de requalificação das praias da Linha do Estoril levado a cabo pela Câmara Munincipal de Cascais, foi absorvida pelo mar e alterou os fundos, afectando inevitavelmente a onda. Na altura, chegou mesmo a ponderar-se a construção de dois molhes, nos extremos Este e Oeste da praia, por forma a "roubar" areia ao mar, o que teria destruído por completo a onda. A praia está a encolher, é certo, mas a manutenção de uma onda deveria ser um dos primeiros factores a ter em conta quando se fala de requalificação de uma praia.
O surf em Portugal, apesar de não ter ainda a penetração social verificada noutros países, há muito deixou de ser uma coisa de miúdos. Há surfistas em praticamente todos os sectores e escalões da nossa sociedade e cada vez mais o surf desempenha uma função social no salvamento de pessoas, na ocupação de forma saudável e natural do tempo livre por parte dos jovens, na possibilidade de interacção não destrutiva com a natureza. Para além disso, a conjugação de factores naturais para a formação de um prime surf spot é de uma tal raridade que torna a sua destruição num acto quase criminoso. É por isso que áreas de surf devem ser consideradas zonas de protecção ambiental tão importantes quanto florestas, cascatas, rios, montanhas ou espécies vegetais ou animais. As ondas de qualidade devem ser preservadas e protegidas como qualquer um dos muitos tesouros que a natureza criou e que a acção inexorável do homem ameaça de extinção. Carcavelos foi, apesar de tudo, um caso de sucesso, já que, quando os surfistas foram capazes de demonstrar que o surf seria afectado, a Câmara alterou a obra para que as ondas se mantivessem. Mas Lugar de Baixo e Jardim do Mar foram já vítimas da inqualificável falta de visão dos governantes locais.
Custa a crer que se consiga conceber o desenvolvimento numa perspectiva de destruição do que a natureza levou milhões de anos a formar e o homem leva somente alguns meses a destruir. O que foi feito na Madeira é criminoso sob todos os pontos de vista: paisagístico, ambiental, turístico e desportivo. Se se preocupassem antes em rentabilizar as condições naturais já existentes, os benefícios a longo prazo para a economia, a sociedade e a estética das praias seriam muito maiores.
Já no início do séc. XX, os teóricos da Escola de Chicago, nos E.U.A, defendiam um desenvolvimento em pequena escala, sob o lema “Small is beautiful”. Conscientes das consequências catastróficas do rápido desenvolvimento económico e industrial europeu, advogavam para as suas comunidades um desenvolvimento controlado e equilibrado. Seria de certo desejável que os nossos governantes adoptassem esse lema, segundo o qual tudo deve ser feito com equilíbrio, ou, utilizando uma palavra mais actual, com sustentabilidade. Todos temos a lucrar com o equilíbrio. À expecção, talvez, daqueles que encontram na destruição da natureza a sua fonte de riqueza e o alimento para os seus pobres espíritos.
Susana

* - A onda é medida por trás.

Fw: ou "watch your tongue, lad"

Antes de mais, informo que este post é um forward. Fui ao Marretas e li este post que me reenviou para o blog Frangos para Fora - mais precisamente, para este post -, que, por sua vez, me reenviou para este artigo de João César das Neves.
Eu até já fiz um trabalho académico no qual dissequei com requintes de malvadez o nosso apóstolo; mas este artigo, sem ponta de religião, está genial. Ainda me estou a rir. Façam favor: a prosa merece ser lida.
João Campos

segunda-feira, setembro 05, 2005

Got milk?

O mundo da política é, decididamente, feito de antíteses, oxímoros e paradoxos. Reflexão mais ou menos rápida: os socialistas acusaram Durão Barroso de ter "fugido" ao "pântano", e defendem Guterres, esse grande primeiro-ministro, que não fugiu - simplesmente, coitado, não tinha condições de continuar a governar. Agora, há quem afirme (Vital Moreira, no Causa Nossa - blog que até já merece link aqui ao lado) que quem deixou a política daquela maneira há seis meses não pode regressar assim, referindo-se a Paulo Portas, à sua saída da vida política aquando da derrota nas eleições-aborto, e a um eventual regresso como candidato presidencial.
Talvez seja eu que sou muito novo e inculto para perceber estas coisas. Afinal, não seria por acaso que na democracia ateniense, os jovens estavam afastados da vida política - essa, era para os adultos, maduros, de longa cruzada na vida (mais ou menos como aquele slogan de perfume: os rapazes ainda vão ter de esperar). No entanto, eu tenho ideia de Mário Soares ter abandonado a vida política. Disse "basta", ou algo que o valha, não foi? E disse também que uma recandidatura seria um "erro brutal", certo? Perdoem-me alguma imprecisão, estou certo de que a ideia é a mesma.
Todavia, continuo sem perceber as diferenças.
João Campos

domingo, setembro 04, 2005

Sem título


Ó meninos ! Então, nós somos assim tão sádicos ? É verdade que não estamos habituados a ver estas coisas na terra das oportunidades e do, enfim, êxito, agora rir daquelas lágrimas e daquela água ! Ontem, a TVI, por exemplo, dedicou mais de 20 minutos ao assunto. Isto é que se torna massacrante. Cada vez que há m... nalgum sítio pumba, pumba, pumba, lá vêm as mesmas imagens, em todos os canais, por largo tempo, durante dias, até à catástrofe seguinte. Como diz aquele tradutor, n' Os Dias da Rádio, do Woody Allen, que predicamento

Holy shit, they're being flamed! And guess what? Me too!

Não vejo televisão (para além de uma ou duas séries), e os meus 31,2 kbps não me permitem procurar muita informação na rede. Ainda assim, tenho acompanhado meia dúzia de histórias, factos e imagens da devastação que o furacão Katrina provocou nos Estados Unidos. E tenho andando divertidíssimo com o assunto. Não, não sou assim tão cold hearted bastard para não me comover com a desgraça humana daquela cidade. Tão pouco me faz rir o facto de a tragédia ter lugar nos Estados Unidos, ao contrário de toda a classe jornalística e esquerda política deste país tão triste que precisa de catástrofes naturais estrangeiras para se animar. O que me tem feito rir tem sido o facto de a Europa em geral e os portugueses em particular se terem revelado no seu mais profundo e cristalino humanismo: mesquinhos, arrogantes, invejosos, juízes sem moral e com palavras envenenadas. Pois é. Os americanos sofrem - bem feito! São eles os responsáveis pelo terrorismo, pela poluição, pelo efeito de estufa, pelo degelo, pela impotência, pela SIDA, pelos incêndios florestais em Portugal, por todas as maldades do mundo. A Terra seria indubitavelmente melhor sem os americanos - esses bastardos!
A inveja é uma coisa feia, meninos e meninas. Inevitável, bem o sei. Trabalhem. Esforcem-se. Batalhem. Tentem ser como eles, se os invejam tanto - e, se não conseguirem, morram a tentar. Mas não se riam das desgraças dos outros, nem olhem para a tragédia americana com ar tão sobranceiro e arrogante. Eles são humanos, como nós. E, como eles, a qualquer um de nós a desgraça pode bater à porta. Olhem que quem ri por útltimo...
Afinal, de que se ri em Portugal, nação iluminada onde o anti-americanismo é moda nos meios de comunicação social - blogs incluídos? Esperem, já sei. Os americanos estão a braços com uma crise tremenda, ao passo que, pela primeira vez em muitos anos:
a) Nem uma pinha ardeu nas florestas portuguesas neste Verão. Os bombeiros voluntários tiveram férias pagas;
b) A economia nacional cresce exponencialmente. Toda a gente já esqueceu a "tanga" e o "pântano". Os políticos merecem a máxima confiança, no alto da sua incorruptibilidade;
c) Os portugueses aprenderam mesmo a conduzir - a sinistralidade portuguesa apenas se deve a acasos do destino. Terminou, por fim, a hecatombe rodoviária;
d) Já não somos a nação da União Europeia com maior incidência de doenças de difícil tratamento;
e) Cada casal está a fazer filhos à maluca, e os velhos estão a morrer na idade certa para que a população activa deixe de ser uma espécie em extinção e os encargos da segurança social não levem o sistema social português à falência em poucos anos;
f) Nenhum cidadão português foge aos inpostos; os cofres do Estado estão tão cheios que o Alberto João Jardim já pediu "por favor" ao Governo para parar de mandar dinheiro para a Madeira, que a ilha não tem mais espaço para moedas de dois euros;
g) And so on. I think you got the point.
João Campos

sábado, setembro 03, 2005

31.2 Kbps

Há um mês que é a minha velocidade corrente de ligação: trinta e um vírgula dois kilobytes por segundo. Equivale mais ou menos a um euro e meio num bar: dá para beber alguma coisa, mas jamais para ficar bêbedo.
Amanhã espero estar de regresso à capital e às delícias do ADSL. OU seja: regresso em força, quer às lides blogosféricas, quer às horas de diálogo em Messenger, quer em Azeroth. Tough luck: exames logo a fechar a semana. E sem Everwood à uma da manhã. Huh. Criatividade, precisa-se!
João Campos

Final? Qual final?

Fiquei, ao ver o final de Everwood (ontem à noite, na RTP-1), desconfortavelmente dividido - gosto de finais misteriosos, mas não era preciso exagerar. Claro que, ao não decidir o final do desgraçado do Colin, tudo fica em aberto para a nova série: Continuará o milagroso médico, Andy, em Everwood, ou será crucificado por ter moto o miúdo? E Ephram, conseguirá finalmente ficar com Amy (a miúda às vezes parece enxertada em parva, mas até é amorosa)? E como ficam as coisas entre Nina e o marido? Enfim. Ficou a saber-se que Colin foi operado - e que a coisa não correu pelo melhor, a avaliar pela cara do Dr. Brown, momentos antes de o écrã escurecer e saltar para o genérico final.

Ganhei um bom motivo para dar vida à televisão e esperar que a RTP tenha a boa ideia de comprar a segunda série de Everwood. Por enquanto, e porque é preciso encher chouriços, aquele meu horário sagrado dos dias úteis vai ser ocupado por Smallville. É a adolescência de Clark Kent, aquele jornalista extraterrestre que quando tira os óculos transforma-se em Super-Homem. Isto não salva a historieta. Nunca gostei de super-heróis. E muito menos daqueles que vestem as cuecas por cima das calças.

João Campos

Há vida para além do Secundário?

Dois anos volvidos, creio poder afirmar que o curso de Jornalismo na ESCS é precisamente aquilo que esperava. Um curso com teoria de suporte para um currículo essencialmente prático. Apesar de nestes dois anos a teoria superar a prática, mas isso são detalhes. Mantenho a opinião que me fez optar pelo Politécnico em detrimento da Nova: o jornalismo enquanto profissão aprende-se na prática. A teoria apenas suporta. Não ensina o jornalismo; ensina teorias de comunicação e jornalismo, úteis para a nossa cultura geral e concreta, mas algo dispensáveis para se ser um bom jornalista.
A questão é que o Jornalismo é uma profissão muito menos criativa do que imaginava. Ao mesmo tempo que descobri o Jornalismo descobri a paixão pela escrita ficcional, o que me, ainda de modo amador, me transporta para outros mundos que o curso de Jornalismo jamais me pode oferecer. Ser jornalista implicará submeter a minha escrita aos parâmetros de redacção noticiosa, contagem de caracteres, critérios editoriais... certo, acusem-me de ingenuidade há três anos atrás.
Tenho perfeita noção de que me iria sentir mais realizado num curso vocacionado para o ensino, sobretudo ao nível do Secundário. Com o panorama actual, no entanto, mais valia eu ter acabado o 12º ano e ter-me inscrito no centro de emprego cá da região. Optei pelo Jornalismo porque me pareceu uma opção que na altura tinha tudo a ver comigo; ainda tem, mas há mais. Tenciono acabar o monstro. Não posso é garantir o que farei depois. Mas posso garantir (para desilusão da minha aldeia inteira) que não vou ser apresentador de telejornal. Sorry, folks. It's my dream, not yours.
João Campos

sexta-feira, setembro 02, 2005

A faculdade tem mais encaaaaaantuuuuu, na hora da despedidaaaaah !

Caros combloguistas:

qual é a V. opinião sobre a V. faculdade ? O vosso curso é 90% daquilo que vocês esperavam ? Outubro é esperado com gosto, desgosto ou antes pelo contrário ?

A Escola Superior de Comunicação Social dá o exemplo!

Não sei se foi o professor Madeira Correia, se terá sido a professora Alexandra Machás – embora tenha mais a ver com ele e com o seu habitual discurso de integração aos alunos do primeiro ano, acho que foi mesmo a professora que uma vez nos deu as boas-vindas, num daqueles dias típicos de regresso às aulas, em que a única metafísica a que estamos dispostos a aderir é à de tentar perceber, indignados, como é que o período de férias terminou sem que tivéssemos dado por isso. “Bem-vindos a casa!”, exclamou, acrescentando com um sorriso imenso que, nos próximos anos, a ESCS seria “a nossa segunda casa”.
Os aquecedores estão lá. E a televisãozinha no bar principal. E agora, também, mini-ecopontos (caixotes coloridos, na verdade), espalhados pelos spots de maior concentração (bares e mesas do -1), para que possamos separar o lixo – como o fazemos nos nossos lares.
Estou convencida de que saberemos dar-lhes uso. Afinal, como já se diz por aí a torto e a direito, à força de mais um daqueles anúncios da moda, “não custa nada”!
Susana

P.S. – João e Carlos, amigos, dia 3 alinhamos! (Valha-me Deus, que até me saiu uma asneira!...)

quinta-feira, setembro 01, 2005

Pôr de sol em Milfontes

'Tarantantã nã' enche barriga' ( título de uma antiga revista do P. Mayer )

O nosso povo, como todos os povos, precisa, primeiro, de barriguinha cheia, papinha, comidinha, de preferência, abundante e a tempo e horas. Esse pão pode ser, tanto no sentido real, como no figurado ( um emprego estável, por exemplo ). Sem emprego, como ter paciência para ler, ir ao cinema, interessar-se, enfim, por cultura ? Quem pode pensar em entretenimento, quando chegou nesse dia à fábrica e a encontrou fechada ?Aliás, o que é que a palavra 'cultura' dirá a quem tem o estômago a dar horas e família a sustentar ?
Uma vez criada essa basezinha, então sim, avance-se para outros vôos.
Se calhar, ainda não há lugar a um 'salvador da Pátria' ( é um conceito tremendo, que produziu as ditaduras do século passado. Agora, é tempo de aguentar ( com muita raiva, é certo ... ai, estas reportagens sobre a situação dos profes !). Terão que vir tempos mais suaves.

"é um comprimido cor de rosa, assim numa caixinha maneirinha, está a ver..?"

Curioso. No blog Causa Nossa, Vital Moreira discerne acerca dos apoios dos dois candidatos presidenciais - Soares e Cavaco Silva (não que este seja oficialmente candidato, mas é prática recorrente na comunicação social contar com o ovo no cu da galinha). Segundo VM, Soares conta com apoios nas áreas "da cultura, das artes, da literatura, da ciência, do trabalho", ao passo que Cavaco reunirá mais simpatias entre "empresários e gestores".
Miguel, n'O Insurgente, diz e bem que, nesse caso, os apoios de Soares são "consumidores" de subsídios", enquanto os de Cavaco são "geradores de riqueza". É um bom ponto de vista. E, se opomos as duas áreas, creio que a única pergunta que emerge será de que precisa o nosso país afinal - de cultura ou de riqueza?
Um país que lê pouco (e o pouco que lê é de qualidade discutível), foge do cinema português como o diabo da cruz, não vai ao teatro, não liga a ciência que não seja mencionada nos "Morangos com Açúcar" e não quer um trabalho mas um emprego precisa de Soares e dos seus "cavaleiros"? E um país sem dinheiro para comprar livros, ir ao cinema, ir ao teatro e pagar a televisão por cabo para ter programas minimamente decentes, precisará de Cavaco e dos seus "paladinos"?
First tings first, please.
João Campos